O deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) oficializou nesta terça-feira (2) sua candidatura à Presidência da Câmara mandando uma série de recados ao Planalto e defendendo que vai trabalhar para que deputados percam a "vergonha" de dizerem nas ruas que são congressistas.
Num ato na Câmara, ao lado de deputados principalmente do PMDB, Cunha sustentou que não representa uma candidatura de oposição e que lutará pela independência do Legislativo.
"Não tem candidatura que defenda oposição. Não terá candidatura submissa ao governo. Nada mais do que isso. Ninguém vai inventar a roda e fazer bravata. Queremos independência que não nos permita que sejamos submissos a qualquer vontade", afirmou.
Cunha enfrenta resistência do Planalto pois age como líder da oposição dentro do governo. Embora comande a segunda maior bancada da Casa e principal aliado do PMDB, é conhecido por armar rebeliões, medir forças e nunca dinamitar pontes com a oposição.
Pedro Ladeira/Folhapress | ||
O deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) durante lançamento de sua candidatura à presidência da Câmara |
Ele tem tentando se aproximar do Planalto e mostrar que não tem interesse em prejudicar o governo no comando da Casa. O vice-presidente, Michel Temer (PMDB), não esteve presente, mas o líder justificou que não o convidou porque era um ato interno.
Assumindo o papel de mestre de cerimônia, o atual presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), reforçou o discurso afirmando que o governo precisa entender que "aliado não implica em atender sempre suas vontades".
Cunha se comprometeu com uma gestão para melhorar a administração da Casa para resgatar o orgulho parlamentar.
"Buscando melhores condições de trabalho para os nossos parlamentares para que possam exercer com dignidade e perder a vergonha de dizer que é deputado fora daqui. Do jeito que as coisas estão indo, os nossos parlamentares se envergonham de na rua poder falar que são deputados em alguns lugares. Trabalhar de tal maneira que todos saem desse processo ao fim orgulhosos", afirmou.
Cunha formalizou sua campanha para tentar ganhar apoios. Até agora, ele fechou aliança com Solidariedade e PSC. Esperar conquistar PTB e PR nos próximos dias. A estratégia é isolar o PT.
Para ganhar votos, Cunha acertou dez compromissos que enchem os olhos dos congressistas, como a construção imediata de um novo prédio para abrigar novos gabinetes, cobertura das atividades dos parlamentares nos Estados pela TV Câmara e a equiparação do salário dos deputados ao dos ministros do STF (Supremo Tribunal Federal).
Atualmente, os deputados ganham R$ 26,7 mil e os ministros R$ 29,4 mil. Até o fim do ano o Congresso deve aprovar um reajuste, elevando os vencimentos do STF para R$ 35,9 mil e as próprias remunerações para cerca de R$ 33 mil.
Essas propostas são reeditas nas últimas disputas pelo comando da Casa, mas não saíram do papel.
Em uma cartilha repassada aos colegas, Cunha diz que é conhecido por ser "um homem de palavra e que mesmo aqueles que não simpatizam com ele reconhecem sua capacidade e respeito a compromissos firmados".
O slogan de Cunha é "Câmara independente, democracia forte". O material o apresenta ainda como "A voz da Câmara". A eleição da Câmara deve ocorrer no dia 1 de fevereiro.
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