quarta-feira, 3 de dezembro de 2014

Contas de Agnelo são salvas pelos distritais

Com negociação da dívida ativa, GDF deve obter R$ 500 milhões este ano

millena.lopes@jornaldebrasilia.com.br


Após várias reuniões, telefonemas, périplos por gabinetes e muita articulação política, o governador Agnelo Queiroz conseguiu vencer o assédio do governador eleito Rodrigo Rollemberg e aprovar, na Câmara Legislativa, o projeto que cria o Fundo Especial da Dívida Ativa (Fedat). A expectativa é de que, até o dia 31, entrem no caixa do governo cerca de R$ 500 milhões e o petista consiga pagar fornecedores e a folha de pagamento de servidores.


Rollemberg   tentou, pessoalmente, impedir a aprovação, com ligações telefônicas e até encontros com alguns deputados distritais. Mas foi em vão.


A base aliada do governador Agnelo e até a oposição votaram a favor do projeto. Com 15 favoráveis, dois contra e uma abstenção, o governo conseguiu, com folga, aprovar a proposta.


Três emendas da distrital Celina Leão (PDT), aliada de Rollemberg, foram rejeitadas e uma briga se instalou no plenário. De um lado, a deputada argumentava a favor das emendas, com assessoria da equipe de transição, que acompanhou a votação de perto. De outro, a líder de Governo, Arlete Sampaio (PT), tentava salvar uma emenda de sua autoria, que vai agilizar o processo para o GDF: o BRB será o gestor do fundo. Com isso, o dinheiro entra ainda mais rápido na conta.


Celina disse que as emendas não inviabilizariam o projeto, mas dariam mais transparência às ações do governo. Ela tentou, de várias formas, emplacar as alterações, mas foi vencida pelo acordo bem costurado pelo governador Agnelo.
Com Celina,  votou contra o projeto Paulo Roriz (PP). Joe Valle (PDT), que é da base de Rollemberg, nem sequer ao Plenário foi. Liliane Roriz (PRTB) se absteve, mas  votou a favor das emendas de Celina, assim como Benedito Domingos (PP), que votou a favor do projeto.

Surpresa
A surpresa  foi o distrital Alírio Neto (PEN), que já tinha declarado que estaria no plenário para tentar “inviabilizar a votação”. Mas recuou. Mesmo depois de ter conversado com  Rollemberg, Alírio resolveu ser favorável ao que chamou de “ato vergonhoso para a cidade”.

Logo após dizer “sim” ao projeto que salva as contas de Agnelo, ele pediu a palavra para dizer que votou a favor dos servidores públicos. “Vários servidores disseram que a não aprovação da proposta poderia atrapalhar o pagamento da folha. Fiquei do lado dos servidores”, disse, acrescentando que não tem acordo com o governador eleito.

Esperados pelo governo para engrossar o quórum, Cláudio Abrantes (PT) e Agaciel Maia (PTC) faltaram à sessão.

Para  transição, proposta “vai causar danos”
De um canto do plenário, o coordenador da transição, Hélio Doyle, assistiu à sessão. Para ele, a aprovação do projeto “premia o governador, que passou quatro anos gastando mal o dinheiro público”.

Visivelmente decepcionado com a aprovação da proposta, mesmo depois de todas as investidas do governador eleito, Doyle disse que o projeto aprovado “vai causar danos ao Distrito Federal”.

Para ele, o governo “está desesperado em busca de recursos, mesmo que seja de uma forma ilegal e irresponsável”.

“Estranheza”
Por meio da assessoria, o governador Agnelo Queiroz disse que fica impressionado com “a falta de informação”.

“Se dar reajuste salarial para diversas categorias, como saúde, segurança e educação, por exemplo, realizar centenas de obras, construir UPAs, clínicas da família, creches, o Expresso DF etc, é gastar mal, então não sei o que é investir bem o dinheiro público”, afirmou Agnelo.

Em crise notória com a equipe de transição, o governador disse que o novo governo não se mostra nem um pouco preocupado com a população do DF.
"Me causa estranheza a falta de sensibilidade política e a falta de compromisso”, disse.


Coordenador de Rollemberg critica medida
“Esse projeto é escancaradamente ilegal. É tão absurdo que é difícil acreditar que foi aprovado. Esperamos que os responsáveis sejam punidos.”

“A Câmara Legislativa legitimou uma ação ilegal e irresponsável do governo que está saindo. Este é um projeto que visa corrigir erros de quatro anos.”

“Para nós, não cria um clima ruim com a Câmara Legislativa, mas é difícil entender.”

“O que pude acompanhar foi um festival de besteiras de vários deputados que ocuparam o microfone para defender um assunto que não sabiam do que se tratava com argumentos ridículos.”


Fonte: Da redação do Jornal de Brasília


Rollemberg tenta impedir votação de projeto que pode salvar as contas do GDF


millena.lopes@jornaldebrasilia.com.br


Mais um capítulo da queda de braço entre o governador eleito Rodrigo Rollemberg e o governador Agnelo Queiroz deve ocorrer hoje, na Câmara Legislativa. Enquanto Agnelo conta com 16 distritais para aprovar o PL 2.049/2014, que autoriza a instituição do Fundo Especial da Dívida Ativa (Fedat), Rollemberg tenta, pessoalmente, esvaziar o Plenário para que a votação não ocorra na tarde de hoje.
O governo tem pressa para aprovar o projeto e, embora não confirme oficialmente, nos bastidores comenta-se que se o texto não for votado hoje, o governo não terá mais tempo de fechar as contas até o fim do mandato de Agnelo.





“A base do governo tem 18 deputados. Não é possível que não tenhamos 13 em plenário para votar”, dispara o coordenador de Assuntos Legislativos do GDF, José Willemann. Além dos 12 que foram ao plenário na quarta  passada, o GDF conta com Olair Francisco (PTdoB) e Benedito Domingos (PP), que saíram  antes da votação, e  Agaciel Maia (PTN) e Cláudio Abrantes (PT), que devem voltar hoje de viagem.


Willemann minimiza a dificuldade de aprovar o projeto, que tramita há duas semanas na Casa. “Tem deputado doente, deputado que estava fora da cidade e uma série de elementos que impediram a votação”, considera. Na opinião dele, hoje vai dar tudo certo. “Os deputados da base de governo atual têm o  compromisso de votar”, argumenta, esperançoso.


Interesses pessoais
Causou estranheza o fato de   deputados que apoiaram Rollemberg no segundo turno irem ao plenário, na semana passada, para dar quórum à votação. Comenta-se que estes teriam interesse pessoal na aprovação da proposta, já que contam com a promessa de terem faturas de empresas familiares pagas com os R$ 2 ou R$ 3 bilhões que devem entrar no caixa. 


Eleito conversa com distritais mais próximos
 
O coordenador da equipe de transição, Hélio Doyle, confirma que Rollemberg, pessoalmente, tem procurado os distritais mais próximos para pedir que eles esvaziem o quórum ou votem contra a proposta. Segundo ele, não há negociação ou promessas. “Só conversa”, confirma.
 
Doyle chamou o projeto de “tentativa desesperada de conseguir dinheiro” e disse que o governador eleito tem argumentado que a proposta “trará prejuízos ao DF”, além de ser uma “medida ilegal”.
 
Celina Leão (PDT), principal voz do novo governo na Casa, tenta convencer os pares de que a proposta não deve ser votada hoje. “Tem muitos líderes que não fecham acordo no projeto. Será que o governo vai passar por cima do colégio de líderes?”, questiona.
 
Na semana passada, Rollemberg telefonou a alguns distritais e tudo indica que seu pedido foi atendido, já que, na hora da votação, apenas 12 distritais estavam em plenário - é preciso quórum de pelo menos 13 deputados para votar e voto favorável de pelo menos 13 para aprovar. 
 
Os petistas teriam sido poupados pelas ligações do  novo governo, já que a aprovação do texto, para o partido, seria “questão de honra”
 
Saiba mais
 
O PSOL-DF protocolou ontem requerimento solicitando a retirada de  tramitação do PL nº 2.049/14,  que cria o Fundo Especial da Dívida Ativa (Fedat). 
 
O partido propôs ainda a criação de uma auditoria da dívida pública do DF e outra para apurar gastos com a construção do Estádio Nacional.
 
No texto, o PSOL manifesta preocupação com as finanças  do DF, "que se encontram numa situação quase falimentar, devendo chegar ao fim do ano com um déficit público superior a R$ 2 bilhões, podendo chegar a R$ 3,1 bilhões".
 
 
Fonte: Da redação do Jornal de Brasília

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