sábado, 26 de abril de 2014

Bernardinho: “Valores morais e éticos são a crise maior que a gente vive”

25/04/2014
às 10:31 \


Fonte: Folha


Em entrevista a Folha, Bernardinho falou de política e de seus dissabores com o ambiente permissivo e sem ética do nosso país. Seguem alguns trechos:

Como você avalia a atual situação da cidade olímpica?

A crítica é muito mais ampla do que à cidade olímpica ou o país da Olimpíada. É um país sem prioridades, é um país sem planejamento, onde nada é respeitado. Orçamentos não são respeitados, os prazos não são respeitados e não há prioridade. Meu dissabor e minha frustração é com o país, não especificamente com uma coisa que para mim é muito importante mas quando pensamos em país ela é quase irrelevante. Temos coisas sérias e importante a criticar e tentar mudar.

Como o quê, por exemplo?

Primeiramente no que diz respeito à ética, valores morais e éticos são a crise maior que a gente vive. Segundo é estabelecer prioridades e trabalhar por elas. Aqui tudo é possível. A permissividade é absoluta. A Copa está a 50 dias e temos o que temos, a Olimpíada a dois anos e é aquela história de dar um jeito depois. Um projeto onde você tem todos os níveis de governos mais a iniciativa privada é algo que, no nosso país, é quase que inadministrável. Difícil você conseguir organizar isso tudo, não é simples o processo, me preocupo com isso mas me preocupo com o país. É um país que precisa dar uma guinada no que diz respeito ao seu futuro. Se não, vai continuar essa história de futuro, futuro, futuro e o futuro não acontece. A gente vê as coisas se degenerando em todas as áreas.

A organização da Copa e da Olimpíada…

São reflexos do país que nós vivemos. Mal organizado de cima a baixo. E se de cima você não tem o exemplo, debaixo você não tem a resposta correta.

É isso que fez você entrar na política?

Tive esse convite. Nunca pensei ou imaginei. Um projeto, algo que eu possa participar no executivo, no sentido de ajudar naquilo que eu tenho conhecimento: OK. Claro, às vezes as pessoas, no momento que vive o Brasil, buscam um salvador. Longe de eu ser salvador ou ter conhecimento político para transformar o país. Mas precisamos de pessoas do bem, pessoas competentes que vejo por aí e poderiam mergulhar um pouco mais nisso e transformar. Mas as pessoas vão se afastando porque é um ambiente onde não há conforto e tranquilidade para trabalhar. O ambiente político, hoje, não inspira as pessoas. Não confio em rótulos, mas em pessoas. E temos que tentar dar forças para elas para termos representantes legítimos. Não sei se não tenho a coragem ou a capacidade para estar lá. Me faltou um pouco disso tudo para realmente abraçar essa história quando o convite foi feito. No futuro, me preparando um pouco mais, em uma oportunidade mais adequada, eu poderei pensar com mais calma.

Você vai apoiar publicamente candidatos ao governo e à presidência? Já está decidido?

Pretendo, no momento correto vou a público dizer. Como cidadão, apoio uma mudança. Vou apoiar claramente as pessoas. Governador não tenho candidato ainda. Vamos aguardar o que virá pelo Rio de Janeiro. Para presidente, muito claramente vou apoiar o Aécio [Neves]. Sou um liberal, acredito que as coisas possam caminhar por aí.

Como muitos sabem, cheguei a escrever uma carta aberta ao técnico de vôlei, pedindo que ele aceitasse o convite do PSDB para ser candidato ao governo carioca. Até porque, convenhamos, se a preocupação é com a falta de ética, então nós estamos fritos aqui no Rio!

Entendo seus motivos pessoais para a recusa. Política, ainda mais no Brasil, não é para qualquer um, muito menos para amadores com ótimas intenções. A chance de se decepcionar ou sofrer ameaças de morte por tentar fazer as coisas de maneira correta é grande. As famílias pagam um preço alto demais.

Dito isso, espero que Bernardinho mude de ideia e vá para a política em breve. O Brasil precisa de gente séria e capaz na política. Como disse certa vez Stanislaw Ponte Preta (Sérgio Porto), com ironia: “Ou restaura-se a moralidade, ou nos locupletemos todos!” Prefiro crer que ainda é possível restaurar a moralidade…

Rodrigo Constantino

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