terça-feira, 18 de novembro de 2014
Cosenza (à esquerda) estava ao lado de Graça Foster na coletiva de ontem: acusado por três delatores.
O delegado da Polícia Federal Agnaldo Mendonça Alves afirmou no último
final de semana, durante a tomada de depoimento de três executivos de
empreiteiras presos na Operação Lava Jato, que delatores implicaram o
atual diretor de Abastecimento da Petrobras, José Carlos Cosenza, em
supostos recebimentos de "comissões" ligadas a contratos da estatal.
Cosenza participou nesta segunda (17) no Rio, ao lado da presidente da
companhia, Graça Foster, de uma conferência promovida pela Petrobras
para divulgação de dados operacionais da estatal.
Segundo os depoimentos, o delegado fez a seguinte indagação ao
ex-presidente da Queiroz Galvão Ildefonso Colares Filho, um dos presos
na sexta (14): "Paulo Roberto e Alberto Youssef mencionaram o pagamento
de comissões pelas empreiteiras que mantinham contratos com a Petrobras
para si, para os diretores [Renato] Duque, [Nestor] Cerveró e Cosenza e
para agentes políticos. O sr. confirma essa informação?". Ele negou.
Costa foi diretor de Abastecimento da Petrobras e confessou ter contas
no exterior com dinheiro de propina e Youssef é o doleiro que operava
uma série de empresas de fachada para pagamentos a políticos. Ambos
fecharam acordo de delação premiada na Operação Lava Jato. A mesma
pergunta, com variações, foi feita ao executivo Carlos Eduardo
Strauch Albero e Newton Prado Júnior, ambos da Engevix. Eles também
negaram ter conhecimento dos pagamentos.
O executivo Othon Zonaide de Moraes Filho, da Queiroz Galvão, negou
saber de propinas a Cosenza ou outros servidores. Disse que conhecia
Cosenza porque ele costumava acompanhar Paulo Roberto Costa em reuniões
na petroleira, um relacionamento que ele caracterizou como "estritamente
profissional".
Procurada pela Folha, a assessoria da Petrobras disse: "O diretor
de Abastecimento da Petrobras, José Carlos Cosenza, nega,
veementemente, as imputações de que tenha recebido comissões' de
empreiteiras contratadas pela Petrobras, ao tempo que reafirma que
jamais teve contato com Alberto Youssef".
À PF o executivo Albero disse que conheceu Youssef no final de 2013,
quando o doleiro foi ao escritório da companhia para falar com os
sócios-proprietários. Depois, em data que não cita, disse ter ido "entregar um envelope" para
Youssef a pedido "da alta direção da empresa" Engevix. Os empresários
negaram ter pago propinas e negaram ter conhecimento de um "clube"
formado por empreiteiras.
Há 38 anos na Petrobras, José Carlos Cosenza é formado em engenharia
química. Começou a carreira como estagiário na Refinaria Alberto
Pasqualini. Passou por outras refinarias até presidir a estatal na
Argentina e Uruguai. Em 2007, quando a Petrobras comprou a refinaria de Pasadena, Cosenza foi
chamado para modernizar a unidade. A obra nunca saiu do papel. Em 2012,
com a saída de Costa, Graça Foster o nomeou para o Abastecimento.(Folha de São Paulo)
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