Em audiência pública nesta quarta, na Comissão de Agricultura da
Câmara, o ministro do Desenvolvimento Agrário, Miguel Rossetto, foi alvo
de críticas da oposição em função do acordo celebrado entre o governo
da Venezuela com o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST). O
ministro falou também de denúncias de desvios no Programa Nacional de
Agricultura Familiar (Pronaf), e reconheceu que há problemas graves
localizados nessa política.
O líder do DEM, Ronaldo Caiado (GO), centrou sua participação na
condenação do acordo dos venezuelanos com o MST. Ele chegou a exibir um
vídeo com pronunciamentos do presidente daquele país, Nicolás Maduro, no
qual fala sobre as boas relações com o governo brasileiro, e depois
mostrou o ato de assinatura do tal acordo com os sem-terra, assinado no
Brasil com autoridades venezuelanas. —
Este assunto está sendo acompanhado pelo Itamaraty. O Ministério do
Desenvolvimento Agrário desconhece esse assunto - disse Miguel Rossetto.
Irritado, Caiado afirmou que no governo do PT é sempre assim, nunca se sabe de nada. — Que tipo de acordo é possível se fazer com um país como a Venezuela? Só se for de produção de cocaína. Porque direitos humanos não é. Eles não respeitam isso lá. Lá, os defensores do governo Maduro saem em motocicletas atirando contra os opositores. A não ser que seja para dividir conhecimento.
E aqui o MST invade terras. Eles são referência da truculência. E no Brasil, temos um governo que se reelegeu na base da mentira, do não sabe de nada - disse Ronaldo Caiado, que anunciou uma ação na Procuradoria Geral da República por crime de responsabilidade contra o ministro por, segundo o parlamentar, ocultar graves ameaças que podem significar esse acordo.
Miguel Rossetto falou das denúncias de irregularidades no Pronaf na
região de Santa Cruz do Sul, no Rio Grande do Sul. Na véspera da
eleição, no dia 2 de outubro, o procurador-geral da República, Rodrigo
Janot, determinou a suspensão de uma operação da Polícia Federal na
cidade, que teria apreensões de documentos. O deputado federal Bohn Gass
(PT-RS) foi citado como possível envolvido. Rossetto considerou grave
as denúncias, disse que a investigação está sendo feito por Polícia
Federal, pelo Banco do Brasil e pelo ministério.
A denúncia é que
dezenas de pequenos trabalhadores rurais apareceram como pegadores de
empréstimo rural, recursos que teriam sido repassados a cooperativas e
entidades. Mas esses trabalhadores negam que tenham contraído essa
dívida. Segundo a oposição, foram registrados até casos de suicídios de
agricultores que se encontravam nessa situação. — A denúncia é grave e está sendo apurada. Um programa dessa dimensão
sofre ataques isolados como esse. Estamos fazendo um acompanhamento
rigoroso. Nenhuma denúncia foi até agora comprovada - disse Rossetto.(Globo)
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