sexta-feira, 28 de novembro de 2014

Gilberto Carvalho, temendo o desemprego, entra no ramo da comédia

27/11/2014
às 16:37


Danilo Gentili que se cuide! Outros grandes do stand up ponham as barbas de molho. O meu amigo Carioca, o maior humorista e imitador do Brasil — porque bem informado, o que faz toda a diferença —, que se prepare para a batalha. Eduardo Sterblitch, que conferiu método ao nonsense, não mais dormirá em paz. Há um novo competidor na praça. Perto de ficar desempregado, o ministro Gilberto Carvalho, secretário-geral da Presidência, está no mercado. Depois de ter respondido por alguns dos maiores desastres do governo Dilma, ele resolveu entrar no ramo da graça. Agora ele decidiu ser piadista.


Vamos ver. O modelo tipicamente petista para a economia produz inflação no teto da meta, juros cavalares de 11,25% ao ano, déficit na balança comercial, déficit em transações correntes, déficit no governo central e déficit nas contas públicas. Não só isso: ainda que a estatal não tivesse sido vítima de um assalto organizado, os companheiros teriam levado a Petrobras, a maior empresa do país, à beira do abismo, uma vez que usaram o preço dos combustíveis para fazer política econômica das mais vagabundas.


O sistema tributário brasileiro virou um samba-do-petismo-doido, com um festival de desonerações e incentivos que não conseguiram impedir que a indústria vivesse o pior momento de sua história. O país está de mãos atadas, preso a um Mercosul que virou um fardo. O modelo petista, em suma, tem, em razão da conjuntura internacional, um breve passado de atenuação da miséria — chamar o modelo de “distribuição de renda” é mais do que falta de rigor técnico; é falta de vergonha na cara — e não tem futuro nenhum.


Com a falência do modelo petista, revelada pela saída melancólica do ministro Guido Mantega, Dilma teve de chamar aquele que os petistas e as esquerdas no geral consideravam o satã de um tal “neoliberalismo”, uma corrente de pensamento econômico inventada pela mente perturbada de esquerdistas. Seu nome é Joaquim Levy, oficializado hoje como futuro ministro da Fazenda e homem da transição. A presidente fará a transição de Dilma para Dilma, e Levy prepara o terreno para a posse de Levy. 


A concorrência no mundo da comédia é grande. Mesmo os humoristas a favor — uma categoria asquerosamente crescente no Brasil — acabarão enfrentando dificuldades. Mas sigamos.
Nesta quinta, vendo-se na contingência de explicar o nome de Levy como ministro da Fazenda, afirmou o comediante involuntário Gilberto Carvalho: “Sinceramente só vejo com bons olhos a nomeação do Levy. E é evidente que, ao aceitar ser ministro desse projeto, ele está aderindo a esse projeto e à filosofia econômica desse projeto. O nome dele é importante porque, pela trajetória dele, ele traz uma credibilidade, ele contribui com o nosso projeto”.


Uau! É verdade! Então podemos esperar de Levy um modelo que produza déficits crescentes, que fraude a Lei de Diretrizes Orçamentárias, que faça os gastos subir a um ritmo muito superior à arrecadação, que avance no caixa como se não houvesse amanhã, que capte dinheiro no mercado a 11,25% ao ano para emprestar a alguns nababos a 5%. Já cheguei a achar que Carvalho não batesse bem dos pinos. Hoje, me vi tentado a ter a certeza disso. Mas não! Como diria Polônio, a personagem de Hamlet, de Shakespeare, não se trata de loucura, mas de método.


Segundo a metafísica campanheira, tudo cabe no PT: uma tese e também o seu contrário. Imaginem Aécio vitorioso e se vendo obrigado a reajustar os combustíveis e a tarifa de energia elétrica, elevando a taxa de juros, anunciando, adicionalmente a diminuição do papel do BNDES na economia… É claro que os petistas botariam o bloco na rua, não é mesmo? Como são eles a implementar tais medidas, então estas passam a ser legítimas e encaradas como progressistas.
Não me espanta que essa gente trate corruptos comprovados como “heróis do povo brasileiro”.


Por Reinaldo Azevedo

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