terça-feira, 18 de novembro de 2014

Carlos Chagas QUANDO LAVAR AS MÃOS É IMPERDOÁVEL



Publicado: 18 de novembro de 2014 às 15:33

Em entrevista do outro lado do mundo, na Austrália, declarou a presidente Dilma que sabia das investigações da Polícia Federal a respeito de irregularidades na Petrobras. 



Mesmo que tenha autorizado a Operação Lava-jato a continuar, seria o óbvio. Como evidente, também, que exigisse a demissão de diretores da estatal envolvidos na lambança, apesar dos elogios que alguns deles receberam pelo tempo de serviço prestado.


O que se estranha nessa novela de horror é a participação de figuras de importância do PT, PMDB, PP e adjacências na roubalheira sem que nenhuma atitude tenha sido tomada pelos ocupantes maiores do poder. 


Porque nem Dilma nem o Lula se preocuparam em passar o rodo nos partidos de sua base. Assim como no mensalão,tesoureiros e dirigentes variados continuaram ocupando funções relevantes, assim como parlamentares permaneceram incólumes recebendo dinheiro sujo de empreiteiras e de diretores da Petrobras. Quer dizer, a faxina não chegou ao quintal do palácio do Planalto.



Nem a presidente nem o antecessor terão recebido parte do que foi roubado, muito menos se beneficiado das operações de compra e venda de mandatos e de consciências. Mas estavam no controle do poder público quando tudo aconteceu. 


No mínimo, deveriam ter posto a boca no trombone e denunciado os primeiros resultados das apurações. 



Como a lama respingava na base parlamentar do governo, preferiram ficar calados, deixando tudo correr a cargo da Polícia Federal, do Ministério Público e do próprio Poder Judiciário. Mais ou menos como se um assalto ocorresse na esquina e apenas aguardássemos a chegada da polícia, como se nada nos dissesse respeito, ainda que o assaltado fosse nosso vizinho.


Esse costume de lavar as mãos vem de muito antes de Pôncio Pilatos, mas a História mostra-se imperdoável diante do personagem.



MELHOR DEIXÁ-LOS MISTURADOS
Na Roma Antiga, nos tempos de Tibério, o Senado tentou votar uma lei obrigando os escravos a usar roupas especiais, de forma a diferenciá-los dos cidadãos no gozo de suas liberdades. 



O imperador convenceu os senadores a desistir da iniciativa, argumentando que se a proposta fosse aprovada, seria possível calcular o número imenso de escravos, favorecendo sua rebelião. Na época, só em Roma existiam 400 mil, e na Itália, um milhão e meio.


Assim parece a estratégia do palácio do Planalto diante da multiplicação, no Congresso, de parlamentares envolvidos no recebimento de propinas. A rebelião, no caso, seria da opinião pública…

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