A marcha do MST em Brasília: ponto para a baderna
No momento em que se debate a violência nas manifestações, o governo e os sem-terra dão um exemplo do que não deve ser feito.
Foi-se o tempo em que o Movimento dos Trabalhadores Rurais sem Terra (MST) tinha como maior emblema grandes acampamentos com barracas de lona preta à beira das estradas nos rincões do país. Historicamente ligado ao PT, o movimento mudou de patamar após a chegada de Lula ao Planalto onze anos atrás.
Por vias transversas, milhões de reais saem dos cofres públicos para abastecer as contas da organização, em operações financeiras tão intrincadas e heterodoxas que, de tempos em tempos, viram até caso de polícia.
Foi assim no fim do ano passado, quando dirigentes de uma cooperativa ligada aos sem-terra foram presos acusados de desviar verbas federais que deveriam ser usadas para comprar alimentos para creches e hospitais.
O caminho é sempre o mesmo: o dinheiro público não vai diretamente para o MST, para não chamar tanta atenção, mas segue, por meio de convênios diversos, para entidades controladas por integrantes do movimento. As cifras chegam à casa dos milhões. Tamanho privilégio, porém, não garante a satisfação dos sem-terra. Eles querem mais, embora não se saiba exatamente o quê.
Na quarta-feira passada, durante uma passeata que reuniu 15 000 militantes do movimento em Brasília, os sem-terra tentaram avançar sobre o Palácio do Planalto. Policiais militares foram atacados com paus, martelos e pedras. No confronto, trinta PMs e doze sem-terra ficaram feridos.
Avisada um pouco antes, a presidente Dilma Rousseff transferiu seus compromissos para o Palácio da Alvorada. Curiosamente, os manifestantes gritavam palavras de ordem contra o governo federal que os financia.
Um aparente paradoxo, mas é só impressão. Ao PT interessa manter a massa companheira mobilizada. Não custa lembrar que, no auge do mensalão, quando sentiu que seu mandato poderia estar em risco, o ex-presidente Lula ameaçou recorrer à força das ruas para se segurar no poder – e o MST era uma de suas escoras.
Talvez essa conjugação de interesses explique a reação do governo à baderna dos sem-terra. No momento em que o país discute como conter a violência nos protestos de rua, havia uma chance de mostrar que a brutalidade não é o melhor caminho.
Mas o que aconteceu foi justamente o contrário.
O ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Gilberto Carvalho (aquele que teve assessores presos nos protestos de junho do ano passado), foi ao encontro dos sem-terra. E ainda os colocou, no dia seguinte, frente a frente com a presidente Dilma Rousseff. Ponto para a baderna.
Redação: ISTO É NOTÍCIA
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