A auditoria interna da Petrobrás reconheceu a responsabilidade do
ex-presidente da estatal, José Sérgio Gabrielli, e dos ex-diretores
Paulo Roberto Costa e Nestor Cerveró nas irregularidades relacionadas à
compra da refinaria de Pasadena, no Texas, em 2006. Também foram
responsabilizados outros dez ex-funcionários da estatal e mais dois
executivos estrangeiros, vinculados à empresa belga Astra Oil, ex-sócia
da Petrobrás na refinaria de Pasadena.
Os
executivos foram citados em uma relação de funcionários e
ex-funcionários envolvidos com as denúncias de corrupção investigadas
pela auditoria da estatal. O relatório foi apresentado aos integrantes
do Conselho de Administração da estatal na última sexta-feira, após oito
meses de apurações.
A compra da refinaria de Pasadena foi finalizada em 2012. O
negócio começou a ser investigado em 2013 pelo Ministério Público junto
ao Tribunal de Contas da União (TCU) com base em reportagem do Estado
que revelou a discrepância entre o valor pago pela empresa belga Astra
pela refinaria, em 2005, e o desembolso total efetuado pela Petrobrás
pelo empreendimento. Em julho deste ano, o TCU apontou que a negociação
causou prejuízo de US$ 792 milhões à estatal.
Também foram apresentados relatórios de duas outras auditorias
internas, referentes às obras da Refinaria Abreu e Lima (Rnest) e do
Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj). Nessas obras,
gerentes e executivos de subsidiárias da Petrobrás teriam participado de
irregularidades apontadas pelas auditorias.
Ao menos oito funcionários que ainda trabalham na estatal
foram relacionados em uma lista de responsáveis que serão alvo de
processo administrativo da companhia, conforme apurou o Broadcast, serviço de notícias em tempo real da Agência Estado, com
fontes próximas ao conselho da Petrobrás. "Foi apresentado uma relação
de nomes de envolvidos. Tem muita gente da ativa envolvida, gerentes,
executivos de subsidiárias", informou a fonte, que pediu anonimato.
A partir de agora eles serão alvo de processo punitivo e
poderão ser exonerados dos cargos executivos. Os relatórios produzidos
pela companhia serão encaminhados à Polícia Federal e ao Ministério
Público Federal, e poderão embasar ações judiciais contra os executivos e
ex-funcionários.
A companhia definiu que irá buscar o ressarcimento dos
prejuízos causados pelos desvios e atos de corrupção de seus
funcionários e ex-funcionários. Entretanto, até o momento, não há
qualquer processo aberto ou decisão pela abertura de ações contra os
executivos citados nos relatórios.
O ex-presidente da Petrobrás José Sérgio Gabrielli e o
ex-diretor Internacional da empresa Nestor Cerveró ainda não foram
informados sobre o relatório das auditorias em que são
responsabilizados, juntamente com outros 13 funcionários, por prejuízos
com a compra de Pasadena. "A Petrobrás não me comunicou nada. Geralmente, as decisões do
conselho são publicadas em fato relevante. Essa não foi. Não sei o que
foi decidido, então não posso comentar", disse Gabrielli ao Broadcast.
Já o advogado de Cerveró, Edson Ribeiro, atribui qualquer
responsabilidade por prejuízos com Pasadena ao conselho de administração
da empresa, que, na época da compra da refinaria texana era presidido
pela presidente da República, Dilma Rousseff. "Essa decisão interna
segue a mesma linha que a do Tribunal de Contas da União, que
responsabilizou a diretoria e não o conselho, como prevê o estatuto
social da empresa. Estão rasgando o estatuto", afirmou Ribeiro. (Estadão)
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