FOLHA DE SP - 09/05
Manifestantes entram no jogo; resta saber se baque político e econômico será como o de 2013
COMO ERA previsto, há greves e manifestações mais ou menos tumultuadas nessa janela de oportunidade política aberta pela confluência de início do período de Copa e de campanha eleitoral.
Vai piorar? Se piorar, que efeito haverá sobre a economia? Note-se que o Junho de 2013 foi um baque adicional na confiança de consumidores e empresários, que vinha despencando desde os meses finais de 2012.
O encadeamento de microprotestos terá efeito daninho no prestígio de Dilma Rousseff, como foi o caso dos protestos de 2013? As manifestações vão transbordar e se aglutinar? Vitórias do Brasil no futebol vão amainar o ânimo manifestante?
O leitor desculpe tanta especulação aberta. Mas tais perguntas são apenas parte do rol de dúvidas a respeito dos desdobramentos políticos e econômicos deste ano, com o que se pode concluir que está muito cedo para fazer prognósticos sobre eleição.
É um despropósito dizer que o país está um tumulto, mas a exposição midiática diária de protestos convulsionados, ainda que localizados, e os transtornos no trânsito e na vida de cidades como São Paulo e Rio não devem melhorar um clima que já não andava bom. Mais difícil de estimar é o objeto e o tamanho da irritação. Pode até ser que a maioria da população fique fula com os grupos ora minoritários que protestam. Ou até se revoltar com tudo e todos, governo federal, estadual, prefeituras.
De mais notório e visível, nesta semana, houve passeatas relevantes de professores paulistanos em greve, o protesto de ontem em São Paulo dos sem-terra (MST) e dos sem-teto (MTST) contra empreiteiras da Copa, e essa confusa greve parcial de dissidentes do rodoviários no Rio.
Há mais greves e ameaças programadas pelo Brasil, várias delas no funcionalismo. Não se trata de uma onda de paralisações com jeito de confluir num movimento maior qualquer. São movimentos isolados e oportunistas, no sentido mais neutro da palavra: trata-se de um bom momento para negociar de modo mais duro.
A "imagem do Brasil" na Copa, a ameaça de cortar serviços essenciais neste momento e a eleição próxima obviamente aumentam o poder de barganha de sindicatos e outros movimentos sociais. O pessoal que liderou o protesto de ontem, por exemplo, conseguiu ser recebido pela presidente Dilma Rousseff.
Os candidatos da oposição, porém, continuam sem conversar com essa rua barulhenta.
OUTRO MUNDO
Empresas, bancos e governos pegaram uma dinheirama lá fora neste início de ano. Tomaram emprestado, "captaram", US$ 22,5 bilhões até abril, mais que o dobro "captado" no mesmo quadrimestre do ano passado (US$ 10,7 bilhões).
Empresas, na maioria grandes, ficaram com quase 78% disso. O dinheiro no mundo ainda está barato. Pode ser que não esteja em 2015. Mas é inegável que empresa brasileira boa está com certo prestígio lá fora (o que significa que, numa perspectiva de médio prazo, o Brasil ainda não está desprestigiado).
Tal dinheirama e as intervenções do Banco Central, porém, estão barateando o dólar, barateando demais para um país que gasta além da conta, aqui e lá fora. Isso vai dar problema.
Manifestantes entram no jogo; resta saber se baque político e econômico será como o de 2013
COMO ERA previsto, há greves e manifestações mais ou menos tumultuadas nessa janela de oportunidade política aberta pela confluência de início do período de Copa e de campanha eleitoral.
Vai piorar? Se piorar, que efeito haverá sobre a economia? Note-se que o Junho de 2013 foi um baque adicional na confiança de consumidores e empresários, que vinha despencando desde os meses finais de 2012.
O encadeamento de microprotestos terá efeito daninho no prestígio de Dilma Rousseff, como foi o caso dos protestos de 2013? As manifestações vão transbordar e se aglutinar? Vitórias do Brasil no futebol vão amainar o ânimo manifestante?
O leitor desculpe tanta especulação aberta. Mas tais perguntas são apenas parte do rol de dúvidas a respeito dos desdobramentos políticos e econômicos deste ano, com o que se pode concluir que está muito cedo para fazer prognósticos sobre eleição.
É um despropósito dizer que o país está um tumulto, mas a exposição midiática diária de protestos convulsionados, ainda que localizados, e os transtornos no trânsito e na vida de cidades como São Paulo e Rio não devem melhorar um clima que já não andava bom. Mais difícil de estimar é o objeto e o tamanho da irritação. Pode até ser que a maioria da população fique fula com os grupos ora minoritários que protestam. Ou até se revoltar com tudo e todos, governo federal, estadual, prefeituras.
De mais notório e visível, nesta semana, houve passeatas relevantes de professores paulistanos em greve, o protesto de ontem em São Paulo dos sem-terra (MST) e dos sem-teto (MTST) contra empreiteiras da Copa, e essa confusa greve parcial de dissidentes do rodoviários no Rio.
Há mais greves e ameaças programadas pelo Brasil, várias delas no funcionalismo. Não se trata de uma onda de paralisações com jeito de confluir num movimento maior qualquer. São movimentos isolados e oportunistas, no sentido mais neutro da palavra: trata-se de um bom momento para negociar de modo mais duro.
A "imagem do Brasil" na Copa, a ameaça de cortar serviços essenciais neste momento e a eleição próxima obviamente aumentam o poder de barganha de sindicatos e outros movimentos sociais. O pessoal que liderou o protesto de ontem, por exemplo, conseguiu ser recebido pela presidente Dilma Rousseff.
Os candidatos da oposição, porém, continuam sem conversar com essa rua barulhenta.
OUTRO MUNDO
Empresas, bancos e governos pegaram uma dinheirama lá fora neste início de ano. Tomaram emprestado, "captaram", US$ 22,5 bilhões até abril, mais que o dobro "captado" no mesmo quadrimestre do ano passado (US$ 10,7 bilhões).
Empresas, na maioria grandes, ficaram com quase 78% disso. O dinheiro no mundo ainda está barato. Pode ser que não esteja em 2015. Mas é inegável que empresa brasileira boa está com certo prestígio lá fora (o que significa que, numa perspectiva de médio prazo, o Brasil ainda não está desprestigiado).
Tal dinheirama e as intervenções do Banco Central, porém, estão barateando o dólar, barateando demais para um país que gasta além da conta, aqui e lá fora. Isso vai dar problema.
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