Especilistas: após seca recorde o ecossistema do reservatório vai sofrer
Publicado: 6 de abril de 2014 às 10:36
A seca nos rios e reservatórios do Sistema Cantareira e a utilização
de bombas de sucção para captar a água do fundo das represas (o chamado
volume morto), para evitar o racionamento, vão desestruturar todo o
ecossistema desses mananciais, com prejuízos ainda incalculáveis e
permanentes para algumas espécies da fauna e da flora.
Peixes vão desaparecer, aves e outros animais migrarão. Esses e
demais organismos vivos do bioma passarão por transformações biológicas e
comportamentais, provocadas pela seca severa fora de época do verão de
2014. Problema que será potencializado com a captação do volume morto do
Cantareira.
Num efeito em cascata, toda cadeia alimentar das vidas dos mananciais vai mudar. “A alteração que essa queda de volume de água nos rios e represas e a possibilidade de se mexer no volume morto do Cantareira podem provocar nesse meio ambiente é sem precedentes e só poderá ser avaliada no futuro”, afirma a bióloga e professora da Universidade Metodista de Piracicaba (Unimep) Silvia Regina Gobbo.
Os níveis dos reservatórios do Cantareira atingiram ontem 13% – pior índice desde que foram construídos. Nos rios da bacia do Piracicaba, Capivari e Jundiaí (PCJ), que forma o sistema, a baixa vazão já provoca alterações.
Em fevereiro foi registrada a mortandade de cascudos no Rio Camanducaia, na altura de Amparo. A espécie é uma das mais resistentes e vive no fundo dos mananciais.
“O que aconteceu em Piracicaba também foi um exemplo do que pode ocorrer com a soma de poluentes, rios em baixo nível e calor”, afirma Dejanira de Franceschini de Angelis, professora do Instituto de Biociências da Universidade Estadual Paulista (Unesp), de Rio Claro.
Com menor quantidade de água, a temperatura aumenta, acelerando a queima de oxigênio. Sem oxigênio, os mais fracos são os primeiros a morrer. A especialista em toxicidade da Unesp afirma que a situação é de aumento de poluentes com reflexos imediatos.
Laudo da Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb), obtido pelo jornal O Estado de S. Paulo, aponta que foi essa combinação de baixa vazão do rio – que de uma média de 240 mil litros por segundo caiu para 14 mil l/s – com o revolvimento do fundo do curso d’água, causado por uma pancada de chuva de dois dias, que provocou a mortandade de 20 toneladas de peixes.
Entre as espécies,
estão dourado, corimba e piapara.
Nos últimos 5 anos, aumentou de 23 para 49 o registro de mortandade de peixes ao ano nos rios da bacia do PCJ, segundo a Cetesb. “Antes tinha peixes grandes. Hoje não se pega mais nada, só lambari”, afirma Rubens Godoy, de 82 anos, conhecido como “guardião” do Rio Atibaia.
Por isso, especialistas ouvidos pelo Estado afirmam que drenar a água do volume morto vai mexer o fundo da represa, concentrado de poluentes, e alterará o ecossistema.
“Toda vez que há uma mudança no ambiente, as espécies são obrigadas a se adaptar para sobreviver. Algumas somem”, afirmou a professora da Faculdade de Biologia da PUC-Campinas Luiza Ishikawa Ferreira. (Ricardo Brandt/Agência Estado)
Num efeito em cascata, toda cadeia alimentar das vidas dos mananciais vai mudar. “A alteração que essa queda de volume de água nos rios e represas e a possibilidade de se mexer no volume morto do Cantareira podem provocar nesse meio ambiente é sem precedentes e só poderá ser avaliada no futuro”, afirma a bióloga e professora da Universidade Metodista de Piracicaba (Unimep) Silvia Regina Gobbo.
Os níveis dos reservatórios do Cantareira atingiram ontem 13% – pior índice desde que foram construídos. Nos rios da bacia do Piracicaba, Capivari e Jundiaí (PCJ), que forma o sistema, a baixa vazão já provoca alterações.
Em fevereiro foi registrada a mortandade de cascudos no Rio Camanducaia, na altura de Amparo. A espécie é uma das mais resistentes e vive no fundo dos mananciais.
“O que aconteceu em Piracicaba também foi um exemplo do que pode ocorrer com a soma de poluentes, rios em baixo nível e calor”, afirma Dejanira de Franceschini de Angelis, professora do Instituto de Biociências da Universidade Estadual Paulista (Unesp), de Rio Claro.
Com menor quantidade de água, a temperatura aumenta, acelerando a queima de oxigênio. Sem oxigênio, os mais fracos são os primeiros a morrer. A especialista em toxicidade da Unesp afirma que a situação é de aumento de poluentes com reflexos imediatos.
Laudo da Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb), obtido pelo jornal O Estado de S. Paulo, aponta que foi essa combinação de baixa vazão do rio – que de uma média de 240 mil litros por segundo caiu para 14 mil l/s – com o revolvimento do fundo do curso d’água, causado por uma pancada de chuva de dois dias, que provocou a mortandade de 20 toneladas de peixes.
Nos últimos 5 anos, aumentou de 23 para 49 o registro de mortandade de peixes ao ano nos rios da bacia do PCJ, segundo a Cetesb. “Antes tinha peixes grandes. Hoje não se pega mais nada, só lambari”, afirma Rubens Godoy, de 82 anos, conhecido como “guardião” do Rio Atibaia.
Por isso, especialistas ouvidos pelo Estado afirmam que drenar a água do volume morto vai mexer o fundo da represa, concentrado de poluentes, e alterará o ecossistema.
“Toda vez que há uma mudança no ambiente, as espécies são obrigadas a se adaptar para sobreviver. Algumas somem”, afirmou a professora da Faculdade de Biologia da PUC-Campinas Luiza Ishikawa Ferreira. (Ricardo Brandt/Agência Estado)
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