Diário do Grande ABC
Invasões crescem no governo de Roriz no DF
Publicado em domingo, 24 de janeiro de 1999
Desde os primeiros dias do ano, o Distrito Federal enfrenta uma onda quase incontrolável de invasoes, coincidentemente no mesmo período em que o atual governador, Joaquim Roriz (PMDB), assumiu o poder. Ninguém sabe exatamente o número de pessoas envolvidas nas ocupaçoes, nem a quantidade de áreas invadidas neste ano.
No entanto, até novembro, quando foi feito um
levantamento pelo governo, a estimativa era de 30 mil famílias
invasoras. Hoje, esse número pode ser até maior do que a populaçao
das Ilhas Cayman, um dos paraísos fiscais do Caribe, onde vivem 33,6
mil habitantes.
O governo do Distrito Federal possui um cadastro com 52 mil
pessoas que estão em busca de um lote, cuja distribuição foi
prometida por Roriz durante a campanha eleitoral. Até agora, ele tem
suportado com surpreendente calma o aumento das invasões, chegando a
ir aos locais ocupados. Sua decisao é bem diferente da atitude de
Cristovam Buarque (PT), que reprimia as ocupações com a Polícia
Militar, o que ocasionou vários conflitos durante seu governo.
"Não se acaba com a invasão coibindo ou propondo uma política habitacional responsável", diz a secretária de Habitaçao, Ivelise Longhi. Para ela, é necessário, antes de tudo, um crescimento econômico. "Vamos trabalhar para criar empregos".
" As invasoes, porém, nao estao limitadas a lotes do governo, mas incluem áreas de preservaçao ambiental e até complexos turísticos, como o Taguapark, em Taguatinga, com aproximadamente 2 milhoes de quilômetros quadrados.
Barracos - As cercas que mantinham a área intocável foram arrancadas e vários barracos começam a aparecer. Alguns sao feitos de alvenaria - uma tentativa de garantir a manutençao das casas. Até mesmo áreas nobres se transformaram, em pouco tempo, em condomínios luxuosos, como o Hollywood e o Porto Seguro, no Setor de Mansoes do Lago Norte.
Nem todos os habitantes dessas áreas sao vítimas do desemprego ou nao possuem fonte de renda. Na semana passada, por exemplo, o jornal Correio Braziliense descobriu na invasao do Areal, em Taguatinga Sul - uma das cidades-satélites de Brasília - a professora aposentada Rosa Maria Silva dos Santos.
Ao contrário dos vizinhos, que vao ao local a pé ou de ônibus, ela chegou em um carro Pólo e nao escondeu sua condiçao de moradora de um apartamento no Núcleo Bandeirante - outra cidade-satélite - e sua formaçao superior em filosofia. Como justificativa, alegou que o terreno que estava demarcando era para a filha.
No Riacho Fundo, uma cidade-satélite que nasceu de uma grande invasao, novos loteamentos irregulares começam a aparecer. Ninguém tem dificuldade em "conseguir" um lote. Basta estar de posse do kit- invasao.
Para se construir um barraco de três metros quadrados no Riacho Fundo ou nas quadras QE 38 e QE 44 do Guará, onde surgiu uma ocupaçao nos últimos dias, necessita apenas de 12 folhas de madeirite, 16 telhas de amianto, sarrafos, prego e as estacas, indispensáveis para "demarcar" o terreno.
E próximos às invasoes, também surgem o comércio de kits, que sao adquiridos por R$ 130,00. Na semana passada a secretária Ivelise Longhi previu que o problema da invasao estará resolvido em 60 dias, quando a política habitacional deverá estar definida. Ela observa que, quando o governado Roriz assumiu, no dia primeiro do ano, as invasoes já estavam em andamento.
De fato, foi a partir da eleição do atual governador que o número de invasores duplicou da noite para o dia. Em dezembro, segundo a Polícia Militar, houve uma média de cinco invasoes diárias.
Joaquim Roriz, em resposta às criticas de que seria o culpado por esse aumento, afirmou em artigos publicados em jornais locais que "o excesso de demanda por habitaçoes no Distrito Federal é um problema quase insolúvel". Mas, segundo ele, o "governo nao está promovendo, como apregoam os maledicentes, uma farra de lotes".
Em resposta a um artigo de Roriz, o deputado federal do PT Chico Vigilante vai ingressar na Procuradoria Geral da República com uma ação para pedir intervenção federal em Brasília. Vigilante alega que o governador está admitindo que perdeu o controle da situação. Por isso, segundo ele, é preciso intervir para repor a ordem.
"Não se acaba com a invasão coibindo ou propondo uma política habitacional responsável", diz a secretária de Habitaçao, Ivelise Longhi. Para ela, é necessário, antes de tudo, um crescimento econômico. "Vamos trabalhar para criar empregos".
" As invasoes, porém, nao estao limitadas a lotes do governo, mas incluem áreas de preservaçao ambiental e até complexos turísticos, como o Taguapark, em Taguatinga, com aproximadamente 2 milhoes de quilômetros quadrados.
Barracos - As cercas que mantinham a área intocável foram arrancadas e vários barracos começam a aparecer. Alguns sao feitos de alvenaria - uma tentativa de garantir a manutençao das casas. Até mesmo áreas nobres se transformaram, em pouco tempo, em condomínios luxuosos, como o Hollywood e o Porto Seguro, no Setor de Mansoes do Lago Norte.
Nem todos os habitantes dessas áreas sao vítimas do desemprego ou nao possuem fonte de renda. Na semana passada, por exemplo, o jornal Correio Braziliense descobriu na invasao do Areal, em Taguatinga Sul - uma das cidades-satélites de Brasília - a professora aposentada Rosa Maria Silva dos Santos.
Ao contrário dos vizinhos, que vao ao local a pé ou de ônibus, ela chegou em um carro Pólo e nao escondeu sua condiçao de moradora de um apartamento no Núcleo Bandeirante - outra cidade-satélite - e sua formaçao superior em filosofia. Como justificativa, alegou que o terreno que estava demarcando era para a filha.
No Riacho Fundo, uma cidade-satélite que nasceu de uma grande invasao, novos loteamentos irregulares começam a aparecer. Ninguém tem dificuldade em "conseguir" um lote. Basta estar de posse do kit- invasao.
Para se construir um barraco de três metros quadrados no Riacho Fundo ou nas quadras QE 38 e QE 44 do Guará, onde surgiu uma ocupaçao nos últimos dias, necessita apenas de 12 folhas de madeirite, 16 telhas de amianto, sarrafos, prego e as estacas, indispensáveis para "demarcar" o terreno.
E próximos às invasoes, também surgem o comércio de kits, que sao adquiridos por R$ 130,00. Na semana passada a secretária Ivelise Longhi previu que o problema da invasao estará resolvido em 60 dias, quando a política habitacional deverá estar definida. Ela observa que, quando o governado Roriz assumiu, no dia primeiro do ano, as invasoes já estavam em andamento.
De fato, foi a partir da eleição do atual governador que o número de invasores duplicou da noite para o dia. Em dezembro, segundo a Polícia Militar, houve uma média de cinco invasoes diárias.
Joaquim Roriz, em resposta às criticas de que seria o culpado por esse aumento, afirmou em artigos publicados em jornais locais que "o excesso de demanda por habitaçoes no Distrito Federal é um problema quase insolúvel". Mas, segundo ele, o "governo nao está promovendo, como apregoam os maledicentes, uma farra de lotes".
Em resposta a um artigo de Roriz, o deputado federal do PT Chico Vigilante vai ingressar na Procuradoria Geral da República com uma ação para pedir intervenção federal em Brasília. Vigilante alega que o governador está admitindo que perdeu o controle da situação. Por isso, segundo ele, é preciso intervir para repor a ordem.
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