Se
continuasse em segredo a gastança criminosa na refinaria de Pasadena ou
na refinaria Abreu e Lima, se a imprensa não tivesse revelado nenhuma
das patifarias bilionárias que há semanas afrontam o país que presta, só
o pânico provocado no Planalto pela assombração da CPI bastaria para
convencer até um bebê de colo de que é preciso devassar com urgência e
sem brandura as catacumbas da Petrobras. O que se descobriu até agora
grita que 11 anos de governo lulopetista reduziram a maior das estatais a
uma portentosa usina de maracutaias. O que falta descobrir pode
rebaixar o escândalo do mensalão a coisa de batedor de carteira.
O
Brasil Maravilha, repito, não passa de um pobretão metido a besta que
se fantasia de rico com um fraque puído nos fundilhos.
Coerentemente, a
Petrobras inventada por Lula finge prosperar com as sobras da
autossuficiência que nunca existiu, esbanja antecipadamente o dinheiro
que jamais lucrará com a exploração do pré-sal e, enquanto importa
milhões de barris, capricha na pose de sócia atleta da OPEP.
Surpreendidos pelo tsunami de delinquências comprovadas, os farsantes no
poder decidiram recorrer ao estoque de métodos repulsivos para afastar a
estatal das primeiras páginas onde vem estacionando diariamente.
A
julgar pelo noticiário da segunda-feira, assim será também nesta
semana. “Operação da Polícia Federal aponta intermediação do doleiro
Alberto Youssef entre fornecedores da Petrobras, PP e PMDB”, informou o Estadão. ”Petrobras contrata R$ 90 bilhões sem licitação em três anos”, revelou a manchete da Folha. Nesta terça, o Estadão confirmou
que o deputado André Vargas foi forçado pelos próprios companheiros a
licenciar-se da Câmara “para não alimentar a CPI da Petrobras”. O
principal concorrente, baseado numa pesquisa do Datafolha, constatou que
“78% dos brasileiros acreditam que há corrupção na Petrobras”.
Levada
às cordas pela devastadora sequência de fatos, Dilma Rousseff replicou
com outro palavrório de pugilista grogue: “A CPI da Petrobras é fruto da
disputa eleitoral”. Nesta tarde, Lula interrompeu o silêncio dos
sem-álibi para distrair com bazófias, bravatas e tapeações uma plateia
de blogueiros estatizados. ”As pessoas nunca quiseram CPI pra nada, e
agora…”, desandou o palanque ambulante. “Então, eu acho que nesse
aspecto o PT tem que ir para cima”. A continuação do palavrório
confirmou que o maior dos governantes desde Tomé de Souza anda pouco
inspirado.
“Mais
uma vez, os interesses políticos estão fazendo com que, em época de
eleição, a oposição que não tem bandeira, não tem voto, levante a ideia
de fazer uma CPI”, repetiu-se, antes de desferir outra bofetada no rosto
dos brasileiros decentes: “A gente não pode permitir que, por omissão
nossa, as mentiras continuem prevalecendo. Temos que defender com unhas e
dentes aquilo que a gente acredita que seja verdadeiro”. Foi, portanto,
para garantir o triunfo da verdade que Lula e Dilma selecionaram tão
cuidadosamente os coveiros encarregados de enterrar a CPI da Petrobras.
A
escolha de Renan Calheiros e Romero Jucá foi, simultaneamente, uma
confissão de culpa e um sintoma de desespero. Agindo em parceria, o
pecuarista sem rebanho e o fazendeiro do ar (veja o post na seção Vale Reprise)
são mais que uma dupla de assassinos da ética e da moral. Os dois
prontuários ambulantes valem por um bando. A Polícia Federal e o
Ministério Público deveriam anexá-los aos inquéritos e processos que
envolvem a estatal.
Renan
e Jucá são, sobretudo, duas evidências contundentes de que, pelo andar
da carruagem, o governo do PT e da base alugada ainda vai conseguir
infiltrar a Petrobras na lista das organizações criminosas sob a mira da
Interpol.
10 de abril de 2014Augusto Nunes, Veja online
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