Guilherme Balza
Do UOL, em São Paulo
Do UOL, em São Paulo
Na edição deste ano da Marcha da Maconha de São Paulo, cujo mote será a
defesa do cultivo caseiro da erva, os organizadores esperam que a onda
de protestos que se espalhou pelo Brasil a partir de junho passado dê impulso à
mobilização pela legalização da maconha.
O ato está programado para ocorrer a partir de 14h deste sábado (26) no Masp (Museu de Arte de São Paulo), na avenida Paulista, e deve terminar na praça Roosevelt, no centro, passando pela rua Augusta, como de praxe.
"Esperamos mais de 10 mil pessoas, mas esse número pode ser ainda maior em função da efervescência pós-junho", afirma a universitária Thaisa Torres, 23, estudante de Gestão de Políticas Públicas da USP (Universidade de São Paulo) e integrante da organização.
O lema deste ano será: "Cultivar a liberdade para não colher a guerra",
uma defesa do "autoplantio" de maconha, "um modelo simples, que não
envolve o tráfico e a produção em larga escala", nas palavras de Thaisa.
A mensagem também critica o que os organizadores chamam de guerra ao
tráfico, uma das consequências da proibição, segundo eles.
O coletivo
organizador da marcha prioriza as manifestações de rua e o diálogo
direto com a sociedade, em detrimento de uma disputa mais
institucionalizada, para que a legalização da maconha conquiste apoio
popular.
"Os avanços no Brasil ainda são muito poucos, se comparamos com a conjuntura internacional. Temos quatro projetos de lei tramitando no Congresso, todos com propostas de descriminalização, mas, a discussão aqui ainda não é avançada para aprova-los", afirma Thaisa.
Por conta da heterogeneidade dos membros e por priorizar a luta na rua, o coletivo não chegou a elaborar uma proposta concreta e definida para legalização das drogas. "A gente não tem um modelo ideal. A gente sabe o que não quer, que é a criminalização", diz a universitária.
O coletivo trata o projeto aprovado no Uruguai "como um dos mais avançados do mundo", mas tem ressalvas com alguns pontos da proposta. "O exemplo do Uruguai é benéfico em muitos pontos, mas limita a quantidade de droga consumida por usuário e cria um cadastro de compradores. O álcool qualquer um compra livremente, o quando quiser, e não há um cadastro, porque com a maconha tem que ter?", questiona Thaisa.
Naquele ano, uma decisão do STF (Supremo Tribunal Federal) pôs fim à contenda ao garantir o direito de se realizar as marchas.
Os conflitos com a polícia, no entanto, permanecem. Na marcha do ano passado, realizada antes dos protestos de junho, manifestantes que portavam ou usavam drogas foram detidos. Apesar de orientar os participantes a não usar drogas, os organizadores não impedem o consumo. Neste ano, será montado pelos manifestantes um cordão de segurança em cada lateral da marcha, para evitar possíveis problemas com a polícia.
A despeito da inevitável tensão, os organizadores prometem abusar da irreverência, com cânticos antiproibicionistas --como o "ei, polícia, maconha é uma delícia", e os "beck blocs", sátira pacífica dos black blocs. "Eles vão usar máscaras de maconha", conta Thaisa.
A marcha paulistana será a primeira de 19 realizadas em todo o país, inclusive nas principais capitais, até junho.
O ato está programado para ocorrer a partir de 14h deste sábado (26) no Masp (Museu de Arte de São Paulo), na avenida Paulista, e deve terminar na praça Roosevelt, no centro, passando pela rua Augusta, como de praxe.
"Esperamos mais de 10 mil pessoas, mas esse número pode ser ainda maior em função da efervescência pós-junho", afirma a universitária Thaisa Torres, 23, estudante de Gestão de Políticas Públicas da USP (Universidade de São Paulo) e integrante da organização.
Quem faz a marcha?
O Coletivo Marcha da Maconha, que organiza os atos desde 2008, é formado por movimentos e entidades antiproibicionistas e se estrutura de maneira horizontal, sem líderes e hierarquia. Participam do coletivo organizações como o DAR (Desentorpecendo a Razão), a casa Fora do Eixo, além de militantes avulsos do PSOL, PT, PCdoB e até do MPL (Movimento Passe Livre)."Os avanços no Brasil ainda são muito poucos, se comparamos com a conjuntura internacional. Temos quatro projetos de lei tramitando no Congresso, todos com propostas de descriminalização, mas, a discussão aqui ainda não é avançada para aprova-los", afirma Thaisa.
Por conta da heterogeneidade dos membros e por priorizar a luta na rua, o coletivo não chegou a elaborar uma proposta concreta e definida para legalização das drogas. "A gente não tem um modelo ideal. A gente sabe o que não quer, que é a criminalização", diz a universitária.
O coletivo trata o projeto aprovado no Uruguai "como um dos mais avançados do mundo", mas tem ressalvas com alguns pontos da proposta. "O exemplo do Uruguai é benéfico em muitos pontos, mas limita a quantidade de droga consumida por usuário e cria um cadastro de compradores. O álcool qualquer um compra livremente, o quando quiser, e não há um cadastro, porque com a maconha tem que ter?", questiona Thaisa.
Liminares e tensão com a polícia
Durante três anos, a briga dos organizadores era com a polícia, que via nos atos como apologéticos ao uso de drogas, e com as liminares que proibiam a realização dos eventos. O ápice do conflito ocorreu em 2011, quando a Marcha da Maconha, proibida pela Justiça, foi transformada em Marcha da Liberdade. A mudança do nome, no entanto, não evitou o confronto com policiais militares que acompanharam o ato.Naquele ano, uma decisão do STF (Supremo Tribunal Federal) pôs fim à contenda ao garantir o direito de se realizar as marchas.
Os conflitos com a polícia, no entanto, permanecem. Na marcha do ano passado, realizada antes dos protestos de junho, manifestantes que portavam ou usavam drogas foram detidos. Apesar de orientar os participantes a não usar drogas, os organizadores não impedem o consumo. Neste ano, será montado pelos manifestantes um cordão de segurança em cada lateral da marcha, para evitar possíveis problemas com a polícia.
A despeito da inevitável tensão, os organizadores prometem abusar da irreverência, com cânticos antiproibicionistas --como o "ei, polícia, maconha é uma delícia", e os "beck blocs", sátira pacífica dos black blocs. "Eles vão usar máscaras de maconha", conta Thaisa.
A marcha paulistana será a primeira de 19 realizadas em todo o país, inclusive nas principais capitais, até junho.
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