domingo, 20 de abril de 2014

Petrobras: privatizar é a solução


20/04/2014
às 11:36 \





Em artigo publicado hoje no GLOBO, o administrador de empresas João Luiz Mauad defende abertamente a privatização da Petrobras, tema ainda considerado tabu no Brasil. É ótimo ver a ideia ganhar coro na imprensa, pois venho defendendo isso há anos, sem muita companhia. Não há por que o governo ser empresário, e o argumento de “setor estratégico” simplesmente não se sustenta, além de ter sido usado pela esquerda em todas as privatizações.

Mauad usa um estudo do Banco Mundial mostrando que sequer há correlação entre abundância de recursos naturais e prosperidade de uma nação. Basta pensarmos no caso do petróleo mesmo. Países exportadores: Rússia, Nigéria, Venezuela, Irã. Modelos para alguma coisa? Países importadores: Japão, Inglaterra, Estados Unidos. É, parecem um pouco melhor…

Acreditar que em pleno século 21 o que garante o desenvolvimento de uma sociedade é a existência de recursos naturais, e pior!, geridos pelo próprio governo, é uma crença muito ingênua de pessoas um tanto alienadas. Vejam o sucesso de Cingapura e Hong Kong, sem uma gota de petróleo, sem recurso natural algum! É o capital humano e as instituições o que importa.

Vamos aos números trazidos por Mauad e à sua conclusão:

Os resultados mostram que, quanto mais desenvolvidas são as nações, menos elas dependem dos recursos naturais e mais utilizam os chamados capitais intangíveis. A comparação dos índices verificados entre os dez primeiros e os dez últimos do ranking analisado é bastante ilustrativa. Enquanto a participação dos capitais naturais no produto total de nove dos dez países mais ricos varia entre zero e 3% (a exceção é a Noruega, com 12%), nos países mais pobres ela nunca é inferior a 25%.

Por outro lado, os capitais intangíveis têm um peso médio superior a 80% nas economias avançadas, enquanto navegam entre 40 e 60% na maioria dos dez países mais pobres. De toda a riqueza produzida no mundo, o estudo estimou em apenas 5% a contribuição dos capitais naturais, contra 17% dos capitais produtivos e nada menos que 77% dos intangíveis.

Esses resultados comprovam que não existe sequer correlação positiva entre desenvolvimento econômico e disponibilidade de recursos naturais. Não é à toa que nações como Japão, Cingapura e Suíça, por exemplo, localizados em regiões geologicamente pobres e geograficamente inóspitas, obtêm resultados econômicos bem melhores que muitos países com relativa abundância de riquezas naturais, como Nigéria, Brasil e Venezuela.

Se o governo estivesse realmente interessado no progresso e nos interesses do povo, deixaria a iniciativa privada cuidar da Petrobras e se concentraria em melhorar as nossas instituições e incrementar o capital humano.

Não há como discordar. Claro, mesmo a empresa sendo estatal, ela não precisaria ser tão maltratada, tão abusada. Isso é mérito do PT, que estraga tudo aquilo em que coloca as mãos (ou garras, para ser mais preciso). Nos tempos de FHC havia uma gestão mais técnica, sem dúvida.

Mas sabemos que a gestão estatal será sempre mais ineficiente, e sujeita a esses riscos de corrupção e desvio de recursos para fins políticos. Tirar o PT do poder é uma medida importante, mas paliativa. A solução estrutural mesmo é outra: Privatize Já!


Rodrigo Constantino

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