Em sua coluna
de hoje na Folha, Reinaldo Azevedo comenta sobre o ato bárbaro de
linchamento de uma mãe de família inocente por moradores do Guarujá,
tudo por conta de boatos que circularam pelas redes sociais. A análise
do jornalista vai na mesma linha do que já disse por aqui: não adianta
buscar um único culpado ou bode expiatório, quando sabemos que a
barbárie sempre fez parte da natureza humana e que a internet é apenas
uma nova tecnologia que ou dissemina mais esse tipo de coisa, ou torna a
informação sobre seu acontecimento mais universal.
Dito isso, se há alguma coisa que, ainda
que não seja a única responsável, sem dúvida é um agravante ou
estimulante, esta é a impunidade somada ao clima de desordem e anomia do
país. O estado existe para cumprir algumas funções básicas, com escopo
limitado. Quando ele se mete a fazer de tudo, inclusive ser empresário e
também Robin Hood, naturalmente ele deixará de lado tais funções
precípuas.
Temos estado demais no petróleo, e de
menos na segurança pública. Estado demais na energia elétrica e de menos
em educação (não recursos, mas qualidade). Estado demais no setor
bancário e de menos no saneamento. Ou seja, o Brasil possui um estado
gigantesco, com enormes tentáculos, mas que é ausente ou incompetente
justo nas áreas mais importantes e que poderiam explicar a necessidade
de sua existência.
Com mais de 50 mil homicídios por ano e
muitos deles sem solução na justiça, o clima de impunidade permeia. Os
“tribunais populares” surgem neste vácuo de poder, e muitos começam a
acreditar que é legítimo “fazer justiça com as próprias mãos”. A
civilização dá lugar à barbárie.
Por fim, como Reinaldo Azevedo reconhece e
como já disse aqui também, o próprio governo do PT acaba estimulando
isso, ao endossar criminosos sob o manto da “justiça social”. “Não se
iludam”, diz Reinaldo, “quem flerta com depredadores do bem público, com
invasores da propriedade alheia e com incendiários da ordem democrática
– leu bem, presidente Dilma? – está dando uma piscadela a linchadores. É
a maçã envenenada da desordem”.
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