Pela primeira vez desde que deixou o Palácio do Planalto, há 12 anos, Fernando Henrique Cardoso terá um depoimento seu levado ao ar como trunfo de uma campanha presidencial do PSDB.
A participação de FHC será exibida no programa nacional de seu partido, última janela de exposição para o nome dos tucanos na disputa presidencial deste ano, o senador Aécio Neves (MG).
A propaganda também será o teste de fogo para a equipe de comunicação que fará a campanha de Aécio, comandada pelo publicitário Paulo Vasconcelos.
Segundo a Folha apurou, FHC gravou suas declarações na semana passada, em São Paulo. O ex-presidente não falará de sua gestão nem defenderá seu legado. Seu discurso será uma reflexão sobre o futuro do país.
A decisão de levar FHC para a TV foi do próprio senador. Aécio disse a interlocutores que o partido não pode ter "medo" de fazer uma leitura política correta e "altiva" de seu passado, nem "vergonha" de nada que fez.
De acordo com pessoas próximas ao mineiro, ele tratou a exibição de Fernando Henrique como uma deferência pessoal ao ex-presidente, principal defensor de seu nome dentro e fora do partido para a eleição deste ano.
Em 2002, 2006 e 2010, as campanhas dos tucanos José Serra e Geraldo Alckmin optaram por limitar a exposição de FHC a imagens. O tema se tornou tabu em eleições nacionais. Há dois anos, porém, na campanha para a Prefeitura de São Paulo, Serra começou a reabilitá-lo.
FHC deixou o governo em 2002 com baixa popularidade. Hoje, os tucanos avaliam que a imagem dele se recuperou do desgaste e que o ex-presidente vive o seu melhor momento.
Há ainda a expectativa de que a associação de Aécio a FHC envie uma mensagem de "confiança" ao mercado financeiro. O resgate da exposição do tucano virá acompanhado de um discurso crítico sobre os rumos da economia do país e a crise que se instalou em sua principal empresa pública, a Petrobras.
De acordo com pesquisa Datafolha divulgada no último fim de semana, 65% dos entrevistados acreditam que a inflação aumentará, e 63% consideram que Dilma fez menos pelo país do que dela se esperava. Na avaliação da campanha tucana, esse é o ponto a ser explorado logo no início das inserções de rádio e TV.
Pesquisas internas do partido também mostraram que as diversas acusações de má gestão e corrupção na Petrobras afetaram diretamente a imagem da presidente. A expectativa é que o próprio Aécio fale sobre o caso na propaganda do partido.
As peças do PSDB serão exibidas em cadeia nacional de rádio e TV a partir de amanhã. O partido abrirá seu bloco publicitário com a apresentação de inserções (três vezes por semana) e encerrará com a exibição do programa nacional, com duração de dez minutos, no dia 17. Haverá capítulo para "apresentar" Aécio e sua biografia política, e tentar diminuir seu desconhecimento.
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