quinta-feira, 20 de março de 2014

Falencia dos programas estilo "Minha Casa Minha Vida".Morador tenta vender apartamento recebido de programa social em SP: "É chique, meu filho!"

19/03/2014 09h14 


Prédio fica na esquina das avenidas Roberto Marinho e Luiz Carlos Berrini.


Prefeitura esclarece que venda de imóvel é ilegal.

Do G1 São Paulo



Um morador tentou vender um apartamento no Conjunto Habitacional Jardim Edith que conseguiu em um programa social da Prefeitura de São Paulo, no Brooklin, bairro nobre da Zona Sul, como mostrou o Bom Dia São Paulo nesta quarta-feira (19). 

Os apartamentos destinados a famílias de baixa renda não podem ser comercializados antes de serem pagos pelos moradores beneficiados pelo programa.

O apartamento de 50 metros quadrados fica na esquina das avenidas Roberto Marinho e Luiz Carlos Berrini. Um imóvel desse tamanho na mesma região chega a custar mais de R$ 600 mil. 


Os apartamentos têm dois quartos, sala, cozinha e banheiro. “Duplex. É chique, meu filho”, diz o morador para o produtor da reportagem que se passou por interessado em adquirir o imóvel.

Os apartamentos foram construídos pela Secretaria Municipal da Habitação e entregues desde 2012 a 252 famílias de baixa renda que viviam antigamente na comunidade do Jardim Edith.

De acordo com o contrato, o morador tem apenas a posse provisória e paga uma prestação por mensal pelo imóvel. Eles só serão proprietários depois que pagarem todas as prestações, o que pode demorar até 25 anos.

“Eu pago R$ 115. Para a estrutura que a gente tem aqui, é muito pouco o que a gente paga”, afirmou Gerôncio Henrique Neto, que é representante da Associação dos Moradores do Jardim Edite.


“Tem gente querendo vender. Não vou falar quem, mas tem um que está para vender”, disse uma moradora.

O primeiro contato da equipe de reportagem foi por telefone. Um homem ofereceu o apartamento de um amigo, que custaria R$ 150 mil. Ele garante que o futuro dono não vai ter problema nenhum com a documentação. “O advogado faz um contrato de gaveta. Duas testemunhas assinam, eu também assino, o comprador assina e não tem problema nenhum”, afirmou.

Depois, o homem, que também é morador do condomínio, apresentou o apartamento para a equipe de reportagem. “Ele tem pressa de vender e quer o dinheiro à vista. Ele quer comprar uma casinha para ele em outro lugar e quer comprar um caminhãozinho para ele trabalhar”, contou.

Segundo o vendedor, pelo menos quatro apartamentos já foram vendidos. Ele volta a propor o contrato de gaveta.


Este tipo de negociação é proibido. No contrato consta que o morador que transfere, aluga ou cede o apartamento para qualquer outra pessoa antes de quitar todas as parcelas perde o direito ao imóvel.

O secretário de Habitação, José Floriano de Azevedo Marques Neto, disse que a fiscalização é feita por assistentes sociais que visitam os conjuntos toda semana. “Como elas convivem com a comunidade, se entra uma família diferente, mais tarde, elas vão conhecer. Se a pessoa vendeu o imóvel, nós pedimos imediatamente a reintegração desse apartamento”, esclareceu.

No documento que os moradores assinaram está bem claro. Em caso de venda, os valores pagos não serão restituídos em hipótese alguma.

Se ficar comprovada a venda, a Prefeitura vai pedir a imediata desocupação do apartamento e o morador perderá o direito de se cadastrar em programas sociais da administração municipal paulistana. 


As assistentes sociais disseram à Prefeitura que não receberam nenhuma denúncia de venda. Elas devem reforçar a orientação de que não é possível comercializar o imóvel.

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