segunda-feira, 17 de novembro de 2014

Para aliados e oposição, permanência de Foster na Petrobras é insustentável


Apesar de as denúncias da Polícia Federal citarem somente ex-diretores da Petrobras, aliados governistas e a oposição acreditam que diretoria teria de ser trocada para a empresa voltar a crescer



 Correio Braziliense

Publicação: 17/11/2014 06:11 Atualização: 17/11/2014 06:28

Maria das Graças Foster durante depoimento à CPMI da Petrobras no Congresso: saída da presidente da estatal seria para 'limpar a área' (Evaristo Sa/AFP)
Maria das Graças Foster durante depoimento à CPMI da Petrobras no Congresso: saída da presidente da estatal seria para "limpar a área"


A sucessão de denúncias de corrupção e notícias desastrosas mostrando queda das ações nas bolsas de valores e investigações abertas contra a estatal nos Estados Unidos e na Holanda aumentam as pressões sobre a atual diretoria da Petrobras, comandada por Graça Foster.


Mesmo que as prisões e as acusações de superfaturamento e pagamento de propina estejam envolvendo, pelo menos até o momento, integrantes da diretoria anterior à atual, analistas e aliados do Planalto defendem a troca da equipe que comanda a estatal, como uma “maneira de limpar a área”.

 
 
Aliados da presidente Dilma admitem a fragilidade de Graça Foster nesse momento. Apesar de um aumento na produção mensal de barris em outubro — foram 2,79 milhões de barris de óleo equivalente por dia (boed), informado pela própria empresa na terça-feira, 11 de novembro —, a Petrobras patina por causa da crise que se instalou na empresa a partir da deflagração da Operação Lava-Jato. “As pessoas estão com medo de assinar papéis, está complicado abrir novas licitações. A empresa está na maior crise dos últimos 50 anos”, confirmou um parlamentar com experiência no setor.

Isso acaba por refletir economicamente na estatal e, segundo analistas políticos e econômicos, Graça Foster tem encontrado dificuldades para se livrar da “nuvem negra” que paira sobre a Petrobras. As ações caíram 2,94% na última sexta-feira, dia em que a Polícia Federal deflagrou a sétima etapa da Operação Lava-Jato, levando à prisão 21 executivos das principais empreiteiras do país que tinham contratos com a estatal.



Quando o pregão abriu, a queda era de 5% após os dois fatos relevantes divulgados pela estatal para explicar o adiamento, por um mês, da publicação do balanço do terceiro trimestre. As notícias econômicas ruins não param de se acumular. “Se o preço do petróleo não se recuperar no cenário internacional, a exploração do pré-sal poderá tornar-se inviável”, vaticinou um parlamentar com bom trânsito na área. O mesmo parlamentar lembrou as investigações contra a Petrobras pelos órgãos reguladores americanos. “Se não tomarmos cuidado, eles (os americanos) podem suspender a negociações das ações da estatal na Bolsa de Valores de lá”, preocupa-se o aliado do governo.

Até o momento, a presidente Dilma Rousseff não fez qualquer menção a possíveis trocas no atual comando da Petrobras. Graças Foster e os demais diretores foram nomeados no início de 2012, substituindo justamente a gestão que trazia Renato Duque e Paulo Roberto Costa no corpo diretor — o primeiro foi preso na última sexta-feira e o segundo está em prisão domiciliar após um acordo de delação premiada com o Ministério Público.

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