quarta-feira, 12 de novembro de 2014

Uma reunião muito suspeita.


O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, reuniu-se na tarde desta terça-feira (11) no Congresso Nacional com os presidentes do Senado e da Câmara dos Deputados, mas preferiu não revelar o motivo das visitas. Abordado pela Folha enquanto caminhava do gabinete da presidência do Senado –onde falou com Renan Calheiros (PMDB-AL)– para o da presidência da Câmara, onde foi recebido pelo deputado federal Henrique Alves (PMDB-RN), Janot disse que não falaria com a imprensa. Sobre o motivo das audiências, o procurador limitou-se a dizer que era "institucional".

Por lei, cabe a Rodrigo Janot decidir se pedirá ou não ao STF (Supremo Tribunal Federal) a abertura de investigação sobre os dois parlamentares, pois ambos foram citados, junto com outros políticos, na Operação Lava Jato, que investiga um escândalo de corrupção e desvios de recursos da Petrobras. Não há prazo para a manifestação de Janot. 

Procurada, a assessoria da PGR não havia informado o motivo das reuniões até as 20h. A assessoria da presidência do Senado informou que a reunião entre Renan e Janot ocorreu a portas fechadas, apenas entre os dois, sem assessores, e por isso não teve acesso ao conteúdo da conversa. O encontrou demorou cerca de dez minutos.

Na Câmara, a assessoria informou que o motivo da reunião foi um relatório de realizações do procurador-geral desde sua posse, em setembro de 2013. A assessoria da PGR não confirmou nem negou tal informação. O relatório disponível no site da PGR na internet é datado de agosto e havia sido divulgado pelo órgão na época.

Tanto Renan quanto Henrique Alves foram referidos nominalmente –segundo revelou a revista "Veja" e depois foi confirmado pela Folha no final de outubro–, por um dos delatores do escândalos da Petrobras, Paulo Roberto Costa, ex-diretor de Abastecimento da estatal.

Os depoimentos vinculados à delação premiada são sigilosos. Folha e "Veja" apuraram que Costa disse que o esquema de desvios na Petrobras beneficiou os dois líderes do PMDB, dentre outros políticos e parlamentares.

Os depoimentos de Costa estão sob a responsabilidade do procurador-geral e do ministro relator do caso no STF, Teori Zavascki. O procedimento entrou no STF como uma "petição", que recebeu a chancela de "oculta". Com essa denominação, o procedimento, além de sigiloso, sequer aparece no acompanhamento processual do tribunal, tornando impossível saber a sua movimentação –em que local se encontra atualmente e por onde já passou dentro do tribunal. (Folha Poder)

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