A
oposição parlamentar, política, partidária, raramente incomoda o PT. O
partido quer calar é a oposição que se ouve e se vê. Ela está nas redes
sociais, nessa miríade de mensagens, imagens e textos que circulam e
recirculam, alcançando um universo ilimitado de pessoas.
A
presidente Dilma convocou o camarada Franklin Martins novamente para a
guerrilha da comunicação social. Ele vai comandar a campanha petista na
imprensa e nas redes. Franklin havia dirigido a comunicação nos
governos petistas e é possível que tenha sido responsável por todas as
perguntas não feitas - eu disse não feitas - a Lula pelos
jornalistas brasileiros nos últimos 12 anos. Coube-lhe, por bom tempo,
lidar com a distribuição de verbas publicitárias federais à mídia
nacional. Tal prática sempre se revelou excelente para estimular a
autocensura nos meios de comunicação. Coincidência ou não, as últimas
semanas foram marcadas por demissões de conhecidos jornalistas que
vinham merecendo destaque nacional e cujos comentários alcançam elevados
índices de reprodução nos arquivos do YouTube.
Enquanto o PT viaja com a serenidade de uma pedra de curling,
batedores à frente, preparando o terreno, a oposição fala em microfones
de plenário que quase ninguém escuta. Digam o que disserem os
parlamentares nas duas casas do Congresso, ninguém na mídia nacional, dá
bola para essas tribunas. E não é de hoje. Há bom tempo a oposição fala
para paredes surdas e ouvidos moucos. Nada tem a oferecer. Não tem
cargos, nem verbas, nem maioria. Em quase nada influi.
É
muito provável que você, leitor, se surpreenda com a apatia
oposicionista. Pois isso que constata é consequência do que acabei de
descrever. A oposição parlamentar, política, partidária, raramente
incomoda o PT. O partido quer calar é a oposição que se ouve e se vê.
Ela está nas redes sociais, nessa miríade de mensagens, imagens e textos
que circulam e recirculam, alcançando um universo ilimitado de pessoas.
Ela está, também, na voz, na imagem e na palavra escrita de um número
crescente de formadores de opinião, acadêmicos, escritores, intelectuais
que chegam até você por diversas maneiras. É essa oposição não
partidária, que é política mas não é alinhada, que incomoda o PT. É
contra ela que se dirigem as tentativas de regular, regulamentar e, em
palavras mais objetivas, controlar o que circula junto à opinião
pública.
Para realizar tal tarefa surge no cenário o personagem mais macabro da comunicação social brasileira, o redator do tétrico manifesto divulgado durante o sequestro do embaixador Burke Elbrick, onde escreveu:
Para realizar tal tarefa surge no cenário o personagem mais macabro da comunicação social brasileira, o redator do tétrico manifesto divulgado durante o sequestro do embaixador Burke Elbrick, onde escreveu:
"Este ato (...) se soma aos inúmeros atos revolucionários já levados a cabo: assaltos a bancos, nos quais se arrecadam fundos para a revolução, tomando de volta o que os banqueiros tomam do povo e de seus empregados; ocupação de quartéis e delegacias, onde se conseguem armas e munições para a luta pela derrubada da ditadura; invasões de presídios, quando se libertam revolucionários, para devolvê-los à luta do povo; explosões de prédios que simbolizam a opressão; e o justiçamento de carrascos e torturadores. Na verdade, o rapto do embaixador é apenas mais um ato da guerra revolucionária, que avança a cada dia e que ainda este ano iniciará sua etapa de guerrilha rural."
Pois é esse mesmo personagem que, agora, transformado em próspero profissional da comunicação social, passa a trabalhar para a candidata Dilma Rousseff, com enorme influência nas verbas publicitárias do governo. Certamente não é por acaso que jornalistas não cabresteados pelo Planalto começam a bater pé nas calçadas em busca de novos locais de trabalho.
10 de abril de 2014
Percival Puggina
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