Josias de Souza
No livro de Cameron Crowe sobre suas conversas com Billy Wilder,
ele enumerou os dez mandamentos do seu interlocutor para os
roteiristas de cinema. O sexto mandamento é um convite à autocrítica:
‘If you have a problem with the third act, the real problem is in the
first act’. Ou: “Se você está tendo problemas com o terceiro ato, o
verdadeiro problema está no primeiro ato”.
Pois bem. No próximo final de semana, dias 2 e 3 de maio, o PT realiza em São Paulo um encontro nacional para aprovar as diretrizes do programa de governo da recandidata Dilma Rousseff. A peça está sendo preparada por Marco Aurélio Garcia, o mesmo redator dos programas de 2006 e de 2010. O mote do documento é um paradoxo: “continuidade com mudança.”
Ou seja: Dilma será vendida pelo marketing da campanha de 2014 como a pessoa mais indicada para corrigir os erros de Rousseff. Ou vice-versa. As pesquisas já haviam informado que, na visão dos brasileiros, a gestão de Dilma desanda desde o terceiro ato. O desejo de mudança já roda na casa dos 70%. Pela fórmula de Wilder, o verdadeiro problema de Dilma está no primeiro ato. Chama-se Lula.
A lista preparada por Crowe traz um conselho extra de Wilder, um 11º mandamento: “That’s it. Don’t hang around”. Algo assim: ‘Pronto. Dê o fora’. Dito de outro modo: saiba identificar o momento exato de terminar o seu filme, não deixe passar do ponto. Em 2010, Lula trombeteou Dilma como a mulher-maravilha. E permaneceu no palco, tutelando a pseudogerente. Esqueceu de dar o fora.
Lula e Dilma participarão da abertura da pajelança petista, na próxima sexta-feira (2). Ambos irão ao microfone. Ele, para espantar o “volta, Lula”. Vamos e venhamos: como poderia voltar alguém que nunca foi?. Ela, para dizer à plateia, com outras palavras, algo assim: nunca digas desta água não beberei mais. Ferve antes e engole por pelo menos mais quatro anos.
Antes de seguir para o encontro do PT, Dilma talvez telefone para Lula. Como ele anda irritado com ela, não atenderá na primeira ligação. Quando a presidente estiver quase saindo do hotel, finalmente, virá o telefonema com a instrução: “use aquele vermelhinho”. Dilma trocará o terninho verde, colocará o recomendado e irá à luta.
Nos dias subsequentes, bastará seguir o que for determinado, nos seus mínimos detalhes, para triunfar em outubro. Além de dizer diariamente como Dilma deve escovar os dentes, Lula passará instruções mais específicas. Por exemplo: para controlar a CPI, não mexa com o homem do Renan Calheiros na Transpetro. Ou ainda: se a economia se desmantelar um pouco mais, se a inflação estourar a meta, jogue o Guido Mantega ao mar.
Dilma às vezes faz cara feia, especialmente quando o padrinho lhe torce as orelhas. Mas já aprendeu: no PT, deixar tudo nas mãos de Lula corresponde a entregar tudo para Deus. Dilma é a prova de que a entidade não é infalível. Mas, que diabo, todo mundo merece uma nova chance. Com mais dois mandatos, o PT aproximará o Brasil da perfeição em 2022. Com mais quatro, levará o brasileiro à felicidade perpétua em 2030.
Pois bem. No próximo final de semana, dias 2 e 3 de maio, o PT realiza em São Paulo um encontro nacional para aprovar as diretrizes do programa de governo da recandidata Dilma Rousseff. A peça está sendo preparada por Marco Aurélio Garcia, o mesmo redator dos programas de 2006 e de 2010. O mote do documento é um paradoxo: “continuidade com mudança.”
Ou seja: Dilma será vendida pelo marketing da campanha de 2014 como a pessoa mais indicada para corrigir os erros de Rousseff. Ou vice-versa. As pesquisas já haviam informado que, na visão dos brasileiros, a gestão de Dilma desanda desde o terceiro ato. O desejo de mudança já roda na casa dos 70%. Pela fórmula de Wilder, o verdadeiro problema de Dilma está no primeiro ato. Chama-se Lula.
A lista preparada por Crowe traz um conselho extra de Wilder, um 11º mandamento: “That’s it. Don’t hang around”. Algo assim: ‘Pronto. Dê o fora’. Dito de outro modo: saiba identificar o momento exato de terminar o seu filme, não deixe passar do ponto. Em 2010, Lula trombeteou Dilma como a mulher-maravilha. E permaneceu no palco, tutelando a pseudogerente. Esqueceu de dar o fora.
Lula e Dilma participarão da abertura da pajelança petista, na próxima sexta-feira (2). Ambos irão ao microfone. Ele, para espantar o “volta, Lula”. Vamos e venhamos: como poderia voltar alguém que nunca foi?. Ela, para dizer à plateia, com outras palavras, algo assim: nunca digas desta água não beberei mais. Ferve antes e engole por pelo menos mais quatro anos.
Antes de seguir para o encontro do PT, Dilma talvez telefone para Lula. Como ele anda irritado com ela, não atenderá na primeira ligação. Quando a presidente estiver quase saindo do hotel, finalmente, virá o telefonema com a instrução: “use aquele vermelhinho”. Dilma trocará o terninho verde, colocará o recomendado e irá à luta.
Nos dias subsequentes, bastará seguir o que for determinado, nos seus mínimos detalhes, para triunfar em outubro. Além de dizer diariamente como Dilma deve escovar os dentes, Lula passará instruções mais específicas. Por exemplo: para controlar a CPI, não mexa com o homem do Renan Calheiros na Transpetro. Ou ainda: se a economia se desmantelar um pouco mais, se a inflação estourar a meta, jogue o Guido Mantega ao mar.
Dilma às vezes faz cara feia, especialmente quando o padrinho lhe torce as orelhas. Mas já aprendeu: no PT, deixar tudo nas mãos de Lula corresponde a entregar tudo para Deus. Dilma é a prova de que a entidade não é infalível. Mas, que diabo, todo mundo merece uma nova chance. Com mais dois mandatos, o PT aproximará o Brasil da perfeição em 2022. Com mais quatro, levará o brasileiro à felicidade perpétua em 2030.
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