É claro que em se tratando de PT sempre temos que avaliar os sofisticados jogos políticos envolvidos nas armadilhas que o partido lança aqui e ali. Um partido tão ardiloso e “escolado” para projetos de poder não iria cometer o deslize de indicar Kátia Abreu sem um motivo em mente.
Mas a própria arquitetura de reação dos movimentos sociais já entrega o jogo: Kátia Abreu pode até ser indicada como Ministra da Agricultura, sendo a reação dos coletivos não-eleitos do partido apenas parte da jogada.
Como pode ser isso?
O fato é que o projeto do PT é bem focado: obter o poder totalitário através de medidas como censura de mídia, decreto 8243 e coisas do tipo.
Este tipo de “indicação” do PT poderia mostrar ao PMDB que os petralhas estariam dispostos a irritar seus coletivos não-eleitos. Com isso, reduziriam atrito com o PMDB.
Aliás, o PT acabou de fazer uma manobra (liderada pelo senador Vital do Rêgo, do PMDB) para adiar a votação pelo Senado da anulação do decreto 8243. Enquanto isso, o pessoal das manifestações que pede duas demandas (e duas demandas apenas, que são “anulação da eleições” e “impeachment de Dilma”) nem percebeu essa manobra. Como sempre, cada batalhão tem seu foco.
Mudando um pouco de assunto (mas ainda na mesma abordagem), o nível de jogo do PT é tanto que eles não tem pudor de fazer campanha dizendo: “E se Dilma sair, entra quem? Michel Temer?”
Ué, que partidinho é esse que diz que seus vices não prestam? Mas provavelmente é tudo combinado entre eles…
Agora voltemos ao caso Kátia Abreu: onde entram os coletivos não-eleitos do PT, todos irritados com a ruralista?
Simples: os coletivos não-eleitos tem a função de sair às ruas para protestar demandando coisas como censura de mídia, assembléia constituinte e manutenção do decreto 8243. Como estarão mais irritados do que o normal, por causa da indicação de Kátia Abreu, terão mais ânimo para se manifestarem, pedindo as demandas… que mais interessam ao próprio PT.
Em outras palavras, o PT nomearia Kátia Abreu (ou apenas ameaçaria fazê-lo) para incendiar os ânimos de seus coletivos não-eleitos, para que estes coletivos não-eleitos ajudassem o PT a avançar em suas demandas preferidas.
Além disso, o PT consegue, com sua simulada indecisão para nomear ministros (e eles estão achando que eu nasci ontem), povoar as manchetes com outros assuntos além das investigações sobre corrupção.
Mas é claro que alguns podem questionar: “Luciano, de novo você nos fala de um maquiavelismo do PT. Não é melhor acreditar que estão sendo ingênuos desta vez?”.
Assim seja, pois aqui temos tese e antítese. Sendo assim, que tal acompanharmos os próximos passos e as próximas reações (e demandas) dos coletivos não-eleitos?
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