A
boa notícia para o Congresso e, em certa medida, para o Brasil é que os
que reprovavam o trabalho do Legislativo em agosto de 2013 eram 42% e,
agora, são “apenas” 34%. É claro que não é um número bom e que muita
gente por lá dá mau exemplo. Mas não sei se pode ser muito diferente.
Tendo a
achar que a ação dos políticos é mal avaliada em todos as democracias do
mundo — ainda que as sem-vergonhices em solo nativo possam ser maiores
do que as de outros lugares. Especialmente nestes tempos de redes
sociais, com todo mundo devidamente armado de seu “meio particular de
comunicação”, as chances de expressão de descontentamentos são
gigantescas.
Esse é o
espírito do tempo. Mas há mais do que isso. Dado o tamanho do estado
brasileiro; dado o tamanho do Executivo brasileiro; dados os
superpoderes de que dispõe o governo brasileiro, é impossível o
Congresso ter uma avaliação muito diferente dessa aí.
Não que o
Poder seja apenas vítima. Há, sim, muitos larápios por lá, mas os há em
toda parte. O problema é que o Legislativo no Brasil existe para ficar
de pires na mão. As relações de troca fazem parte da própria natureza do
processo. Quem nomeia os cargos da “estatal X”? O deputado ou senador
“Y”. Quem indica a cúpula do “Ministério Tal”? O parlamentar “qual”. E
assim por diante. O mesmo se dá com a distribuição de verbas do
Orçamento.
Atenção! Não existe Legislativo eficiente com um estado desse tamanho! Ele será sempre um Poder subordinado, a manter com o Executivo uma relação corrompida, ainda que possa não ser, em muitos casos, corrupta. A avaliação do Congresso é sempre ruim, mesmo quando a do presidente da República está nos píncaros da glória. E, no entanto, convenham: o Parlamento que mais envergonha o povo é justamente aquele que vive de joelhos, certo? Aliás, não me parece acidental que a avaliação tenha melhorado um pouco justamente quando o prestígio da presidente não anda lá essas coisas…
Por Reinaldo Azevedo
Atuação do Congresso é reprovada por um terço dos brasileiros
Na Folha Online. Comento no próximo post.
Pouco mais de um terço dos brasileiros
(34%) avalia a atuação do Congresso Nacional como ruim ou péssima. E já
foi pior. Em agosto de 2013, na pesquisa anterior do Datafolha sobre o
parlamento, a taxa de reprovação alcançava 42%. A redução de oito pontos
na má avaliação não significa um aumento do percentual de aprovação do
trabalho dos deputados federais e dos senadores. O índice dos que julgam
a atuação dos congressistas como boa ou ótima praticamente não mudou.
Apenas oscilou de 13% para 14%.
A título
de comparação, a presidente Dilma Rousseff tem hoje 35% de avaliação
positiva. É o segundo pior índice da petista desde a posse, em janeiro
de 2011 -acima apenas dos 30% apurados logo após os protestos de junho
de 2013. Mesmo assim, o governo Dilma tem mais que o dobro da aprovação
do Congresso. A avaliação do Congresso Nacional varia pouco conforme as
regiões do país, o porte do município do entrevistado, sua idade ou
religião.
Destoa um
pouco entre os mais escolarizados e os mais ricos. No grupo dos que têm
ensino superior, a reprovação chega a 45%. Já o índice mais baixo de
aprovação está entre os que têm renda familiar mensal acima de 10
salários mínimos, o recorte mais alto da amostra. Nesse universo, só 8%
julgam o trabalho dos congressistas como bom ou ótimo.
(…)
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