sábado, 12 de abril de 2014

Querem tudo de graça. Manifestantes acampam em frente à prefeitura do Rio após desocupação


12/04/2014 09h48

Grupo formado por cerca de 100 pessoas espera por moradia.


Edifício reintegrado no Subúrbio do Rio tinha cerca de 5 mil ocupantes.





Do G1 Rio

Após desocupação do prédio da Oi, grupo acampa em frente à Prefeitura do Rio. (Foto: Matheus Rodrigues / G1)Após desocupação do prédio da Oi, grupo acampa em frente à Prefeitura do Rio.
Um grupo de manifestantes acampava em torno de 9h20 deste sábado (12) em frente ao prédio da Prefeitura do Rio, no Centro da cidade. Segundo a Polícia Militar, cerca de 100 ex-ocupantes do edifício da Oi no Engenho Novo, Subúrbio do Rio estão no local desde 15h desta sexta-feira (11).

De acordo com os manifestantes, cerca de 600 pessoas dormiram em frente à prefeitura após a reintegração de posse. Eles alegam que ficarão no local até que sejam recebidos por alguma autoridade municipal ou estadual e reinvindicam uma opção de moradia.

"Fomos tratados como se não fossemos nada, a polícia retirou a gente sem nenhum cuidado. Vamos ficar aqui até sermos ouvidos por alguém, não temos onde morar. É um absurdo a situação que a gente está passando aqui. Tem criança e idoso deitado em sacos plásticos", declarou uma das líderes do movimento, Perla Soares, de 32 anos.

"Ontem foi terrível. Fomos arrancados da nossa moradia da maneira menos adequada. Os policiais falaram para nós 'ou sai, ou sai'. Só deu tempo de pegar um ventilador e algumas sacolas. Eu tive que sair com a roupa do corpo.  Meu filho tem dois meses, quem me ajudou a tirar ele com segurança foi a população", contou Carlos Alessandro, de 34 anos.

 
Carlos Alessandro, 34 anos, aguarda autoridades com o filho de dois meses. (Foto: Matheus Rodrigues / G1) 
Carlos Alessandro, 34 anos, aguarda autoridades
com o filho de dois meses

Reintegração
 
A Polícia Militar deu início à reintegração de posse do terreno por volta das 4h45 desta sexta-feira. No local, chamado de "Favela da Telerj", ocupantes ergueram casas improvisadas durante 13 dias de ocupação. A ação da polícia começou pacífica. Moradores se reuniram atrás de um cordão de isolamento e saíram sem reagir.​


No entanto, a situação ficou tensa depois que alguns moradores começaram a atear fogo dentro do prédio, às 6h45. Em seguida, um confronto entre policiais militares e ocupantes provocou uma grande correria. A ação da polícia cumpre decisão judicial do dia 4, que determinou a saída das pessoas que ocupam o terreno da Oi.

No confronto com a PM, pelo menos 18 pessoas ficaram feridas, entre elas, 9 policiais militares e três crianças. De acordo com a polícia, 27 pessoas foram detidas — sendo 21 suspeitos de participar do saque ao supermercado. Destes, quatro foram presos. Às 13h27, entretanto, a maioria havia sido liberada, já que não houve flagrante.

Depois da reintegração, vândalos promoveram depredações. Não se sabe se eles faziam ou não parte do grupo que ocupava o terreno. Quinze ônibus foram atingidos (quatro deles, queimados), outros três veículos foram incendiados (entre eles um carro da polícia) e pelo menos três agências bancárias foram depredadas. Um supermercado foi invadido e saqueado, e um veículo de uma emissora de televisão também foi atacado.

Barracos derrubados
 
Aproximadamente 1.650 policiais do 3º BPM (Méier), do Batalhão de Operações Especiais (Bope) e do Batalhão de Choque (BPChq) foram mobilizados para a retirada dos ocupantes do imóvel. Os policiais anunciaram, por meio de um megafone, que os habitantes seriam levados em ônibus e caminhões para abrigos da prefeitura.


Segundo estimativa de moradores, até a noite de quinta-feira (10) havia cerca de 5 mil pessoas no local. Os moradores fizeram ligações clandestinas de energia elétrica e pegaram água das cisternas.

Pessoas que estavam no prédio alegaram que não têm condições de pagar aluguel. Por isso, teriam deixado comunidades como a do Jacarezinho, Rato Molhado e pontos da Baixada Fluminense para ocupar a área.

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