quarta-feira, 3 de dezembro de 2014

LOBBY DO MAL Sabotaram o carro elétrico?

Planeta Sustentável



Ele está em cena desde o século 19 e teve um boom nos anos 90, mas não engrenou até agora. Alguns acham que seu fracasso foi uma conspiração das poderosas indústrias de petróleo e automotiva. Será?

Ilustra Tato Araújo
Conheça as artimanhas que aconteceram nos Estados Unidos para impedir o crescimento da indústria dos veículos movidos a bateria:

A ESTRADA ERA LEI
A primeira onda moderna de carros elétricos começou em 1990, com a aprovação de um decreto na Califórnia que obrigava as sete maiores montadoras americanas a investirem em carros não poluentes. Se não obedecessem, seriam banidas do mercado automobilístico do estado. Aceitaram, claro, mas a contragosto

GUERRA E CARROS GIGANTES
A invasão do Iraque pelos EUA, em 2003, estabilizou o preço do petróleo e evitou uma iminente alta global nos combustíveis. Também popularizou carros monstruosos, como o Hummer, um 4x4 baseado em um jipe de guerra nada econômico. Ou seja: o conflito criou uma demanda e uma mentalidade opostas às dos carros elétricos

"VOCÊ NÃO VAI QUERER UM CARRO ASSIM, NÉ?"
O lobby do petróleo investiu pesado em propaganda negativa contra a autonomia dos elétricos. Para piorar, pesquisas das montadoras perguntavam aos consumidores se eles migrariam para esses modelos se soubessem que a autonomia seria limitada a 160 km - um jeito de enviezar a resposta para "não"

MUITO LONGE DAS VITRINES
Os carros elétricos nunca foram produzidos em série, expostos em concessionárias ou vendidos ao consumidor de maneira simples. O EV1, da GM, por exemplo, só podia ser obtido em leasing temporário. As montadoras também proibiram que fornecedoras de peças elétricas divulgassem avanços na tecnologia dos seus produtos

INFILTRADOS NO GOVERNO
Em 2003, durante o governo Bush, o decreto que obrigava montadoras a investir em carros "limpos" foi derrubado. Curiosamente, Andrew Card, chefe de gabinete de Bush, havia antes sido diretor da American Automobile Manufacturers Alliance na Califórnia, que reúne as sete maiores montadoras de carros do país

ALTERNATIVAS À ALTERNATIVA
Em vez de investirem nos veículos elétricos (uma tecnologia viável), as montadoras preferiram investir em versões "flex", movidas a etanol e gasolina, ou na distante tecnologia do motor a hidrogênio. Assim, elas podiam dizer que estavam comprometidas com tecnologias limpas sem realmente mudar o mercado. E tem mais! O vice-presidente de Bush, Dick Cheney, foi CEO e diretor de conselho da Halliburton, uma gigante do petróleo

FATO - EXPLICANDO A VERDADE
Conspiração ou paranoia? Você decide:


- Para responder às acusações de autossabotagem, em 2006 a General Motors escreveu uma carta aberta em que afirmava que "apesar de investimentos substanciosos" o seu modelo elétrico, o EV1, se provou um "fracasso comercial";


- Na mesma carta, a empresa afirmou que não pôde vender seu carro elétrico no mercado porque não poderia garantir sua operação no futuro;


- Em 2009, porém, o novo CEO da GM declarou que um dos maiores erros que ele cometeu na carreira foi "matar" o carro elétrico da empresa, direcionando poucos recursos a seu desenvolvimento;


- A GM e outras montadoras de fato investiram em veículos flex, que são mesmo menos poluentes, e híbridos de eletricidade e combustão, populares nos EUA.

Fontes: Sites General Motors, Honda, Toyota, Air Resources Board of California, Climate Progress, Winona Renewable Energy, Green Car Reports e Fuelly; jornais The Guardian, The New York Times e The Los Angeles Times; livros The Electric Car: Development and Future of Battery, Hybrid and Fuel-Cell Cars, de Michael Wesbrook, Fuel on the Fire: Oil and Politcs in Occupied Iraq, de Greg Muttit, e The Hype about Hydrogen: Fact and Fiction in the Race to Save the Climate, de Joseph J. Romm; e documentário Who Killed the Electric Car, de Chris Paine

 

 

Para carros elétricos em massa, baterias em massa José Eduardo Mendonça - 08/09/2014 

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Megafábrica terá impacto de U$ 100 bilhões em 20 anos


Elon Musk, visionário e presidente da única montadora exclusivamente de carros elétricos dos EUA, anunciou na semana passada a construção de uma “gigafábrica”, capaz de produzir por ano baterias de ion-lítio suficientes para alimentar 500.00 veículos.


Além de bilionário, Musk é caprichoso. A fábrica, no estado de Nevada, terá a forma de diamante, face voltada para o norte e, como era de se esperar, sua operação usará energia solar, eólica e geotérmica.


“Ela é muito importante para o futuro da Tesla – sem isto não conseguiremos fazer veículos em massa,” disse ele. O sul-africano de 43 anos também dirige a empresa de foguetes Space Exploration e a fabricante de painéis solares SolarCity. Segundo ele, a intenção é iniciar com a produção de 35.000 baterias este ano, e chegar a centenas de milhares nos próximos anos, dominando um mercado de U$ 5 bilhões.


O estado de Nevada ofereceu benefícios fiscais e outros incentivos no valor de U$ 1.3 bilhão nos próximos 20 anos. Em troca, a fábrica terá de gerar U$ 100 bilhões em desenvolvimento econômico no período.
A Panasonic tem participação, como maior fornecedora das células de ion-lítio, mas não revelou qual será o montante de seus investimentos.


Musk afirmou estar preocupado com a estética, e que o formato de diamante terá menor impacto no ambiente, uma vez que o desenho convencional, de uma caixa, provocaria muito mais deslocamento de terra. Além disso, a instalação pode virar atração turística.


Serão criados 6.500 empregos na fábrica, que começará a operar em 2017, mesmo ano no qual a Tesla Motors vai lançar seu veículo modelo III, de U$ 35 mil. O Model S, de alto desempenho, é vendido por mais de U$ 70 mil.


A ex-secretária de estado americana, e provável candidata à presidência pelo Partido Democrata, Hillary Clinton, disse que Nevada investiu U$ 5.5 bilhões em energia limpa nos últimos 4 anos, o que a tornou uma candidata natural para bater outros estados, informa a Scientific American.


Foto: Steve Jurvetson/Creative Commons/Flickr


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