27/11/2014 20h56
SOS Mata Atlântica faz expedição para avaliar situação do rio.
Espuma branca cobre o rio Tietê no trecho de Salto (Foto: Malu Ribeiro / SOS Mata Atlântica)
"A espuma é comum no rio Tietê, por causa dos elementos que já existem na água. Só que essa espuma é diferente, não veio em flocos, é mais densa. É como uma nata que cobriu completamente o rio", conta a ambientalista, admirada com o fenômeno.
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Apesar da imagem diferente, Malu afirma que a espuma é menos
prejudicial à natureza do que a água preta. "Aquela mancha preta baixou o
nível de oxigênio na água a quase zero. A gente chegou a ver muitos
peixes com a boca fora da água tentando respirar. De certa forma, essa
espuma significa que já voltou a ter oxigênio na água, porque a gente
não vê mais essa cena", explica.Uma moradora que mandou fotos pelo aplicativo TEM Você durante a manhã também notou a mudança no leito do rio no fim da tarde. "Normal não está, o rio é sempre sujo, né?! Mas está quase igual aos outros dias", relata Rafaela Paes.
Uma equipe do SOS Mata Atlântica faz uma expedição pelo rio para avaliar a situação da mancha escura. Segundo a coordenadora, no momento, a água preta passa pelo trecho do rio que pertence ao município de Porto Feliz (SP).
Fenômeno natural
Por meio de nota, a Cetesb informou que técnicos vistoriaram diversos trechos do rio Tietê ao longo do dia e constataram que a alteração na coloração da água se deve a um fenômeno natural. As fortes chuvas teriam carregado resíduos do solo de afluentes e do próprio leito do rio.
Ainda de acordo com a companhia, esse é um fenômeno comum quando ocorrem chuvas intensas, principalmente após longos períodos de estiagem. A Cetesb informou ainda que, durante as últimas vistorias, já no período da tarde, as águas estavam menos turvas.
Peixes subiram pelo canal de esgoto e chegaram à terra
No bairro de São Pedro e São Paulo, ainda em Salto, um morador registrou centenas de peixes mortos na terra, às margens do rio Tietê.
Segundo ele, os animais pareciam tentar escapar da água preta. "Eles tentaram subir pelo canalzinho do esgoto. Nunca vi isso, parecia que queriam fugir do rio", relatou Antônio Milton do Nascimento.
Antônio afirma ainda que ficou assustado com a quantidade de peixes mortos. "É muito peixe, e peixes grandes. São mais que centenas. Dá dó de ver", lamentou o morador.
Entenda o Caso
Internautas enviaram fotos e vídeos à redação do G1 nesta quinta-feira que mostram uma "água preta" no trecho do rio Tietê, em Salto. O registro foi feito na manhã desta quinta-feira por moradores que passaram pelo local.
Segundo a internauta Rafaela Paes, que trabalha em uma agência de turismo em frente ao rio, o susto foi grande. "A água estava parecendo piche, asfalto derretido. Muito feia a situação", conta.
Internauta registrou "água preta" no trecho do rio Tietê em Salto
Rio Tietê em outro dia com a água limpa
Apesar de propaganda estadual, despoluição do rio Tietê ainda está longe de ser concluída
Relatório constatou que a parte do
rio considerada morta – quando há apenas de 0 a 2 mg de oxigênio por
litro – foi reduzida em 70%, mas ainda há muito a ser feito
por Redação RBA
publicado
23/09/2014 15:23
Ausência de políticas públicas de saneamento básico resulta em grande carga poluidora e em problema social
São Paulo – Duas décadas já se passaram desde a
petição pública para a despoluição do rio Tietê, feita no início dos
anos 1990. O projeto avançou nos últimos anos, mas há ainda muito a ser
feito até que o rio possa ser considerado limpo, segundo explica a
coordenadora da Rede das Águas da fundação SOS Mata Atlântica, Malu
Ribeiro.
“Infelizmente, quando se vendeu a ideia da despoluição do rio Tietê, se vendeu uma falsa premissa de que, em um curto espaço de tempo, o governo paulista iria conseguir despoluir o rio.
Em nenhum país do mundo a despoluição de rios é rápida ou foi rápida.” Malu garante que, para completar o processo em algumas décadas, ainda será necessário grande investimento financeiro e tecnológico e também em políticas sociais de saneamento básico.
A fundação elaborou um relatório sobre a qualidade da água e a evolução parcial dos indicadores de impacto do projeto Tietê, que concluiu que a parte do rio considerada morta – quando há apenas de 0 a 2 mg de oxigênio por litro – foi reduzida em 70%. No entanto, o Tietê permanece completamente morto em um trecho de 71 quilômetros, que vai de Guarulhos até Pirapora do Bom Jesus.
A pesquisa é resultado do monitoramento da qualidade dos rios das bacias hidrográficas do Alto e Médio Tietê, que abrangem 68 municípios paulistas, em um trecho de 576 quilômetros. No total, 82 pontos foram analisados entre setembro de 2013 e setembro de 2014.
Na visão de Malu, um dos principais desafios ainda enfrentados pelo processo de despoluição no estado de São Paulo é a falta de políticas públicas de saneamento básico para parte da população. Ela afirma que hoje, uma parcela de paulistas vive à margem de serviços essenciais, como acesso a água tratada e coleta de esgoto. “Essas pessoas moram em áreas irregulares, sem infraestrutura, e isso resulta em uma grande carga poluidora e em um enorme problema social e ambiental.”
O atual sistema de saneamento básico brasileiro não concentra as funções em uma só esfera de poder – nacional, estadual ou municipal. A coordenadora da SOS Mata Atlântica destaca que a pluralidade de agentes representa também outra dificuldade para se desenvolver políticas públicas específicas e eficientes de despoluição.
Malu ainda lembra que a Lei de Saneamento nacional permite que o processo seja realizado ora pelo estado, ora por municípios e até mesmo por municípios que privatizaram seus serviços ou que fizeram a concessão do serviço de tratamento de esgoto ou do tratamento de água.
“Infelizmente, quando se vendeu a ideia da despoluição do rio Tietê, se vendeu uma falsa premissa de que, em um curto espaço de tempo, o governo paulista iria conseguir despoluir o rio.
Em nenhum país do mundo a despoluição de rios é rápida ou foi rápida.” Malu garante que, para completar o processo em algumas décadas, ainda será necessário grande investimento financeiro e tecnológico e também em políticas sociais de saneamento básico.
A fundação elaborou um relatório sobre a qualidade da água e a evolução parcial dos indicadores de impacto do projeto Tietê, que concluiu que a parte do rio considerada morta – quando há apenas de 0 a 2 mg de oxigênio por litro – foi reduzida em 70%. No entanto, o Tietê permanece completamente morto em um trecho de 71 quilômetros, que vai de Guarulhos até Pirapora do Bom Jesus.
A pesquisa é resultado do monitoramento da qualidade dos rios das bacias hidrográficas do Alto e Médio Tietê, que abrangem 68 municípios paulistas, em um trecho de 576 quilômetros. No total, 82 pontos foram analisados entre setembro de 2013 e setembro de 2014.
Na visão de Malu, um dos principais desafios ainda enfrentados pelo processo de despoluição no estado de São Paulo é a falta de políticas públicas de saneamento básico para parte da população. Ela afirma que hoje, uma parcela de paulistas vive à margem de serviços essenciais, como acesso a água tratada e coleta de esgoto. “Essas pessoas moram em áreas irregulares, sem infraestrutura, e isso resulta em uma grande carga poluidora e em um enorme problema social e ambiental.”
O atual sistema de saneamento básico brasileiro não concentra as funções em uma só esfera de poder – nacional, estadual ou municipal. A coordenadora da SOS Mata Atlântica destaca que a pluralidade de agentes representa também outra dificuldade para se desenvolver políticas públicas específicas e eficientes de despoluição.
Malu ainda lembra que a Lei de Saneamento nacional permite que o processo seja realizado ora pelo estado, ora por municípios e até mesmo por municípios que privatizaram seus serviços ou que fizeram a concessão do serviço de tratamento de esgoto ou do tratamento de água.
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