O mesmo Janene que figurou como pivô do esquema operado por Marcos Valério é acusado de ter uma conta conjunta com e pelo próprio Paulo Roberto Costa.
O doleiro Alberto Youssef, investigado pela operação Lava Jato, confirmou, em depoimento à Justiça Federal, o elo entre o mensalão do PT e o esquema de corrupção da Petrobras.
Ele afirmou que possuía uma conta conjunta com o ex-deputado José
Janene (PP-PR) e que repassava valores a agentes públicos e políticos
com a ajuda de outro doleiro, Carlos Habib Chater. O dinheiro tinha
origem no comissionamento de empreiteiras, decorrente de propinas.
“Tudo o que o seo Janene precisava de recursos ele pedia a mim e eu disponibilizava”, contou Youssef. “Às vezes essa conta ficava negativa, às vezes ficava positiva. Na verdade nessa conta também ia recurso para outras pessoas, não que eu administrasse os recursos dessas outras pessoas, mas eu via esse caixa como caixa do partido, o Partido Progressista.”
No Mensalão, escândalo de 2005 que
envolveu diversos integrantes do governo do então presidente Lula,
membros do PT compravam votos de parlamentares do Congresso Nacional
– por cerca de R$ 30 mil mensais — para que eles votassem de acordo com
suas orientações. José Dirceu, então ministro da Casa Civil, foi
apontado como chefe do esquema, enquanto Delúbio Soares era responsável
por efetuar os pagamentos. Janene, falecido em 2010, liderava o PP na
Câmara dos Deputados e foi apontado como destinatário de ao menos R$ 4,1
milhões do esquema operado pelo publicitário Marcos Valério.
A operação Lava Jato, por sua vez, foi
deflagrada no dia 17 de março de 2014 e, segundo estimativas, movimentou
aproximadamente R$ 10 bilhões com um esquema de lavagem de dinheiro e
evasão de divisas. Os suspeitos trabalhavam com pessoas físicas e
jurídicas e praticavam, entre os crimes, estão corrupção de agentes
públicos, sonegação fiscal e desvios de recursos públicos. Os dois
principais suspeitos, Alberto Youssef e Paulo Roberto Costa, fizeram
acordo para delação premiada e já acusaram diversos governadores,
senadores e deputados de receberem propina vinda dos desvios.
Nesse terça-feira, o ministro Augusto Nardes, presidente do Tribunal de Contas da União, disse que alertara o governo dos desvios na Petrobras.
Também segundo ele, as apurações de irregularidades na Petrobras são “o
maior escândalo da história do TCU”. O tribunal quer ouvir a estatal e
seus gestores sobre irregularidades na obra do COMPERJ. Eles querem explicações para contratos na ordem de US$ 7,6 bilhõese sem licitação firmados na gestão de Paulo Roberto Costa.
A expectativa agora é de que uma nova linha de investigação da apuração volte a citar o nome do ex-presidente Lula.
Nela, através de uma sequência de emails, seriam reforçadas
as suspeitas de que a Muranno Brasil, agência de propaganda e marketing,
recebera do esquema R$ 1,7 milhão.
Confirmando-se as suspeitas, ficará a
certeza não só da repetição do erro dos “aloprados” de 2005, mas da
total falta de receio de que a justiça os leve, a exemplo dos
mensaleiros, à cadeia. E uma questão ainda pouco tocada pode ser
elucidada completando o lead. As investigações já apontam o
quando, o onde, o quê, o quem e o como. Falta esclarecer o porquê. A se
repetir o Mensalão, restará claro que toda a governabilidade celebrada
pelos petistas tinha um preço caro. E quem pagava era o contribuinte
brasileiro.
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