Leio
nos jornais de hoje que a deputada federal paulista, Mara Gabrilli,
está sendo cotada, por alas do PSDB, para ser a vice-presidente na chapa
de Aécio Neves. É mulher, é de São Paulo e não tenham medo de falar,
por favor, tem um outro diferencial a ser considerado: é portadora de
deficiência física e representa mais 45 milhões de brasileiros que
também o são. Leio que um acidente de trânsito deixou a deputada Mara
tetraplégica, em 1994.
Sua
luta para sobreviver foi emocionante e sua dedicação à política,
posteriormente, uma lição de cidadania. Basta ler a página a ela
dedicada na Wikipedia. Ontem,
ao olhar esta mulher desafiando Gilberto Carvalho, com a calma dos
honestos e a precisão dos justos, pensei: por que não?
Ao
olhar os números do IBGE e descobrir que 63% das mais de 13 milhões de
pessoas com alguma dificuldade motora são mulheres, pensei: por que não?
Ao lembrar da rampa do Palácio do Planalto, cuja acessibilidade deveria
ser estendida a todas as ruas e prédios deste país, pensei: por que
não?
Mara
Gabrilli, sem dúvida alguma, faria a diferença para dezenas de milhões
de brasileiros que lavariam a alma subindo aquela rampa com ela.
A deputada Mara Gabrilli concedeu a entrevista abaixo, ao Broadcast Politico do Estadão:
Broadcast Político - O seu nome está sendo cotado para ser vice na chapa de Aécio Neves nessas eleições presidenciais. Houve algum convite formal?
Mara Gabrilli - Ontem
eu tive um convite, mas pra ser vice-líder da bancada (do PSDB na
Câmara dos Deputados). Agora, com relação à chapa do Aécio, estou lendo
em alguns lugares sobre isso, mas não conversei com o senador a
respeito.
BP - Como defensora das causas humanitárias, a senhora tem participado das discussões do seu partido com vistas às eleições 2014?
Mara - Tenho discutido temas pontuais, propostas que defendo, mas não trato de estratégia eleitoral.
BP - A senhora aceitaria o desafio de ser vice na chapa presidencial do PSDB?
Mara - Nunca
pensei sobre isso, mas fico muito lisonjeada, de ver meu trabalho ser
reconhecido. Agora, se tiver um convite formal, eu tenho que pensar, que
estudar, ver o que o cargo exige. Eu não estou neste caminho para ser
uma articuladora política, claro que se eu me dedicar, isso pode
acontecer.
BP - E qual é o seu papel na política?
Mara - O
meu papel é muito claro, estou na política para melhorar a vida das
pessoas com deficiência. Acredito que se você melhora a vida das pessoas
com deficiência em uma cidade, a vida de todas as pessoas melhora. Sou
muito focada nisso.
BP - Mas há a possibilidade de aceitar um eventual convite?
Mara - Imagina
um cargo dessa envergadura, Aécio é eleito, tem de viajar, aí o vice
assume a Presidência do País... nunca planejei isso. Mas, é claro que
não vou falar (se o convite for formalizado) 'nunca', que dessa água não
beberei. Mas eu tenho um projeto específico para estar na política.
BP - Qual a importância de um candidato a vice em uma campanha?
Mara - É
um papel muito importante, acho que agrega demais. Por exemplo, uma
vice como (a ex-senadora) Marina Silva (na chapa do pessebista Eduardo
Campos) agrega afeto, confiança, uma espécie de sentimento de guardiã
das boas causas. Não sinto isso com o Temer (o peemedebista Michel
Temer, que deve ser novamente o vice na chapa de Dilma Rousseff).
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