Hoje é Dia do Índio, criado por Getúlio
Vargas. Dia para que toda elite branca culpada se penitencie por suas
conquistas materiais e, com isso, torne-se presa fácil para os
oportunistas de plantão, que falam em nome das “minorias”, mas agem em benefício próprio.
Não, eu não estou aqui negando que os
índios sofreram no passado. Longe de mim! Estou apenas constatando que
toda a história maniqueísta e revisionista, que trata o homem branco
ocidental como “malvado” e os índios como vítimas puras e indefesas, não
passa de balela, uma mentira que serve aos interesses de muita gente.
Mas a maldita ideia de “bom selvagem”,
divulgada por Rousseau, sobrevive, e ainda conquista muitas almas. “Ah,
como os índios viviam em paz com a natureza e sem a corrupção
capitalista!” Nada disso. Viviam como selvagens, bárbaros, que destruíam
a natureza por ignorância científica, ateando fogo na mata toda, e se
matavam entre si, sem falar de práticas nefastas como o infanticídio,
existentes até hoje em algumas tribos remanescentes.
Sad, but true, como diria o
Metallica. Mas a questão indígena cai como uma luva na narrativa dos
esquerdistas que lideram a “marcha dos oprimidos”. Tudo para condenar o
capitalismo, o homem branco ocidental malvado, explorador, cruel,
insensível. E, claro, demandar reparações, muitas reparações,
intermediadas pela corrupta Funai, porque ninguém é de ferro.
Em sua coluna
de hoje na Folha, Kátia Abreu fala do Dia do Índio, defendendo que o
povo indígena merece cidadania, não apito. Devemos olhar para frente,
não para trás. Há algo de cruel e arrogante no tratamento que a elite
culpada dá aos índios, vistos como mentecaptos, inimputáveis, seres
inferiores que merecem sua nobre proteção, algo como bichos num
zoológico humano.
Não! Índios são brasileiros, a maioria
totalmente adaptada ao ambiente cultural, e devemos lutar por um Brasil
sob o império das leis, ou seja, que trate cada um da mesma forma, como
cidadão. Criar duas nações segregadas dentro do mesmo país, a nação
indígena e a nação dos brasileiros, é absurdo. Diz a senadora:
Basta
escutar a demanda dos indígenas de nosso país e observar suas precárias
moradias para ter ciência de que não querem, nem pretendem, voltar a uma
era pré-Cabral. Querem ser brasileiros indígenas, índios cidadãos, e
não constituir isoladamente uma nação dentro da nação brasileira, que é
de todos nós.
De outro
lado, a Funai deveria parar de incitar o Cimi (Conselho Indigenista
Missionário) a travar uma luta contra o agronegócio, o lucro, a economia
de mercado e os produtores rurais, como se esses fossem os verdadeiros
responsáveis pelos atuais conflitos agrários envolvendo demandas
indígenas.
Não é mais
possível que índios sejam os instrumentos de tais políticas, sendo eles,
da mesma maneira que os empreendedores rurais, vítimas de uma situação
que os ultrapassa.
Concordo. Não há como discordar! Os
índios, como abstração, viraram apenas instrumento de uso ideológico ou
monetário para alguns, e os índios de carne e osso sofrem as
conseqüências, vivendo em favelas rurais, abandonados, tratados como
cidadãos de segunda classe. Os líderes enriquecem, os corruptos do
governo também, e a maioria vive na miséria.
Kátia Abreu conclui: “A injustiça não
pode ser acobertada ideologicamente pelos que visam a destruir a
economia de mercado e o Estado democrático de Direito, transformando
indígenas em meros instrumentos de seus projetos políticos”. Eis uma
homenagem realmente louvável aos índios no dia de hoje, bem melhor do
que vestir o filho com um cocar e achar que, assim, os “brancos
malvados” redimiram seus pecados de séculos atrás.
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