Publicado: 18 de novembro de 2014 às 15:33
Em entrevista do outro lado do mundo,
na Austrália, declarou a presidente Dilma que sabia das investigações
da Polícia Federal a respeito de irregularidades na Petrobras.
Mesmo que
tenha autorizado a Operação Lava-jato a continuar, seria o óbvio. Como
evidente, também, que exigisse a demissão de diretores da estatal
envolvidos na lambança, apesar dos elogios que alguns deles receberam
pelo tempo de serviço prestado.
O que se estranha nessa novela de horror é a
participação de figuras de importância do PT, PMDB, PP e adjacências na
roubalheira sem que nenhuma atitude tenha sido tomada pelos ocupantes
maiores do poder.
Porque nem Dilma nem o Lula se preocuparam em passar o
rodo nos partidos de sua base. Assim como no mensalão,tesoureiros e
dirigentes variados continuaram ocupando funções relevantes, assim como
parlamentares permaneceram incólumes recebendo dinheiro sujo de
empreiteiras e de diretores da Petrobras. Quer dizer, a faxina não
chegou ao quintal do palácio do Planalto.
Nem a presidente nem o antecessor terão recebido
parte do que foi roubado, muito menos se beneficiado das operações de
compra e venda de mandatos e de consciências. Mas estavam no controle do
poder público quando tudo aconteceu.
No mínimo, deveriam ter posto a
boca no trombone e denunciado os primeiros resultados das apurações.
Como a lama respingava na base parlamentar do governo, preferiram ficar
calados, deixando tudo correr a cargo da Polícia Federal, do Ministério
Público e do próprio Poder Judiciário. Mais ou menos como se um assalto
ocorresse na esquina e apenas aguardássemos a chegada da polícia, como
se nada nos dissesse respeito, ainda que o assaltado fosse nosso
vizinho.
Esse costume de lavar as mãos vem de muito antes de Pôncio Pilatos, mas a História mostra-se imperdoável diante do personagem.
MELHOR DEIXÁ-LOS MISTURADOS
Na Roma Antiga, nos tempos de Tibério, o Senado
tentou votar uma lei obrigando os escravos a usar roupas especiais, de
forma a diferenciá-los dos cidadãos no gozo de suas liberdades.
O
imperador convenceu os senadores a desistir da iniciativa, argumentando
que se a proposta fosse aprovada, seria possível calcular o número
imenso de escravos, favorecendo sua rebelião. Na época, só em Roma
existiam 400 mil, e na Itália, um milhão e meio.
Assim parece a estratégia do palácio do Planalto
diante da multiplicação, no Congresso, de parlamentares envolvidos no
recebimento de propinas. A rebelião, no caso, seria da opinião pública…
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