segunda-feira, 17 de fevereiro de 2014

Lei que endurece com black blocs é melhor do que lei nenhuma, mas é uma capitulação

17/02/2014
às 20:05


Um projeto de lei elaborado pelo governo federal vai proibir o uso de máscaras em protestos. As pessoas que se negarem a se identificar serão encaminhadas à Polícia. As penas para danos ao patrimônio e agressões serão agravadas. Leiam post na home. Melhor isso do que o que se tem hoje. 

Danos ao patrimônio resultam em penas de seis meses a um ano — ou seja: nada. Desde o início da bagunça, em junho, há uma pessoa presa. Parece piada, mas é assim. Reitero: melhor essa lei do que nada, mas é claro que já se está diante de uma capitulação.

Como sempre, a turma do “deixa-disso”, que enxerga em toda manifestação de rua a redenção do povo, veio a público para matar no nascedouro o debate sobre uma lei antiterrorismo no país — única democracia do mundo, grande, pequena ou média, a não ter uma. 

Estamos num daqueles quadros do surrealismo legal brasileiro. Dois artigos da Constituição, o 4º e o 5º, repudiam o terrorismo, mas não temos leis para puni-lo. Os nossos “progressistas”, especialmente os da imprensa, acham que tem de ser assim mesmo.

Existe uma falácia, um cretinismo, segundo o qual penas mais duras não coíbem o crime. É uma absurdo nos seus próprios termos. 

Não coíbem se não forem aplicadas. A questão é de lógica elementar. Se isso fosse verdade, não haveria penas distintas para furto e homicídio — seria uma pena única. 

Alta, média ou baixa (seria irrelevante), se furtar fosse igual a matar, o provável é que houvesse uma equalização entre furtos e homicídios. Não há como sair dessa armadilha lógica.

Então, sim, as penas maiores ajudam a coibir os crimes — desde que aplicadas. Já expus aqui os motivos por que não se quer e não se vai votar uma lei antiterror. Alguns dos chamados movimentos sociais, como o MST, seriam facilmente enquadráveis na lei.

A propósito: quantas pessoas foram presas e serão indiciadas em razão da pancadaria promovida pelo MST na Praça dos Três Poderes? Resposta: nenhuma! Ao contrário: no dia seguinte, Dilma recebeu a turba para conversar, demonstrando que ela aceita dialogar com quem fere 30 policiais, oito com gravidade.

Por Reinaldo Azevedo
 

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