segunda-feira, 7 de abril de 2014

PP de Mario Negromonte, ex-ministro de Dilma, é ligado a doleiro preso


Corrupção 
 
Ex-ministro de Dilma envolvido em doações intermediadas por doleiro 
 


Publicado: 7 de abril de 2014 às 8:04 
 
Por: Diario do Poder

Documentos da Operação Lava Jato da Polícia Federal mostram que o doleiro Alberto Yousseff teria intermediado doações de empresas fornecedoras da Petrobras para deputados e diretórios do PP e para o PMDB de Rondônia nas eleições de 2010, segundo revela reportagem do jornal O Estado de S. Paulo. 

O deputado Mario Negromonte (PP-BA), ex-ministro das Cidades do governo Dilma, está entre os evolvidos. O doleiro, que é sócio do deputado André Vargas (PT-PR), está preso desde o dia 17, por suspeita de comandar um esquema de lavagem de dinheiro. Yousseff ainda é investigado por suas ligações com o ex-diretor da Petrobrás Paulo Roberto Costa, também detido pela PF.


dep Mario Negromonte
Ex-ministro de Dilma recebeu doações intermediadas por Youssef

As negociações foram flagradas pela PF com a quebra de sigilo de e-mails do doleiro. Em um dos endereços eletrônicos atribuído a Yousseff ele trata das doações com representantes das empresas Queiroz Galvão e Jaraguá Equipamentos, ambas fornecedoras da Petrobrás em empreendimentos como a construção da refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco. A PF acusa Costa de corrupção passiva em relação a esse projeto da estatal.

Os interlocutores de Yousseff são Othon Zanoide de Moraes Filho, diretor-geral de desenvolvimento comercial da Queiroz Galvão, e Cristian Silva, da Jaraguá. Ambos tratam com o doleiro de dados bancários e emissão de recibos das contribuições eleitorais.

Cruzamentos feitos pelo Estado mostram correspondência entre os valores mencionados nos e-mails com o montante declarado pelos beneficiários à Justiça Eleitoral. O PP nacional aparece em uma conversa entre Yousseff e Moraes em 17 de agosto de 2010 como destinatário de uma doação de R$ 500 mil que deveria se registrada em nome da Vital Engenharia, empresa que faz parte do grupo Queiroz Galvão. 

O diretório aparece em outra troca de e-mails entre os dois como beneficiário de R$ 2,040 milhões. Ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE), o PP relata ter recebido R$ 2,240 milhões da Vital Engenharia e R$ 500 mil da Queiroz Galvão.

O PP baiano foi outro agraciado com doações da construtora que aparece nos documentos da investigação. O diretório é presidido pelo deputado Mário Negromonte, ex-ministro das Cidades e apontado como um dos padrinhos da indicação de Costa na diretoria da Petrobrás. Por e-mail, o executivo cobra de Yousseff um recibo de doação de R$ 500 mil. No TSE, há duas doações de R$ 250 mil cada.

O mesmo ocorre com o diretório pernambucano do PP. O executivo pede recibo para uma doação de R$ 100 mil. Na Justiça Eleitoral constam três doações – uma é de R$ 100 mil.

Parlamentares. Deputados do PP também são citados nos e-mails do doleiro. Nelson Meurer (PR) foi beneficiário de R$ 500 mil, Roberto Teixeira (PE) recebeu R$ 250 mil e Roberto Britto (BA) ficou com R$ 100 mil. Todos declararam esses valores ao TSE. Aline Corrêa (SP) aparece em uma mensagem como beneficiária de R$ 250 mil. No total, ela declarou R$ 350 mil. Aline é filha do ex-presidente do PP Pedro Corrêa, condenado no processo do mensalão.

Também condenado no processo, Pedro Henry (MT) é citado pelo doleiro como beneficiário de R$ 100 mil. O valor foi declarado ao TSE. O deputado é ainda beneficiário de uma doação da Jaraguá. E-mail enviado por Cristian Silva informa os dados da empresa que devem constar no recibo. A doação registrada no TSE é de R$ 100 mil.

Além dos diretórios do PP, o regional de Rondônia do PMDB é citado nos e-mails de Yousseff. Presidente licenciado em Rondônia, o senador Valdir Raupp está a frente do diretório nacional em virtude da licença do vice-presidente da República, Michel Temer. A doação referida nos e-mails é de R$ 300 mil. 

A prestação de contas do diretório regional informa o recebimento de R$ 500 mil da construtora. Um dos recibos é de R$ 300 mil.

Presidete do PP diz não conhecer Yousseff – O presidente do PP, senador Ciro Nogueira (PI), manifestou “surpresa” com a revelação de que o doleiro Alberto Yousseff intermediou doações ao partido. Ele ressaltou que não comandava a legenda na época das doações, mas afirmou que o PP está à disposição para prestar quaisquer informações que forem requeridas pelos órgãos que investigam o caso.

“É uma surpresa. É uma figura que eu não conheço. O que posso dizer é que o partido está disposto a prestar todo o auxílio a todas as instituições que tratam do caso. Não vou fazer prejulgamentos”, disse o senador. “Temos interesse em esclarecer tudo porque isso pode prejudicar a imagem do partido. Caso tenha ocorrido algum desvio, isso tem de ser apurado”, complementou.


Presidente do PP da Bahia, o deputado Mário Negromonte negou que tenha havido atuação de Yousseff na captação de recursos para o partido “Não existe intermediação através do Alberto Yousseff. A intermediação foi com a empresa. Sou pernambucano e conheço muita gente da Queiroz Galvão”, afirmou.

O deputado Nelson Meurer (PP-PR) afirmou que a doação foi recebida após um pedido feito por ele ao diretório nacional do partido. “Eu fiz a solicitação ao partido. Até me ligaram para dizer que a Queiroz Galvão só faria a doação de forma legal e eu respondi dizendo que era justamente o que eu queria. Foi tudo pelo partido”, disse o deputado ao jornal O Estado de S.Paulo.

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