Gabrielli diz que Dilma deveria assumir sua parte na negociata da refinaria
Refinaria de ouro Diário do Poder
Publicado: 20 de abril de 2014 às 17:34 - Atualizado às 17:56
O ex-presidente da Petrobras, José Sergio Gabrielli (foto), que comandava a estatal na ocasião da compra da refinaria de Pasadena, nos Estados Unidos, em 2006, reconheceu sua parcela de responsabilidade no polêmico negócio. Mas, ele alertou: a presidente Dilma Rousseff não pode fugir à responsabilidade que é dela também. Na época, Dilma era presidente do Conselho de Administração da Petrobras.
As informações estão na edição deste domingo (20) no jornal O Estado de S. Paulo.
Gabrielli disse que o relatório entregue ao Conselho de Administração da estatal foi “omisso” ao esconder duas cláusulas que constavam do contrato, mas Dilma, que era ministra da Casa Civil e presidia o conselho, “não pode fugir da responsabilidade dela”.
O ex-presidente da estatal defende a compra da refinaria conforme as circunstâncias da época e alfineta sua sucessora, Graça Foster, ao afirmar que a Petrobrás não foi construída nos dois anos de gestão da atual presidente da estatal.
De acordo com ele, a queda do preço das ações da estatal não se deve a Pasadena, mas à conjuntura externa, afetada pela crise financeira global de 2008, e à política do governo de manutenção artificial dos preços da gasolina no Brasil abaixo do mercado internacional. Política que, segundo Gabrielli, está contaminada pela disputa eleitoral.
“Eu sou responsável. Eu era o presidente da empresa. Não posso fugir da minha responsabilidade, do mesmo jeito que a presidente Dilma não pode fugir da responsabilidade dela, que era presidente do conselho. Nós somos responsáveis pelas nossas decisões. Mas é legítimo que ela tenha dúvidas”, afirmou Gabrielli.
Ao ser perguntado se o relatório é falho, Gabrielli disse que: “Ele [o relatório] foi omisso. Sem dúvida nenhuma foi omisso porque as duas cláusulas mencionadas [Put Option, que obrigou a Petrobrás a comprar a outra metade da refinaria, e Marlim, que compensaria a então sócia Astra por possíveis prejuízos] não constavam da apresentação feita aos conselheiros”, afirmou.
Em relação à nomeação do primo José Orlando para o cargo de presidente da Petrobras América, Gabrielli se defendeu.
“O Zé Orlando entrou na Petrobras em 1978. Quando cheguei, em 2003, era conhecido como primo de Zé Orlando. Não ele [conhecido como] meu primo. Quando a indicação para presidência da Petrobrás América chegou, eu tinha as seguintes opções: veto porque é meu primo ou aceito porque é a pessoa mais correta. Aí resolvi comunicar à CVM [Comissão de Valores Mobiliários] porque não é justo vetá-lo por ser meu primo. Enquanto ele esteve lá nós só fizemos disputa judicial. Não teve nenhum pagamento à Astra”, afirmou o ex-dirigente.
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