Esse é o percentual pedido pela Caesb, que alega defasagem entre receita e despesa. Adasa vai decidir
Ludmila Rocha
ludmila.rocha@jornaldebrasilia.com.br
“Para mantermos a qualidade dos serviços precisamos desse reajuste. Nunca na história dessa empresa houve um problema como esse”. Foi o que afirmou Marcelo Antônio Teixeira, assessor de Regulação da Companhia de Saneamento Ambiental do DF (Caesb), para tentar convencer da necessidade de um reajuste de 22% na conta de água.
A alegação foi feita em audiência pública promovida pela Agência Reguladora de Águas do DF (Adasa).
O aumento deve ser anunciado na próxima quinta e começa a valer em fevereiro. A Adasa, por sua vez, diz que os técnicos ainda analisarão o percentual necessário, mas adianta que deve ser superior a 5,91%. Esta taxa foi calculada com base no Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA).
Desequilíbrio
A população do DF é de 2,8 milhões de habitantes, dos quais a Caesb alcança 98,3%. Além disso, a companhia possui um consórcio com a equivalente goiana, Saneago, que garante o atendimento de mais 160 mil pessoas na Região Metropolitana do DF. Porém, conforme explicou Marcelo Teixeira, “há um preocupante desequilíbrio econômico e financeiro entre os contratos da Caesb e a morbidade tarifária”.
Pode-se entender “morbidade tarifária” como o valor repassado ao consumidor. Segundo o assessor, “as perdas financeiras acabarão implicando em uma perda operacional acentuada”. Isso porque os custos do processo de tratamento são cada vez mais altos.
De acordo com a Caesb, a primeira revisão tarifária ocorreu em 2008 e a seguinte, prevista para o ano passado, não foi concluída por divergências que acabaram na Justiça. Hoje, a empresa estaria com uma defasagem tarifária de cerca de 37% em relação a outras companhias.
Além disso, conforme a diretoria da Caesb, outros fatores justificariam o aumento. Por exemplo, 9% da receita atual estaria sendo destinada ao pagamento de remunerações trabalhistas. Outra questão diz respeito à necessidade de uma reforma no sistema operacional, que já funciona há mais de 50 anos.
Segundo a empresa, só em 2013 houve 60 rompimentos na tubulação de esgoto. “Recebemos uma negativa de empréstimo para obras de revitalização por falta de capacidade de pagamento. São quase R$ 15 milhões de defasagem entre receita e despesa por mês”, diz o diretor operacional, Acelino Santos.
Consumidor se preocupa
Em uma casa onde vivem quatro pessoas, por exemplo, o valor médio da conta de água é de R$ 157. Se o aumento for de 6%, o valor dessa conta subiria R$ 9,42. Em uma conta de R$ 300, o acréscimo seria de R$ 30. A ideia de reajuste desanima muitos consumidores.
O presidente do Sindicato dos Condomínios do DF (Sindicondomínio), José Geraldo Dias Pimentel, defendeu melhorias no serviço e um reajuste de, no máximo, 6,1%. “Existem áreas que ainda não são atendidas por serviços básicos, como parte do Park Way”, concluiu.
A aposentada Iollanda de Melo, 82 anos, mora no Guará e diz que sua conta de água gira em torno de R$ 500. “O valor já é absurdo. Eu realmente não entendo porque, já que são só quatro pessoas em casa. De qualquer forma, um aumento de mais 5% afetaria muito a minha renda, que não é alta”, lamenta.
Maria do Nascimento de Lima, 77 anos, também mora no Guará e reclama que as contas só aumentam. “Sobem água, luz, condomínio e nada de vermos melhorias. O complicado é que o salário não acompanha isso”, reclama.
O economista Adolfo Sakssida observa que se o aumento for de 5,91% acompanha o IPCA, mas apesar de necessário, será inevitavelmente sentido pelo consumidor final. “Acredito que essa discussão precisa ser mais ampla. O preço cobrado está compatível com a qualidade dos serviços? E mais, a evolução salarial no setor público acompanha a melhora da produção? Esses são os pontos principais”.
ludmila.rocha@jornaldebrasilia.com.br
“Para mantermos a qualidade dos serviços precisamos desse reajuste. Nunca na história dessa empresa houve um problema como esse”. Foi o que afirmou Marcelo Antônio Teixeira, assessor de Regulação da Companhia de Saneamento Ambiental do DF (Caesb), para tentar convencer da necessidade de um reajuste de 22% na conta de água.
A alegação foi feita em audiência pública promovida pela Agência Reguladora de Águas do DF (Adasa).
O aumento deve ser anunciado na próxima quinta e começa a valer em fevereiro. A Adasa, por sua vez, diz que os técnicos ainda analisarão o percentual necessário, mas adianta que deve ser superior a 5,91%. Esta taxa foi calculada com base no Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA).
Desequilíbrio
A população do DF é de 2,8 milhões de habitantes, dos quais a Caesb alcança 98,3%. Além disso, a companhia possui um consórcio com a equivalente goiana, Saneago, que garante o atendimento de mais 160 mil pessoas na Região Metropolitana do DF. Porém, conforme explicou Marcelo Teixeira, “há um preocupante desequilíbrio econômico e financeiro entre os contratos da Caesb e a morbidade tarifária”.
Pode-se entender “morbidade tarifária” como o valor repassado ao consumidor. Segundo o assessor, “as perdas financeiras acabarão implicando em uma perda operacional acentuada”. Isso porque os custos do processo de tratamento são cada vez mais altos.
De acordo com a Caesb, a primeira revisão tarifária ocorreu em 2008 e a seguinte, prevista para o ano passado, não foi concluída por divergências que acabaram na Justiça. Hoje, a empresa estaria com uma defasagem tarifária de cerca de 37% em relação a outras companhias.
Além disso, conforme a diretoria da Caesb, outros fatores justificariam o aumento. Por exemplo, 9% da receita atual estaria sendo destinada ao pagamento de remunerações trabalhistas. Outra questão diz respeito à necessidade de uma reforma no sistema operacional, que já funciona há mais de 50 anos.
Segundo a empresa, só em 2013 houve 60 rompimentos na tubulação de esgoto. “Recebemos uma negativa de empréstimo para obras de revitalização por falta de capacidade de pagamento. São quase R$ 15 milhões de defasagem entre receita e despesa por mês”, diz o diretor operacional, Acelino Santos.
Consumidor se preocupa
Em uma casa onde vivem quatro pessoas, por exemplo, o valor médio da conta de água é de R$ 157. Se o aumento for de 6%, o valor dessa conta subiria R$ 9,42. Em uma conta de R$ 300, o acréscimo seria de R$ 30. A ideia de reajuste desanima muitos consumidores.
O presidente do Sindicato dos Condomínios do DF (Sindicondomínio), José Geraldo Dias Pimentel, defendeu melhorias no serviço e um reajuste de, no máximo, 6,1%. “Existem áreas que ainda não são atendidas por serviços básicos, como parte do Park Way”, concluiu.
A aposentada Iollanda de Melo, 82 anos, mora no Guará e diz que sua conta de água gira em torno de R$ 500. “O valor já é absurdo. Eu realmente não entendo porque, já que são só quatro pessoas em casa. De qualquer forma, um aumento de mais 5% afetaria muito a minha renda, que não é alta”, lamenta.
Maria do Nascimento de Lima, 77 anos, também mora no Guará e reclama que as contas só aumentam. “Sobem água, luz, condomínio e nada de vermos melhorias. O complicado é que o salário não acompanha isso”, reclama.
O economista Adolfo Sakssida observa que se o aumento for de 5,91% acompanha o IPCA, mas apesar de necessário, será inevitavelmente sentido pelo consumidor final. “Acredito que essa discussão precisa ser mais ampla. O preço cobrado está compatível com a qualidade dos serviços? E mais, a evolução salarial no setor público acompanha a melhora da produção? Esses são os pontos principais”.
Fonte: Da redação do Jornal de Brasília
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