Em artigo
publicado hoje no GLOBO, o administrador de empresas João Luiz Mauad
defende abertamente a privatização da Petrobras, tema ainda considerado
tabu no Brasil. É ótimo ver a ideia ganhar coro na imprensa, pois venho
defendendo isso há anos, sem muita companhia. Não há por que o governo
ser empresário, e o argumento de “setor estratégico” simplesmente não se
sustenta, além de ter sido usado pela esquerda em todas as privatizações.
Mauad usa um estudo do Banco Mundial
mostrando que sequer há correlação entre abundância de recursos naturais
e prosperidade de uma nação. Basta pensarmos no caso do petróleo mesmo.
Países exportadores: Rússia, Nigéria, Venezuela, Irã. Modelos para
alguma coisa? Países importadores: Japão, Inglaterra, Estados Unidos. É,
parecem um pouco melhor…
Acreditar que em pleno século 21 o que
garante o desenvolvimento de uma sociedade é a existência de recursos
naturais, e pior!, geridos pelo próprio governo, é uma crença muito
ingênua de pessoas um tanto alienadas. Vejam o sucesso de Cingapura e
Hong Kong, sem uma gota de petróleo, sem recurso natural algum! É o
capital humano e as instituições o que importa.
Vamos aos números trazidos por Mauad e à sua conclusão:
Os
resultados mostram que, quanto mais desenvolvidas são as nações, menos
elas dependem dos recursos naturais e mais utilizam os chamados capitais
intangíveis. A comparação dos índices verificados entre os dez
primeiros e os dez últimos do ranking analisado é bastante ilustrativa.
Enquanto a participação dos capitais naturais no produto total de nove
dos dez países mais ricos varia entre zero e 3% (a exceção é a Noruega,
com 12%), nos países mais pobres ela nunca é inferior a 25%.
Por outro
lado, os capitais intangíveis têm um peso médio superior a 80% nas
economias avançadas, enquanto navegam entre 40 e 60% na maioria dos dez
países mais pobres. De toda a riqueza produzida no mundo, o estudo
estimou em apenas 5% a contribuição dos capitais naturais, contra 17%
dos capitais produtivos e nada menos que 77% dos intangíveis.
Esses
resultados comprovam que não existe sequer correlação positiva entre
desenvolvimento econômico e disponibilidade de recursos naturais. Não é à
toa que nações como Japão, Cingapura e Suíça, por exemplo, localizados
em regiões geologicamente pobres e geograficamente inóspitas, obtêm
resultados econômicos bem melhores que muitos países com relativa
abundância de riquezas naturais, como Nigéria, Brasil e Venezuela.
Se o governo
estivesse realmente interessado no progresso e nos interesses do povo,
deixaria a iniciativa privada cuidar da Petrobras e se concentraria em
melhorar as nossas instituições e incrementar o capital humano.
Não há como discordar. Claro, mesmo a
empresa sendo estatal, ela não precisaria ser tão maltratada, tão
abusada. Isso é mérito do PT, que estraga tudo aquilo em que coloca as
mãos (ou garras, para ser mais preciso). Nos tempos de FHC havia uma
gestão mais técnica, sem dúvida.
Mas sabemos que a gestão estatal será
sempre mais ineficiente, e sujeita a esses riscos de corrupção e desvio
de recursos para fins políticos. Tirar o PT do poder é uma medida
importante, mas paliativa. A solução estrutural mesmo é outra: Privatize Já!
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