Folha
O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso disse nesta terça-feira (2) que "agora a gente sabe de onde vem" o dinheiro que financiou a "máquina" petista na última eleição presidencial. A afirmação foi feita após palestra de convidados do instituto que carrega o nome de FHC, no início desta noite, na capital paulista.
O tucano ouviu os dois palestrantes convidados e, ao final, falou rapidamente sobre as dificuldades que avalia que o governo Dilma Rousseff (PT) vai enfrentar no novo mandato, entre elas o escândalo de corrupção na Petrobras.
O tom da crítica do ex-presidente vai ao encontro a polêmica avaliação feita pelo senador Aécio Neves (PSDB-MG) que disputou o Planalto contra Dilma. Em entrevista ao jornalista Roberto Dávila, da Globo News, Aécio disse não ter perdido para um partido político, mas para uma "organização criminosa", em referência à suposta ligação de petistas e pessoas ligadas à base do governo com os desvios na maior estatal do país.
Numa rápida avaliação sobre o resultado da última disputa, FHC disse que o resultado obtido por Aécio, quase 49% dos votos válidos, foi "excepcional" e completou: "Foi excepcional chegar tão longo, especialmente disputando contra uma máquina que tem tanto dinheiro, e que agora a gente sabe de onde vem". O ex-presidente referia-se à suposta propina que teria abastecido as campanhas do PT, PMDB e PP, paga por empresas que contratam com a Petrobras.
Para o ex-presidente, a situação da presidente reeleita é "muito dura". "Seria dura para qualquer um e ainda mais para uma pessoa que sabidamente não tem a paciência de escutar", avaliou.
O ex-presidente disse não torcer por uma crise, mas afirmou que existem muitos "fios desencapados" no caminho da próxima gestão, entre eles o cenário de desgaste da economia internacional, que se agravou nas últimas semanas, a necessidade de um ajuste fiscal para reequilibrar as contas brasileiras e a instabilidade política no Congresso, motivada também pelo desencadeamento da operação Lava Jato, que investiga a Petrobras.
Para FHC, será preciso que Dilma, ou alguém muito próximo a ela, mostre uma grande capacidade de liderança política. "Tomara que o Levy (Joaquim Levy, economista anunciado como novo ministro da Fazenda) suba e se mostre um grande líder, ou que Dilma se transforme em uma dama de ferro. (...) Isso [o cenário que se desenha] não se resolve tecnicamente. Se resolve politicamente", concluiu.
FHC falou a cerca de 100 convidados após palestra do economista José Roberto Mendonça de Barros e do jornalista Fernando Rodrigues.
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