domingo, 20 de abril de 2014

Juventude do PT: ‘Não apoiamos as manifestações porque são despolitizadas’



Em meio a críticas de distanciamento entre governo federal e movimentos sociais, a presidente Dilma Rousseff busca uma aproximação com a Juventude do PT, que prepara uma série de ações para dar um reforço à campanha de reeleição...
 
Um ato está sendo preparado para o final de maio, que deve contar com a presidente e com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. A juventude petista investe em temas como Marco Civil da Internet, reforma política e Copa do Mundo.
 
O presidente da Juventude do PT, Jefferson Lima, diz que, no encontro da semana passada com a presidente, se comprometeu a trabalhar para tirar de pauta o projeto de lei que modifica o Código Penal brasileiro para enquadrar a ação de grupos “black blocs” durante manifestações para punir com mais rigor quem praticar atos de vandalismo e violência coletivos durante o período da Copa do Mundo, em junho.
 
Lima diz que a Juventude do PT é contra as manifestações realizadas em torno do tema da Copa do Mundo. “Não concordamos com as manifestações porque elas são despolitizadas”, diz ele. “Somos sim contra o evento não ser popular, contra prostituição, exploração infantil, mas não apoiamos essas manifestações como elas estão sendo conduzidas. Mas somos totalmente contra repressão das manifestações, não pode reprimir.”
 
Leia abaixo a entrevista com o presidente da Juventude do PT:
 
Qual a próxima ação da Juventude do PT?

Estamos organizando um grande festival cultural que vai chamar Aldeias da Juventude. Vai ser em Guarulhos, nos dias 30 e 31 de maio e primeiro de junho. Vamos reunir cerca de 1.500 jovens de todo o Brasil, não só da Juventude, mas também de movimentos sociais. Queremos juntar várias tribos para falar de política e arte, além de debater propostas para o programa de governo do PT. Também teremos um ato político que deve ter a presença da presidente Dilma Rousseff e do ex-presidente Lula, já fiz o convite para eles, além de Padilha, Gleisi, Lindbergh e outros candidatos do PT. Vamos lançar a programação em maio mas vai ser tudo lúdico, com shows, apresentações de teatro, circo.
 
Quais temas vocês estão discutindo para o programa de governo? Como isso está sendo feito?

Violência contra jovens e mulheres, drogas, mobilidade urbana e digital. Estamos fazendo debates regionais, primeiramente. Já foram dois, em Fortaleza e no Recife. Ainda teremos outros sete. Cada debate desse reúne entre 50 e 100 jovens. Estamos ouvindo o que eles têm a nos dizer primeiro. Depois vamos dialogar com o governo, com a Secretaria da Juventude, com o Conselho Nacional da Juventude, para que no final de maio nós já tenhamos propostas mais objetivas para sentar com a coordenação da campanha e formalizar a proposta da Juventude do PT. Depois disso, quando as alianças foram fechadas, vamos nos reunir com esses partidos para reunirmos nossas propostas. Faremos um ato simbólico de entrega desse documento à presidente Dilma.
 
O que vocês têm ouvido? Há uma reclamação de que o PT se afastou dos movimentos sociais.

A gente nunca perdeu o diálogo, estamos no processo de ampliar o diálogo. Posso resumir com uma fala do (presidente do PT) Rui (Falcão): nunca menos. A Juventude tem várias demandas e assim vamos poder avançar. Não estamos nos reaproximando, estamos ampliando o dialogo. Já nos reunimos três vezes com a presidente depois dos protestos de junho. E ouvimos muito isso da necessidade do PT, da presidente, nos ouvir e de ampliar a mudança que o partido promoveu. Ouvimos muito sobre ousadia, que o governo precisa ter ousadia para, por exemplo, a reforma política, que é bandeira do PT, avance. A reforma só vai avançar se o governo tiver esse compromisso.
 
Como a Juventude do PT vai participar da campanha à reeleição da presidente Dilma?

Vamos mobilizar a Juventude de todos os estados. A ideia é visitarmos todas essas regiões para organizar, junto com os partidos das alianças regionais, as nossas propostas. Também vamos organizar encontros da presidente com as Juventudes dos locais que ela visitar. Além disso, vamos organizar atos nacionais da Juventude dentro da campanha.
 
Muitos jovens têm participado de protestos contra a Copa. O PT e o governo têm feito campanhas em apoio ao evento. A Juventude recebeu alguma orientação sobre o evento?

Nós valorizamos muito esse evento esportivo, achamos muito importante. Temos criticas com relação à Copa por ser um evento privado, um monopólio da Fifa que tem erros graves. Nosso papel é popularizar a Copa do Mundo para tentar barrar alguns desses erros graves. Esse é o compromisso que temos com o governo e com o PT, que o povo possa participar não só dos jogos de futebol, mas que tenha consciência do legado que a Copa vai deixar. São vários avanços que a Copa vai deixar, mas não são avanços populares.
 
E sobre os protestos contra a Copa, qual a posição da Juventude? O governo federal quer punir com mais rigor vandalismos praticados durante os atos.

Fizemos vários debates sobre isso. Não concordamos com as manifestações porque elas são despolitizadas. Somos sim contra o evento não ser popular, contra prostituição, exploração infantil, mas não apoiamos essas manifestações como elas estão sendo conduzidas. Mas somos totalmente contra repressão das manifestações, não pode reprimir. Falamos muito francamente com a presidente Dilma, no último encontro que tivemos com ela, sobre o projeto de lei do Ministério da Justiça. No Brasil já existe legislação suficiente para dar conta disso. Ouvimos da própria presidente que esse projeto não será levado adiante. 

Ela se comprometeu a retirar de pauta. O próprio Rui Falcão também disse isso. É uma conquista nossa.

Fonte: Portal iG - 20/04/2014 - - 00:51:56

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