Cristovam Buarque
O problema do ajuste fiscal está na falta de ajustes sociais, que
substituam direitos velhos por novos direitos estruturais, assegurando
bem-estar social permanente aos cidadãos. Ao longo dos últimos anos, o
Brasil optou por uma verdadeira folia de gastos públicos, consumismo
exacerbado, baixo nível de poupança e investimento, irresponsabilidade
fiscal, preços administrados, contabilidade criativa escondendo a
realidade, desonerações fiscais em dimensões escandalosas.
Ignorando os alertas, os partidos no governo comemoravam euforicamente os benefícios do curto prazo. De tanto repetirem a própria publicidade, as lideranças fizeram o povo acreditar nas ilusões: o pré-sal resolveria tudo, empresas como o grupo X colocariam o país no cenário mundial, o BNDES construiria a nação emergente mais dinâmica do século 21.
A realidade desfez as ilusões, os alertas se mostraram proféticos, mas a eleição não permitia que se admitisse a crise. A folia econômica que se esgotava chegou à política e as ilusões foram ampliadas pelo marketing. Os eleitores passaram a acreditar que nunca o Brasil fora tão rico, dinâmico e sem pobreza, e que o país daria passos para trás se não reelegesse o grupo no poder.
CRISE CATASTRÓFICA
O resultado é que a economia brasileira chegou a 2014 em uma situação de crise de proporções catastróficas: déficit em transações correntes de 4,2%, déficit nominal de 6,7% e dívida pública bruta de 6,3% (em relação ao PIB); além de inflação persistente acima da meta.
Agora, passadas as eleições, o governo faz tudo o que acusava seus opositores de pretenderem fazer contra o povo e o país: elevação da taxa de juros, controle de gastos, redução de direitos e realismo nos preços passaram a ser defendidos como ajustes necessários. A fala do novo ministro da Fazenda, carregada de medidas antifolia, passou a ser aceita pelos que as criticavam, enquanto outros que antes se beneficiavam da folia começam a criticar os ajustes.
DIREITOS TRABALHISTAS
O problema das últimas medidas não está na fala do ministro Levy controlando ou eliminando direitos trabalhistas, mas na falta de falas ousadas dos demais ministros, como do Trabalho, da Educação e da Saúde, oferecendo novos direitos. Alguns ajustes nos chamados benefícios sociais são necessários para corrigir os desastres criados pela folia fiscal, mas, em vez de repudiá-los ou de se conformar a eles, é preciso atualizá-los e fazê-los avançar. Alguns dos antigos direitos trabalhistas não têm como ser mantidos, mas novos direitos devem ser implementados.
Alguns dos atuais direitos precisarão ser moralizados, modificados e substituídos por direitos contemporâneos, como: direito do filho do trabalhador à mesma escola de qualidade do filho do patrão; licenças periódicas para efetiva capacitação; direito do trabalhador à licença para ir à escola do filho e para cuidar preventivamente de sua saúde.
Ignorando os alertas, os partidos no governo comemoravam euforicamente os benefícios do curto prazo. De tanto repetirem a própria publicidade, as lideranças fizeram o povo acreditar nas ilusões: o pré-sal resolveria tudo, empresas como o grupo X colocariam o país no cenário mundial, o BNDES construiria a nação emergente mais dinâmica do século 21.
A realidade desfez as ilusões, os alertas se mostraram proféticos, mas a eleição não permitia que se admitisse a crise. A folia econômica que se esgotava chegou à política e as ilusões foram ampliadas pelo marketing. Os eleitores passaram a acreditar que nunca o Brasil fora tão rico, dinâmico e sem pobreza, e que o país daria passos para trás se não reelegesse o grupo no poder.
CRISE CATASTRÓFICA
O resultado é que a economia brasileira chegou a 2014 em uma situação de crise de proporções catastróficas: déficit em transações correntes de 4,2%, déficit nominal de 6,7% e dívida pública bruta de 6,3% (em relação ao PIB); além de inflação persistente acima da meta.
Agora, passadas as eleições, o governo faz tudo o que acusava seus opositores de pretenderem fazer contra o povo e o país: elevação da taxa de juros, controle de gastos, redução de direitos e realismo nos preços passaram a ser defendidos como ajustes necessários. A fala do novo ministro da Fazenda, carregada de medidas antifolia, passou a ser aceita pelos que as criticavam, enquanto outros que antes se beneficiavam da folia começam a criticar os ajustes.
DIREITOS TRABALHISTAS
O problema das últimas medidas não está na fala do ministro Levy controlando ou eliminando direitos trabalhistas, mas na falta de falas ousadas dos demais ministros, como do Trabalho, da Educação e da Saúde, oferecendo novos direitos. Alguns ajustes nos chamados benefícios sociais são necessários para corrigir os desastres criados pela folia fiscal, mas, em vez de repudiá-los ou de se conformar a eles, é preciso atualizá-los e fazê-los avançar. Alguns dos antigos direitos trabalhistas não têm como ser mantidos, mas novos direitos devem ser implementados.
Alguns dos atuais direitos precisarão ser moralizados, modificados e substituídos por direitos contemporâneos, como: direito do filho do trabalhador à mesma escola de qualidade do filho do patrão; licenças periódicas para efetiva capacitação; direito do trabalhador à licença para ir à escola do filho e para cuidar preventivamente de sua saúde.
(artigo enviado por Mário Assis)
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Sr Cristovam Buarque, o senhor não é benquisto pelos lacerdas-novos deste blog. Fique na sua.
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Excelente artigo de Cristovam Buarque!
O governo Dilma começa o segundo mandato completamente perdido. Afinal está enfrentando agora a realidade que tentou esconder, e uma herança maldita que Lula e a própria Dilma deixaram!
E para os obstáculos do destruído país real o marqueteiro João Santana não consegue ajudar em nada.
Na semana passada um deputado colocou no microfone da tribuna da Câmara dos Deputados a voz de Dilma, quando em 2014 anunciou, em rede nacional, a marqueteira redução das tarifas de energia elétrica, criando o caos de hoje no sistema elétrico nacional. Abaixo postei o vídeo:
https://www.youtube.com/watch?v=U7f6duZNHV8
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Concordo com Decio Recaman.
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Não há mérito algum em fazer diagnósticos, prescrever receitas, depois o que o “paciente Brasil” foi para a UTI das doenças econômicas graves.
Séria louvável, heróico, prever todas as mazelas que o Brasil vive hoje, com antecedência, e isso não foi feito por economistas keynesianos, que aplaudiam a gastança desenfreada irresponsável do Estado perdulário.
O Sr. Buarque foi membro do PT, e hoje faz parte da base de apoio, PDT. Cristovam Buarque é defensor do welfare state, foi engenheiro ativo do que temos hoje no Brasil. Não tem autoridade para criticar o que temos agora pois foi ativo colaborador do PT, inclusive votou no retorno da CPMF.
Eu pergunto, onde foi que o welfare state funcionou por mais de 15 anos?