15/10/2015
A Justiça dos Estados Unidos divulgou nesta quinta-feira um novo depoimento de J. Hawilla, delator responsável por desencadear parte dos escândalos de corrupção na Fifa. Nas novas declarações, o fundador da Traffic confessou que a prática de subornos no futebol mundial, pelo menos por sua parte, ocorre desde o ano de 1991, quando pela primeira vez pagou por fora por favorecimentos.
Em
documento liberado pela justiça americana – outras partes do depoimento
do brasileiro acabaram bloqueada e seguem em sigilo -, Hawilla confirma
o pagamento de propinas por direitos de transmissão de torneios como a
Copa América, Copa do Brasil, Copa Ouro e até mesmo por patrocínios da
seleção brasileira de futebol.
“Aproximadamente em 1991, quando fui
renovar um contrato para uma Copa América, um dirigente associado à
Fifa, a organização encarregada pelo futebol mundial, e à sua
confederação, a Conmebol, me pediu o pagamento de uma propina para
assinar o contrato”, declarou J.Hawilla, que ‘por ter assumido
compromissos futuros’, concordou em pagar o suborno.
No mesmo documento, Hawilla confessa que
utilizou ‘instituições financeiras dos EUA’ para pagar propinas – o
fundador da Traffic manteve a prática por mais de 20 anos. No entanto,
os subornos não se limitaram a somente direitos de transmissão de
grandes competições; até patrocínios da seleção brasileira se tornaram
alvos do esquema.
“Concordei em pagar subornos por
contratos da Copa América, Copa Ouro, Copa do Brasil, e pelo patrocínio
da seleção brasileira. Eu usei instituições financeiras dos EUA e
facilidades de transação bancária digital nos EUA para pagamento de
algumas dessas propinas, bem como para pagamentos legítimos
correspondentes a esses direitos”, disse Hawilla, em declarações
reproduzidas pelo Globoesporte.com.
A Traffic foi a responsável por
intermediar o acordo entre a Nike e a Confederação Brasileira de Futebol
no ano de 1996. A fornecedora de material esportivo americana estampará
a camisa da seleção brasileira até pelo menos 2018, data final do
último contrato assinado entre as partes.
O acordo entre CBF e Nike já se tornou
alvo de investigação no país. No ano de 1999, o então deputado Aldo
Rebelo enviou o requerimento de uma investigação do contrato entre a
fornecedora e a confederação. Disto nasceu a CPI (Comissão Parlamentar
de Inquérito) CBF/Nike, que terminou sem um relatório final aprovado.
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