quinta-feira, 13 de novembro de 2014
Uma auditoria do Tribunal de Contas da União (TCU) chegou à conclusão
de que se forem descontadas as manobras fiscais o governo registrou
déficit primário no ano de 2013. Os técnicos retiraram do resultado
positivo apresentado receitas atípicas e despesas que foram empurradas
para restos a pagar e estimaram a ocorrência de um déficit de R$ 43,3
bilhões, o equivalente a 0,9% do Produto Interno Bruto (PIB). A
contabilidade oficial do governo registrou um superávit de R$ 77
bilhões, 1,59% do PIB.
“Os números obtidos demonstram que, sem os instrumentos utilizados, a
meta fiscal não teria sido alcançada em 2013. Usando os valores
publicados pelo Tesouro Nacional, constata-se um resultado primário
convencional de R$ 77.072 milhões, equivalente a 1,59% do PIB, enquanto o
resultado primário ajustado foi negativo de R$ 43.318,4 milhões, ou
igual a -0,9% do PIB”, concluíram os técnicos.
Os
técnicos citam como algumas das manobras para inflar as receitas os
dividendos e juros sobre capital próprio transferidos pelo BNDES e pela
Caixa Econômica Federal. Afirmam que estas operações estariam
“aparentemente” em desacordo com o arcabouço legal. O total de receitas
atípicas chegou a R$ 47,7 bilhões no ano passado.
Em relação aos restos a pagar, observam o crescimento ano após ano.
Em 2012 foram inscritos R$ 116,2 bilhões para o ano seguinte. Em 2013
ficaram pendentes de pagamento despesas de R$ 134,8 bilhões. Descontados
os valores pagos e cancelados, o tribunal chegou a conclusão de que o
desembolso primário que deveria ter sido realizado em 2013 relativo a
esses restos a pagar seria de R$ 72,6 bilhões.
Apesar dos achados da auditoria, o acórdão aprovado pelos ministros
não prevê qualquer punição nem recomendação à área econômica do governo.
Os ministros decidiram apenas encaminhar o estudo aos órgão do governo e
ao Congresso.
Em seu relatório, o ministro Raimundo Carreiro anotou a necessidade
de uma definição legal de uma metodologia de apuração do superávit
primário para o atendimento da Lei de Responsabilidade Fiscal. Afirmou
que apesar de a metodologia adotada atualmente pelo Banco Central ser
aceitada internacionalmente ela dificultaria o acompanhamento e afeta a
credibilidade das informações. (O Globo)
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