Muitas operações, inclusive na região de fronteira, deixaram de ser feitas nos últimos anos em todo Estado, por falta de recursos à PF (Polícia Federal).
Ontem a categoria realizou uma paralisação de 24 horas em todo o País e não descarta uma greve durante a Copa do Mundo.
De acordo com o vice-presidente do Sindicato dos Policiais Federais,
Alberto Domingos, a estrutura está defasada há anos. “A falta de efetivo
é um dos menores pontos que temos atualmente na PF. Há mais de sete
anos enfrentamos problemas com corte no orçamento, dificultando a ação
dos policiais. Tivemos delegacias, na região Oeste inclusive, que
operações foram canceladas por falta de combustível”. ...
Segundo Domingos, nos últimos dois anos a situação tem se tornado pior,
uma vez que todas as reivindicações feitas não foram atendidas. “Com
certeza o trabalho fica prejudicado e acabamos ‘deixando a desejar’.
Talvez seja do interesse do Governo Federal que a Polícia Federal fique
realmente parada, por isso falta tudo. E isso é, no mínimo, estranho”.
Além da falta de combustível, Domingos comentou que até mesmo os
pagamentos das diárias dos policiais que estão em operação são
repassados com atraso. “É incrível que para as operações não tem verba
mas para a Copa do Mundo tem”.
Questionado a respeito de um posicionamento do Governo por conta da
paralisação e possibilidade de greve, Domingos disse que os policiais
têm defasagem salarial de sete anos sem nenhum reajuste. “O que eles nos
oferecem é 15,8% de reposição, mas isso é de apenas um dos sete anos. O
Governo não quer se responsabilizar e não faz cumprir os termos de
acordo quanto as melhorias na estrutura, reposição salarial e também na
reestruturação dos cargos”. Caso a greve da PF venha a se concretizar,
as zonas fronteiriças serão as mais afetadas, já que o efetivo será
ainda mais reduzido.
Além da falta de combustível, a Ponte da Amizade, uma das principais
portas de entrada de produtos do tráfico ao Brasil, acaba sofrendo pelo
efetivo insuficiente das diversas esferas.
A situação fica ainda mais caótica quando há prisões e apreensões na
fronteira com o Paraguai. A aduana chega a ficar sem servidores públicos
da PRF (Polícia Rodoviária Federal), por mais de cinco horas, quando há
encaminhamentos de criminosos flagrados em situação irregular. Tempo
suficiente para a entrada de armas, drogas, explosivos e contrabando ao
lado brasileiro, distribuídos para todo o restante do País.
Um caso registrado no fim do mês passado comprova a precariedade da
segurança pública, que deixa as fronteiras totalmente desguarnecidas. Em
23 de abril, um Ford Ranger, furtado em Cascavel, foi recuperado na
Ponte da Amizade. O veículo dirigido por um paraguaio foi encaminhado
pelos inspetores da PRF até a delegacia. Enquanto o registro da
recuperação era feito, a aduana ficou totalmente livre para quem chegava
ao lado brasileiro.
O exemplo é repetido a cada prisão no trecho. Uma ação civil pública
garantiu um efetivo mínimo na fronteira, porém, os servidores que
arriscam a vida diariamente concordam que o número de trabalhadores
envolvidos na contenção de criminosos é insuficiente. “Graças a uma ação
civil pública, hoje temos um efetivo mínimo na fronteira. Mas
precisaríamos de muitos mais homens trabalhando para que consigamos
reduzir ainda mais os números de acidentes e aumentar o número de
apreensões”, ressalta Marcos Cesar Bonache, da Delegacia da PRF de Foz
do Iguaçu.
Questionado a respeito da possibilidade de greve por parte da Polícia
Federal, Bonache disse que se ela realmente for desencadeada, vai
prejudicar bastante o trabalho. “Sabemos da insatisfação dos policiais
federais com o Governo Federal, mas se a greve se concretizar, teremos
mais dificuldade para atuar não só na fronteira, mas em todo País”.
BPFron também enfrenta problemas para agir
A falta de aparelhagem impede as ações também no Rio Paraná. O abandono
do Governo Federal fez com que o Estado tivesse que suprir essa
deficiência, ainda mais na região de fronteira. No ano passado, o BPFron
(Batalhão de Polícia Militar de Fronteira) obteve três embarcações por
meio da Enafron (Estratégia Nacional de Segurança Pública nas
Fronteiras), e outros equipamentos, que custaram mais de R$ 1,5 milhão.
Por falta de preparo, as embarcações sequer foram utilizadas em
operações. O Pelotão Cobra, assim batizado pela Polícia Militar, foi
considerado uma nova modalidade policiamento de fronteira aquático, no
Lago de Itaipu e no Rio Paraná. Porém, desde outubro do ano passado,
quando as embarcações chegaram, não houve apreensões por parte da
equipe.
Fonte: Portal da Fenapef - 09/05/2014 - - 14:50:45
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