sábado, 12 de abril de 2014

Empresas ligadas à Petrobras faziam repasses a políticos, indica documento







Um documento apreendido pela Polícia Federal na casa do ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa levanta a suspeita de que ele intermediava o repasse de dinheiro de grandes empreiteiras para políticos. 

Costa foi preso na Operação Lava Jato e é apontado pela Polícia Federal como integrante de um esquema que movimentou de forma suspeita cerca de R$ 10 bilhões. 

Uma tabela apreendida, à qual a Folha teve acesso, é escrita à mão e está dividida em três colunas: "nome da empresa", "executivo" (com os nomes dos responsáveis de cada empresa) e "solução", em que aparece a descrição do andamento da negociação em questão. 

"[O documento traz] Diversas anotações que indicam possíveis pagamentos para 'candidatos', podendo indicar financiamento de campanha", escreve a Polícia Federal no relatório de análise do material apreendido. 




O ex-diretor da Petrobras, Paulo Roberto Costa, sai do IML após prisão na Operação Lava Jato
O ex-diretor da Petrobras, Paulo Roberto Costa, sai do IML após 
prisão na Operação Lava Jato

As empresas citadas são conhecidas doadoras de campanhas eleitorais.
No campo soluções, aparecem relatos como: "Está disposto a colaborar. Iria falar com executivo para saber se já ajudam em algo", "Já está colaborando, mas vai intensificar mais para a campanha a pedido do PR", e "Já teve conversa com candidato, vai colaborar a pedido do PR". 

No análise do documento, os agentes da PF se questionam sobre se a sigla PR significa Paulo Roberto. 

Ainda na tabela, há os seguintes registros: "Empresa passando por processo de venda, vai colaborar a partir de julho" e "já vem ajudando, pediu para certificar se candidato está ciente. Vai ajudar + a pedido PR". 

As anotações datam de fevereiro, mas não há registro de qual ano se trata.
Um dos focos de apuração da Operação Lava Jato é a transferência de dinheiro de empresas que tinham contrato com a Petrobras para uma conta que, de acordo com a PF, era usada pelo esquema para repassar propina para funcionários públicos e políticos. 

No relatório de análise do material apreendido na casa do ex-diretor da estatal, a Polícia Federal registra ainda a existência de um documento com o título "PLANILHA VALORES (Existente/Entradas/Saídas) a partir de 30/11/12 até 03/06/13, que aparenta ser uma 'contabilidade manual' da empresa Costa Global [empresa de Paulo Roberto]". 

No texto, os agentes destacam que na rubrica "Entrada" há a inscrição "primo", que é o apelido pelo qual é conhecido o doleiro Alberto Youssef, apontado pela PF como um dos coordenadores do esquema. 

'ORGANIZADO'
 
Conforme a Folha revelou na semana passada, empresários e congressistas descrevem Costa nos bastidores como "organizado", dono de arquivos em que guardaria planilhas detalhadas com os registros do que fazia. 

Por essa razão, o ex-diretor da Petrobras é um dos focos da oposição, que tenta criar uma CPI no Congresso para investigar a Petrobras e desgastar o governo Dilma Rousseff no ano eleitoral. 

Na apreensão na casa do ex-executivo da estatal, os investigadores destacam também a grande quantidade de valores em espécie: US$ 181 mil e R$ 762 mil.
Paulo Roberto Costa foi preso em 20 de março sob a acusação de tentar destruir documentos. Ele recebeu de Youssef um Land Rover Evoque, carro no valor de R$ 250 mil. Segundo a Polícia Federal, ambos tinham um relacionamento estreito. 



Editoria de Arte/Folhapress


Nenhum comentário: