sábado, 15 de fevereiro de 2014

Brasília tem preços surreais

T   KAMILA FARIAS
kneves@jornaldacomunidade.com.br  Redação Jornal da Comunidade 

Muita gente precisa almoçar fora e muitos gostam de um jantarzinho em um estabelecimento legal. Sair para comer é um hábito de muita gente, mas já está pesando no bolso. 

O problema não está só aí, as compras em supermercados também estão bem salgadas. Brasilienses já não suportam mais pagar caro e estão se manifestando. 

Um exemplo é a página Brasília $urreal, no Facebook, que abre espaço para os consumidores publicarem insatisfações com preços e indicarem locais com preços mais em conta.

A inflação dos alimentos, apesar de elevada, deu um refresco no fim de 2013, saiu de um patamar de 13% em 12 meses no começo de 2013 para cerca de 8% em novembro. No entanto, os preços continuam em cima. 


Na página do Brasília $urreal é possível ver a publicação de uma romã custando R$ 12, um saco de orégano por R$ 20 e uma salada por R$ 33.

De acordo com um dos fundadores da página, Luis Alberto Agra, a ideia surgiu no fim do ano passado, quando estava no Rio de Janeiro, e sentiu os altos preços por lá e o início do movimento. 


“Passei o verão no Rio e fui vítima de preços altos. Vi muitas pessoas insatisfeitas e iniciando o movimento, então tive a ideia de trazer para Brasília, pois a realidade não é diferente”, conta. Segundo ele, o movimento começou no Rio de Janeiro, chegou a Brasília e Belo Horizonte e está se espalhando pelo Brasil.

Aceitação rápida

 
A página foi criada no dia 21 de janeiro e a aceitação foi instantânea. Já são 32 mil curtidas e publicações a cada minuto


A página foi criada juntamente com o amigo Christian Dantas. “A gente já esperava essa aceitação tão rápida, pois a alta do preço é geral, todo mundo está sentindo. 

Com isso, percebemos que o papel da página tem sido cumprido, pois a nossa ideia é promover o consumo consciente e boicotar quem cobrar caro”, explica.

A página tem várias campanhas no ar, como o dinheiro, que quem quiser pode imprimir um dinheirinho falso e anotar nele um recado para o dono do estabelecimento que cobra caro demais. 


Tem o “Desafio Se Vira nos 30...Reais” e a “Farofinha Básica Em Qualquer Lugar’. “Temos várias campanhas e além das reclamações dos preços, muita gente tem indicado locais com preços bons”, comenta.

Para Luis Alberto Agra, esse é o melhor caminho já que as pessoas têm consumido mais, têm tido melhores condições de renda. 


“O consumo é muito grande e os eventos que estão vindo para cá estão aumentando ainda mais os preços, o que não inibia das pessoas comprarem. 

A inflação não é a única culpada desse preço surreal, é muita coisa envolvida. As pessoas estavam comprando sem querer nem saber do preço, mas agora estão vendo que a situação está complicada e estão chiando”, conta.

Até para fazer as compras do mês, a caneta e o papel devem entrar em ação. As contas são fundamentais neste momento de valores alto. O jornalista Marcos Machado diz que o preço de tudo subiu, e muito. “Eu sempre cuidei das compras de casa e levei um susto na semana passada quando fui ao mercado. Essa história de inflação mensal abaixo de um dígito é conversa fiada”, diz.

O preço alto também é possível identificar se você vai fazer uma festa. A bibliotecária Ana Karina Fraga fará uma festa de aniversário e diz que pesquisou bastante para o valor não pesar muito no seu orçamento e que mesmo assim, apesar das analises, o valor ainda ficou um pouco salgado. 


Vou fazer um churrasco para umas 30 pessoas e deu quase R$ 2 mil. Tudo saiu bem caro, os valores dos convites, o aluguel do clube, a banda, as carnes, nada é em conta mais”, comenta.

No entanto, ela disse que optou pela empresa contratada devido à comodidade, que decidiu pagar um pouco mais e evitar possíveis problemas.

Preços estão justos

 
Para o presidente do Sindicato das Indústrias de Alimentação de Brasília (Siab), Paulo Sérgio Dias Lopes, o aumento do preço não é só na alimentação, é uma questão geral, é inflacionária. “No caso da alimentação, existem produtos que dependem de matéria-prima e isso tem muita burocracia. Por exemplo, no caso do pão, o trigo depende de entressafra, de exportação”.


Ele ainda diz que o valor final do produto também depende da mão de obra, que se for especializada é mais cara, de impostos, de gastos, do local onde o estabelecimento se encontra e diversos outros fatores. 


Para a gente que vende não é interessante aumentar o preço, mas temos que repassar o que nos passam. Mas são muitos fatores que influenciam, até mesmo a localização. Na Asa Norte, por exemplo, o preço é maior que em uma cidade-satélite”, diz.



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