Britânico Andrew Jennings levanta suspeita de que cidade pagou para receber votos de membros do COI
16 de abril de 2014 | 11h 43
Jamil Chade - O Estado de S. Paulo
A base da acusação é a constatação de que um dia antes da votação em 2009 para saber que cidade ficaria com a sede dos Jogos, o polêmico Jean Marie Weber foi visto na festa de gala do COI, em Copenhague.
Oawell Kopczynski/AP
Rio de Janeiro teria comprado votos no COI para ser sede
Notícias Relacionadas
- Dossiê de candidatura do Rio 2016 previa obras prontas já em 2011
- NAS REDES - Acompanhe o Estadão Esportes também no Facebook!
- Atraso do Rio para Olimpíada é 'decepcionante', diz presidente da ITF
- Comitê Rio 2016 afirma que trabalho em conjunto com o COI foi renovado
- Organizadores do Rio 2016 admitem problemas, mas garantem 'grandes Jogos'
Em 2009, no evento do COI, tanto Weber quanto Havelange estavam uma vez mais no mesmo local. "João convenceria um número suficiente de membros do COI e Jean Marie Weber distribuiria o dinheiro", indica o autor. Jennings, porém, não traz provas de que o dinheiro teria sido pago nem quem teria recebido. "Havelange sabia o preço de todos os membros do COI", aponta o livro, citando o fato de que o dirigente esteve envolvido no esporte por 46 anos e que havia "atuado por décadas" ao lado de Weber.
Ainda de acordo com o livro e com as apurações do jornalista, Weber, mesmo apontado pela Justiça suíça como tendo feito parte do esquema de corrupção dentro da Fifa, ganhou uma credencial do COI com direito a permanecer dentro do hotel Marriott, onde estavam os membros do Comitê que votariam para escolher a sede de 2016, o Rio de Janeiro. Já os jornalistas ficaram do lado de fora do hotel.
"Ele (Weber) conhecia a todos, especialmente os membros mais antigos que faziam parte da entidade. E isso era uma entrada a propinas para as cidades candidatas", escreveu. "Isso nunca acabou. A única mudança é que os negócios eram feitos de forma mais discreta."
OURO
O livro não se resume aos problemas no COI e traz diversos detalhes ainda sobre a gestão de Havelange no comando da Fifa. O autor, por exemplo, conta como o brasileiro desembarcava no Brasil durante o período em que foi presidente da Fifa com uma mala repleta de barras de ouro e usava o fato de ter um passaporte diplomático para não ser revistado. As acusações são pesadas contra Havelange.
Segundo o jornalista, o brasileiro fazia a viagem com as barras de ouro em média cinco vezes por ano. Numa mala de alumínio eram colocados sempre um valor de cerca de US$ 30 mil (R$ 90 mil) em ouro. Jennings cita um ex-funcionário da Fifa como fonte de sua informação e aponta que, na volta, Havelange a utilizava para trazer café em pó e distribuir aos funcionários da entidade em Zurique.
CASTOR DE ANDRADE
No livro, Jennings ainda traz uma carta que Havelange teria dado ao bicheiro Castor de Andrade, do Rio, como uma espécie de apresentação para quem o ousasse atacar. Escrita em 2 de outubro de 1987, a carta insiste nos benefícios que Castor de Andrade trazia à sociedade e elogiava sua "lealdade". "Castor de Andrade é respeitado e admirado por seus amigos, por sua educação e seus feitos", diz.
"Eu autorizo Castor de Andrade a usar essa declaração em sua conveniência", diz a carta. "Sou o presidente da Fifa e Castor é uma personalidade reconhecida do esporte no Rio. Aqueles que o atacam talvez ignoram esse lado positivo de sua personalidade."
Nenhum comentário:
Postar um comentário