Josias de Souza
Já estava previsto que Marta Suplicy dexaria o Ministério da Cultura para retomar o mandato de senadora. O que surpreendeu foi o método. Marta executou uma coreografia bem ensaiada. Teve três atos:
1. Marta mandou entregar sua carta de demissão no protocolo do Palácio do Planalto nesta terça-feira (11), num instante em que Dilma se encontrava no estrangeiro, a caminho da reunião do G 20, na Austrália. Se quisesse, poderia ter repassado o texto diretamente à companheira-presidenta, que estava em Brasília na véspera.
2. Em condições normais, caberia ao Planalto divulgar a carta da ministra demissionária. No padrão adotado sob Dilma, os ministros que saem são brindados com notas elogiosas da presidente, mesmo quando os elogios são imerecidos. Marta dispensou os afagos da chefa. Preferiu jogar, ela própria, a carta de demissão no ventilador —no site do ministério e nas redes sociais.
3. O texto da carta de Marta tem oito parágrafos. Sete foram feitos de gordura. O miolo da picanha está no penúltimo parágrafo: “Todos nós, brasileiros, desejamos, neste momento, que a senhora seja iluminada ao escolher sua nova equipe de trabalho, a começar por uma equipe econômica independente, experiente e comprovada, que resgate a confiança e credibilidade ao seu governo e que, acima de tudo, esteja comprometida com uma nova agenda de estabilidade e crescimento para o nosso país. Isto é o que hoje o Brasil, ansiosamente, aguarda e espera.”
O que Marta escreveu, com outras palavras, foi o seguinte: o governo perdeu a credibilidade e não tem agenda. Comprometeu a estabilidade da moeda e o crescimento da economia. A recuperação depende da qualidade do ministério que está por vir, especialmente da equipe econômica.
Considerando-se a forma, Marta não quis fazer de sua saída um ato administrativo. Ela converteu o trivial num ato político. Levando-se em conta o conteúdo, a agora ex-ministra desejou passar a impressão de que não perdeu nada. Caprichou tanto que ficou parecendo que ela se sente como um navio que abandonou os ratos.
1. Marta mandou entregar sua carta de demissão no protocolo do Palácio do Planalto nesta terça-feira (11), num instante em que Dilma se encontrava no estrangeiro, a caminho da reunião do G 20, na Austrália. Se quisesse, poderia ter repassado o texto diretamente à companheira-presidenta, que estava em Brasília na véspera.
2. Em condições normais, caberia ao Planalto divulgar a carta da ministra demissionária. No padrão adotado sob Dilma, os ministros que saem são brindados com notas elogiosas da presidente, mesmo quando os elogios são imerecidos. Marta dispensou os afagos da chefa. Preferiu jogar, ela própria, a carta de demissão no ventilador —no site do ministério e nas redes sociais.
3. O texto da carta de Marta tem oito parágrafos. Sete foram feitos de gordura. O miolo da picanha está no penúltimo parágrafo: “Todos nós, brasileiros, desejamos, neste momento, que a senhora seja iluminada ao escolher sua nova equipe de trabalho, a começar por uma equipe econômica independente, experiente e comprovada, que resgate a confiança e credibilidade ao seu governo e que, acima de tudo, esteja comprometida com uma nova agenda de estabilidade e crescimento para o nosso país. Isto é o que hoje o Brasil, ansiosamente, aguarda e espera.”
O que Marta escreveu, com outras palavras, foi o seguinte: o governo perdeu a credibilidade e não tem agenda. Comprometeu a estabilidade da moeda e o crescimento da economia. A recuperação depende da qualidade do ministério que está por vir, especialmente da equipe econômica.
Considerando-se a forma, Marta não quis fazer de sua saída um ato administrativo. Ela converteu o trivial num ato político. Levando-se em conta o conteúdo, a agora ex-ministra desejou passar a impressão de que não perdeu nada. Caprichou tanto que ficou parecendo que ela se sente como um navio que abandonou os ratos.
Nenhum comentário:
Postar um comentário