O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, reuniu-se na tarde desta
terça-feira (11) no Congresso Nacional com os presidentes do Senado e
da Câmara dos Deputados, mas preferiu não revelar o motivo das visitas.
Abordado pela Folha enquanto caminhava do gabinete da presidência
do Senado –onde falou com Renan Calheiros (PMDB-AL)– para o da
presidência da Câmara, onde foi recebido pelo deputado federal Henrique
Alves (PMDB-RN), Janot disse que não falaria com a imprensa. Sobre o
motivo das audiências, o procurador limitou-se a dizer que era
"institucional".
Por lei, cabe a Rodrigo Janot decidir se pedirá ou não ao STF (Supremo
Tribunal Federal) a abertura de investigação sobre os dois
parlamentares, pois ambos foram citados, junto com outros políticos, na
Operação Lava Jato, que investiga um escândalo de corrupção e desvios de
recursos da Petrobras. Não há prazo para a manifestação de Janot.
Procurada, a assessoria da PGR não havia informado o motivo das reuniões
até as 20h. A assessoria da presidência do Senado informou que a
reunião entre Renan e Janot ocorreu a portas fechadas, apenas entre os
dois, sem assessores, e por isso não teve acesso ao conteúdo da
conversa. O encontrou demorou cerca de dez minutos.
Na Câmara, a assessoria informou que o motivo da reunião foi um
relatório de realizações do procurador-geral desde sua posse, em
setembro de 2013. A assessoria da PGR não confirmou nem negou tal
informação. O relatório disponível no site da PGR na internet é datado
de agosto e havia sido divulgado pelo órgão na época.
Tanto Renan quanto Henrique Alves foram referidos nominalmente –segundo revelou a revista "Veja" e depois foi confirmado pela Folha
no final de outubro–, por um dos delatores do escândalos da Petrobras,
Paulo Roberto Costa, ex-diretor de Abastecimento da estatal.
Os depoimentos vinculados à delação premiada são sigilosos. Folha
e "Veja" apuraram que Costa disse que o esquema de desvios na Petrobras
beneficiou os dois líderes do PMDB, dentre outros políticos e
parlamentares.
Os depoimentos de Costa estão sob a responsabilidade do procurador-geral
e do ministro relator do caso no STF, Teori Zavascki. O procedimento
entrou no STF como uma "petição", que recebeu a chancela de "oculta".
Com essa denominação, o procedimento, além de sigiloso, sequer aparece
no acompanhamento processual do tribunal, tornando impossível saber a
sua movimentação –em que local se encontra atualmente e por onde já
passou dentro do tribunal. (Folha Poder)
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