Estação da Noticia
O presidente da República em exercício, Michel Temer, deu início
nesta terça-feira às conversas para um acordo com os partidos da base
aliada para a rápida aprovação do
projeto de lei que amplia a possibilidade de abatimento dos investimentos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) e das desonerações tributárias da meta de superávit primário.
A Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) de 2014 prevê que a meta pode
ser abatida em até 67 bilhões de reais, considerando os investimentos
do PAC e as desonerações. Mas como os resultados do primário têm sido
ruins, o montante não seria suficiente para cumprir a meta fiscal. O
governo enviou nesta terça-feira um projeto de lei alterando a LDO e
permitindo que todos os investimentos do PAC e as desonerações sejam
abatidos da meta. Até setembro, o valor era de aproximadamente 123
bilhões de reais.
“Comecei a conversar hoje para construir esta fórmula que o governo
está aventando, que é exatamente retirar do superávit as desonerações e
os investimentos do PAC”, disse Temer, após reunião com líderes do
governo, do PT e do PMDB. Ele não descartou conversar com os líderes de
partidos da oposição pelo acordo. “Se for o caso (chamarei a oposição).
Porque essa não é uma questão exatamente do governo, e sim do Estado”.
Temer acertou com os presidentes da Câmara, Henrique Eduardo Alves
(PMDB-RN), e do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), a antecipação para
quarta-feira da reunião do Congresso, agendada inicialmente para 18 de
novembro. Na sessão conjunta da Câmara e do Senado, parlamentares devem
analisar mais de 50 vetos presidenciais que trancam a pauta de votações e
impedem a votação de qualquer outra matéria.
O senador e relator do projeto Romero Jucá (PMDB-RR) afirmou que
poderá entregar seu relatório à Comissão Mista de Orçamento, onde a
matéria também será votada na quarta-feira. Temer disse que a
expectativa é que o projeto possa ser votado em uma sessão do Congresso
na próxima semana.
O líder do PMDB na Câmara, Eduardo Cunha (RJ),
afirmou que consultará a bancada sobre o acordo. Mas que não acredita
que isso será um problema. “Da parte do PMDB não há obstáculo. A
realidade é que temos um problema factual, a meta não será atingida e o
governo precisa dessa flexibilização”, disse Cunha na saída da reunião.
(Vea, com
agência Reuters)
Mudando as regras
Governo tenta aprovar projeto de lei que permite driblar (de novo) meta fiscal
O governo vai ganhar flexibilidade para administrar a meta de
superávit primário das contas do setor público, caso seja aprovado o
projeto de lei enviado nesta terça-feira ao Congresso Nacional. A
proposta altera, em última hora, as regras da política fiscal brasileira
em 2014 acabando com o limite fixo de 67 bilhões de reais para o
abatimento das desonerações tributárias e os investimentos do Programa
de Aceleração do Crescimento (PAC). Ou seja, o governo ganha liberdade
para abater da meta todo o volume de investimentos do PAC e de
desonerações que forem feitos até o final do ano.
Até setembro, as desonerações e os gastos com o PAC já somam 122,9
bilhões de reais. Esse valor deve aumentar substancialmente até
dezembro, o que pode garantir margem para o governo reverter até
mesmo um resultado desfavorável nas contas públicas. Até setembro, as
contas do setor público acumulam um déficit de 15,3 bilhões de reais.
Em comunicado, o Ministério do Planejamento informou que o projeto
para mudar a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) deste ano veio porque
o crescimento da economia foi pior que o previsto. ”O Executivo está
comprometido a realizar o máximo superávit primário e ao mesmo tempo
garantir a execução de investimentos prioritários e a manutenção dos
incentivos à economia nacional, por meio de desonerações de tributos”,
acrescentou a pasta.
O documento não traz, no entanto, uma revisão da meta de
superávit primário, ainda que ela seja amplamente aguardada por agentes
econômicos. Atualmente, a previsão para a economia voltada ao pagamento
de juros da dívida é de 80,8 bilhões de reais no caso do governo
central (União, Previdência e Banco Central), ou 1,55% do Produto
Interno Bruto (PIB). No fim do mês passado, o secretário do Tesouro
Nacional, Arno Augustin, disse que o resultado do governo central de
setembro (déficit de mais de 20 bilhões de reais) impôs a necessidade de
revisão da meta.
O governo resolveu enviar o projeto de lei antes do anúncio das
medidas fiscais para 2015 porque há uma preocupação com o prazo
curto para a sua aprovação até o final do ano. Com a mudança, o governo
garante o cumprimento da meta, mesmo sem fazer o esforço fiscal
prometido para 2014.
(Veja, com Estadão Conteúdo e Reuters)
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