Diante da falta de chuvas e da maior crise hídrica da história de São Paulo, a represa de Salto Grande, em Americana (100 km de SP), ganhou uma enorme mancha verde que afeta o ecossistema local.
Resultado do represamento do rio Atibaia para gerar energia, a lagoa de 14 km² está coberta por bactérias, cianobactérias, algas verdes, fungos e protozoários.
A mancha ocupa cerca de 70% do espelho-d'água, atinge meio metro de profundidade, tinge a pele de animais e causa queimaduras em pessoas que entram na lagoa.
Ponto de lazer da região, a represa atrai lanchas, motos aquáticas e banhistas nos fins de semana. Bichos também ficaram verdes -a Folha viu pelo menos um pato e um cachorro com essa cor.
Represa Verde
Ponto de lazer da região, a represa atrai lanchas, motos aquáticas e banhistas nos fins de semana. Bichos também ficaram verdes -a Folha viu pelo menos um pato e um cachorro com essa cor.
Quando em contato com a pele, a alga causa irritação e até queimaduras em pessoas que entram na água
"Uma bióloga ficou afastada por dois meses devido à queimadura pelo contato com esse biofilme", afirma.
Segundo Zappia, o fenômeno costumava ocorrer duas vezes ao ano, em julho e outubro, durava cerca de duas semanas e ocupava um pequenas áreas da represa. Normalmente, a chuva e a circulação de água no reservatório dissipavam o material.
Mas diante da estiagem e do forte calor dos últimos meses, a mancha não se dissipou e passou a aumentar de tamanho desde outubro. Ela diminui a quantidade de oxigênio na água e, se atingir toda a lagoa, pode causar a morte de peixes.
Segundo o biólogo, o fenômeno sempre ficava restrito às margens e nunca com a mancha desse tamanho.
Há duas semanas, parte da mancha passou a ser detectada após a barragem, já no rio Piracicaba, no ponto de captação do departamento de água de Americana.
"Quando há concentração de poluentes e vazão baixa, a potabilidade e a manutenção da vida aquática correm risco", diz Francisco Lahóz, secretário-executivo do Consórcio PCJ (que reúne prefeituras e empresas da região).
CANTAREIRA
O fenômeno está relacionado à crise do sistema Cantareira, que abastece diretamente 8,8 milhões de pessoas na Grande SP e indiretamente 5,5 milhões no interior.
Os reservatórios são formados pelo represamento dos rios Atibaia e Jaguari, que formam o Piracicaba logo depois de Salto Grande.
Os rios estão recebendo 3 m³/s de água do Cantareira, mas o Consórcio PCJ afirma que seriam necessários 12 m³/s durante a estiagem.
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