Gilmar Mendes defendeu que o Ministério Público investigue doações feitas para José Genoino e Delúbio Soares; PSDB também protocolou pedido de apuração na Procuradoria-Geral da República
Laryssa Borges, de Brasília
Ministro Gilmar Mendes durante sessão que julga o mensalão
(STF)
“Eu acho que está tudo muito esquisito. [Houve] Coleta de dinheiro, com grandes facilidades. Agora, essa dinheirama, será que esse dinheiro que está voltando é de fato de militantes? Ou estão distribuindo dinheiro para fazer esse tipo de doação? Será que não há um processo de lavagem de dinheiro aqui?”, questionou o ministro.
“O Ministério Público tem que olhar isso. Imaginem os senhores, com organizações sindicais, associações, distribuindo dinheiro por CPF”, completou Mendes. “Essa gente, eles não são criminosos políticos, não é gente que lutava por um ideal e que está sendo condenado por isso. São políticos presos por corrupção. É disso que estamos falando. Então, há algo de estranho nisso”.
Leia também:
Após ‘vaquinha’, Delúbio paga multa – e ajuda Dirceu
'Vaquinha' rende, e Genoino doa R$ 30 mil para Delúbio
Mensaleiros armam 'vaquinha on-line' para pagar multas
Valdemar quer parcelar multa de R$ 1,6 milhão
Depois de conseguir arrecadar mais de 1 milhão de reais por meio de uma campanha de militantes do PT na internet, o ex-tesoureiro do partido Delúbio Soares, condenado no julgamento do mensalão, depositou na última sexta-feira 466.888,90 reais em juízo.
O restante deve ser direcionado ao pagamento das multas do ex-ministro da Casa Civil José Dirceu e do deputado federal João Paulo Cunha (PT-SP), cuja prisão foi decretada nesta terça-feira.
Na “vaquinha” feita pela internet, Delúbio recebeu 1,013 milhão de reais – 600.000 reais foram depositados na véspera do prazo final de pagamento. No caso de José Genoino, foram arrecadados cerca de 700.000 reais, mais do que os 667.500 reais exigidos pela Justiça. “Arrecadar 600 mil num dia é algo que precisa ser refletido.
A sociedade precisa discutir isso”, afirmou o ministro.
Investigação - A bancada do PSDB na Câmara dos Deputados protocolou nesta terça-feira na Procuradoria-Geral da República um pedido de apuração dos supostos crimes cometidos por condenados no mensalão que conseguiram arrecadar dinheiro com as “vaquinhas”.
O partido pede investigação por apologia a crime ou a criminoso e lavagem de dinheiro no processo de arrecadação de doações. Na representação, o atual líder do PSDB na Câmara, Carlos Sampaio (SP), questiona não só o volume de recursos doados aos petistas como o curto tempo em que a soma foi conseguida.
Nenhum comentário:
Postar um comentário