28/01/2014
às 21:44O investimento estrangeiro direto (IED) caiu 3,9% no Brasil em 2013, para 63 bilhões de dólares, informou um relatório da Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento (Unctad) divulgado nesta terça-feira.
O resultado
brasileiro é o único negativo entre os países dos Brics (bloco integrado
também por Rússia, Índia, China e África do Sul). Contudo, graças aos
investimentos em território chinês e russo, o IED do bloco alcançou 322
bilhões de dólares, alta de 21% em relação a 2012.
O governo
da presidente Dilma Rousseff usou o pretexto de fomentar o investimento
estrangeiro direto para justificar muitas de suas políticas
protecionistas no país. Esse tipo de aporte é considerado capital “de
qualidade”, que consiste em injeções diretas no setor produtivo — e não
no mercado financeiro, quando é considerado capital especulativo.
O
aumento de impostos sobre o investimento estrangeiro em títulos de renda
fixa, por exemplo, foi uma das medidas criadas pelo Ministério da
Fazenda para espantar os especuladores, em meados de 2011. Com a
disparada do dólar ocorrida no último ano, muitas das medidas foram
desfeitas. Mas a artilharia do governo acertou alvo duplo: colocou para
fora especuladores e, também, os ‘bons’ investidores.
A Unctad
afirmou que o resultado brasileiro deve ser visto no contexto de
desaceleração de um crescimento que foi acima da média nos anos
anteriores, sobretudo em 2011, quando o aporte anual ficou em 65 bilhões
de dólares, ante 48 bilhões de dólares em 2010.
Contudo, tal contexto
parece não se aplicar aos outros Brics. Na Rússia, o crescimento foi de
83% no ano passado, para 94 bilhões de dólares. Já na China, foi de 4%, a
127 bilhões de dólares. A África do Sul, membro recém-aceito no bloco, o
IED avançou 126%, para 10 bilhões de dólares. Enquanto grande parte dos
países analisados pela Unctad recuperou, em 2013, o mesmo nível de
investimento de 2011, o Brasil ampliou a queda. Em 2012, o IED no país
havia caído 2%.
No aspecto
das sub-regiões, o cenário tampouco é animador para o país. Puxada pelo
Brasil, a América do Sul viu seu IED cair 6,8% no ano passado. Apenas o
Oriente Médio teve desempenho pior, com queda de 19,6%. O norte da
África, ainda castigado pelas revoltas populares, viu seu IED recuar
1,8% no período.
Todas as outras sete sub-regiões do globo tiveram
desempenho positivo.
Já no
comparativo entre os blocos econômicos, o Mercosul (composto por Brasil,
Argentina, Uruguai, Paraguai e Venezuela) foi o único a apresentar
queda nos investimentos (de 6%). Também influenciado pelo Brasil, o
resultado do bloco evidencia as falhas das políticas protecionistas de
alguns governos sul-americanos, como o brasileiro e o argentino, que
espantaram o capital estrangeiro ao longo dos últimos anos.
Há o
agravante, ainda, da deterioração fiscal e do aumento da inflação em
ambos os países. No caso do Brasil, a presidente Dilma iniciou um tímido
movimento para tentar reaver a confiança do investidor.
Uma de suas
ações foi ir a Davos e discursar sobre os feitos de seu governo.
Contudo, como é necessário mais do que palavras para retomar o dinheiro
que se foi, investidores aguardam ações mais contundentes do Palácio do
Planalto – como a retomada do controle das contas públicas – para voltar
a investir.
No caso da Argentina, onde Cristina Kirchner não parece
preocupada em recuperar os bilhões perdidos, a volta do IED só deve
ocorrer por milagre – ou nem assim.
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