segunda-feira, 6 de outubro de 2014

O que devemos aprender com a liderança de Luciana Genro diante dos nanicos?

genro
Você acha que existe de alguma forma um “segredo” para vitória em termos políticos? Não, não existe. Posso lhe garantir que não há uma fórmula mágica para vencer na política. A não ser que você esteja procurando auto-ajuda enganosa, o que me recuso a fazer.

Mas posso lhe assegurar que existem receitas para se aumentar consideravelmente as chances de sucesso, assim como para reduzi-las. Nada do que falo aqui serve para “garantir vitória”, mas para aumentar as chances de sucesso de alguém na guerra política.

Quando víamos os resultados das eleições presidenciais na reta final da apuração ontem, 5/10, em quarto lugar aparecia Luciana Genro, com 1,60% dos votos, o que é quase nada diante dos votos de Aécio, Dilma e Marina (sendo que os dois primeiros foram para o segundo turno). Todavia o resultado foi muito melhor do que os demais nanicos. Veja:
Segundo a apuração parcial, Luciana Genro tinha 1.612.153 votos (1,55%), seguida de Pastor Everaldo (PSC), com 780.424 (0,75%); Eduardo Jorge (PV), com 630.083 (0,61%); Levy Fidelix (PRTB), com 446,853 (0,43%); Zé Maria (PSTU), com 91.207 (0,09%); Eymael (PSDC), com 61.249 (0,06%); Mauro Iasi (PCB), com 47.841 (0,05%); e Rui Costa Pimenta (PCO), com 12.323 (0,01%).
Agora relembremos o que dizia minha avaliação do debate da Globo de 02/10, que eu publiquei algumas horas depois, já em 03/10:
Dos nanicos, Luciana Genro é um espetáculo. Simplesmente não há a menor base de comparação com os outros candidatos nanicos. E olhe que todas as propostas dela são um lixo bem fétido. Como esperado, ela também fez escada para Dilma logo na introdução do debate, ao perguntar sobre corrupção, dizendo que se o PT fez corrupção “é por alianças com a direita”. Ou seja, os esquerdistas são anjos que se corrompem ao visitar o inferno, onde estão os direitistas. O problema seria ela explicar como a filha de Hugo Chavez tem 800 milhões de dólares no exterior, e como a fortuna de Cristina Kirchner cresceu 687% na Argentina. Mas falemos do aspecto técnico: em termos de guerra política, em linhas gerais, ela é extremamente competente, usando recursos como polarização, retórica de conflito, lançamento de culpas, shaming, a técnica da metralhadora e até encenações teatrais. Se fosse apenas pela técnica de guerra política, eu a definiria como a vencedora do debate, mas suas propostas vazias e a falta de foco a atrapalharam. Num cômputo geral, ela ficaria em segundo lugar, atrás de Aécio.
Um leitor disse que ela beirava o patético, “com aquela cabeleira centrífuga (em rota de fuga da cabeça dela), parecendo aquela boneca de pano ou trapo, Emília, do Sítio do Pica Pau Amarelo”. Mas ainda pior eram suas propostas, como já ressaltei. Mas ela jogou o jogo direitinho, mesmo sabendo que no máximo seria uma linha auxiliar do PT (tanto que irá apoiar os bolivarianos no segundo turno).

Peço que revejam os vídeos de debates de Luciana nessas eleições e avalie o desempenho: quase sempre ela se destaca (e os resultados das urnas estão aí), por ser assertiva, mostrar convicção no que diz, apelar ao coração e, principalmente, por ficar no ataque o tempo todo. Como sempre, ela demonstra indignação com o estado atual das coisas, e, durante seus ataques, não se esquece de lançar shaming sobre opositores.

Enquanto isso, Pastor Everaldo, que chegou a ter 3% a 4% na fase inicial de sua candidatura, concluiu com 0,75%. No mínimo decepcionante. Basicamente, ele brilhou nos debates apenas nos momentos em que fez dobradinha com Aécio Neves, nas acusações de corrupção contra o governo. Mas convenhamos que brilhar nesta questão é uma moleza. Mas faltou a ele tato para jogar o jogo político na mesma dimensão que fez Luciana.

A grande lição que fica deste primeiro turno é que jogar a guerra política é uma opção que praticamente significa responder afirmativamente a questão “quero aumentar decididamente minhas chances de ganhar, ou ao menos aumentar meu capital político de acordo com minhas possibilidades reais”? Luciana Genro respondeu afirmativamente à essa questão. Nenhum dos demais nanicos fez isso.

Por isso, mantenho o que vinha dizendo: ao mesmo tempo em que manifesto desprezo pelas propostas de Luciana (uma mais demente que a outra), parabenizo-a por jogar a guerra política.

Do nosso lado, devemos cada vez mais pressionar os partidos para que qualquer candidato de direita ou centro, seja focado em ganhar a eleição ou apenas para ser uma linha auxiliar de outro (como foi Luciana), entre com os princípios da guerra política em mente.

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