Modelo de segurança em favelas aplaudido em todo o
País dá sinais de estafa; recrudescimento da violência pelos
traficantes de drogas combinada com corrupção policial revela
fragilidades das Unidades de Polícia Pacificadora.
Na Rocinha, tiroteio de oito horas contra números 1 e 2 da cúpula das UPPs deixa suspeita sobre informação privilegiada do crime organizado; secretário José Mariano Beltrame defende reforço na estrutura, mas críticas ao sistema se avolumam; qual é a saída?
247 – O sistema de policiamento em favelas e
comunicados carentes reconhecido em todo o Brasil passa neste momento
por um teste de fogo. No Rio de Janeiro, as UPPs – Unidades de Polícia
Pacificadora – estão sob fogo cerrado por dentro e por fora de suas
estruturas. Nas últimas semanas, o recrudescimento da violência do crime
organizado em torno do tráfico de drogas fez nitidamente mira nas UPPs. Na Rocinha, tiroteio de oito horas contra números 1 e 2 da cúpula das UPPs deixa suspeita sobre informação privilegiada do crime organizado; secretário José Mariano Beltrame defende reforço na estrutura, mas críticas ao sistema se avolumam; qual é a saída?
Na favela da Rocinha, a maior do País, os policiais militares números 1 e 2 do esquema de policiamento -- o coordenador das UPPs, Frederico Caldas, e a comandante da própria UPP da Rocinha, major Priscilla Azevedo – foram cercados em um tiroteio por cerca de oito horas.
A ação dos bandidos deixou a suspeita de que ele teria informação privilegiada sobre a presença de Caldas na comunidade. Diversos casos de corrupção policial já ocorreram nas UPPs, apesar de ali a remuneração dos policiais militares ser maior.
O secretário de Segurança do Rio, José Mariano Beltrame, está sofrendo questionamento sobre o modelo. Muitos críticos enxergam as UPPs como uma estrutura de fachada, que mais convive com o tráfico do que o combate, num acordo tácito de acomodação de interesses.
A polícia, por essa hipótese, toleraria o tráfico em troca de não haver violência aberta nas comunidades. Pelo jeito, se essa fórmula é mesmo a que estava em vigor, ela está se esgotando a olhos vistos. O próximo passo, tanto da PM fluminense como do crime organizado, ainda é incerto.
Abaixo, notícia da Agência Brasil a respeito:
Polícia ainda reforça segurança da Rocinha depois de tiroteio
Vitor Abdala - Repórter da Agência Brasil Edição: Graça Adjuto
O policiamento continua reforçado na comunidade da Rocinha, depois de tiroteio que deixou ferido ontem (16) o coordenador-geral das unidades de Polícia Pacificadora (UPPs), coronel Frederico Caldas.
Policiais dos batalhões de Operações Especiais (Bope) e de Choque reforçam o patrulhamento da área, juntamente com soldados de outras UPPs.
De acordo com a assessoria de imprensa da Coordenadoria de Polícia Pacificadora, a situação foi tranquila na noite e na madrugada de hoje (17) na favela.
A Rocinha está ocupada por uma UPP desde setembro de 2012. Apesar disso, a quadrilha que controla a venda de drogas na comunidade continua exercendo controle armado sobre alguns pontos.
O coordenador das UPPs, Frederico Caldas, estava na comunidade junto com a comandante da UPP da Rocinha, major Priscilla Azevedo, quando começou um tiroteio.
De acordo com a Polícia Militar, o coronel Frederico Caldas caiu quando tentava se abrigar, mas não foi atingido por tiros ou estilhaços de bala.
O coronel foi submetido a uma cirurgia ontem no Hospital Central da Polícia Militar para retirar fragmentos de plástico, pedra e terra do olho direito. Segundo a assessoria de imprensa da Coordenadoria de Polícia Pacificadora, ele está em observação e passa bem.
Em uma ação na manhã de hoje, policiais civis apreenderam 15 quilos de crack, em um carro que estava estacionado na parte baixa da comunidade.
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